As Chaves do Reino

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CAPÍTULO 37

DAR DE COMER - DAR DE BEBER - MINHA CARNE E MEU SANGUE

Necessitamos refletir sobre a qualidade de nossa nutrição espiritual pois é ela a responsável pelo vigor de nossos movimentos intelectomorais, nas frentes de aprendizado e testemunho da vida física.

Nas lições do Evangelho do Mestre, Ele proclama ser "o pão da vida" (JO 6:48), e confessa que "a minha comida é fazer a vontade daquele que me enviou, e realizar a sua obra" (JO 4:34). Dentro dessa perspectiva eminentemente espiritual, vamos definindo, para nossa orientação e salvaguarda íntima, dois aspectos da maior relevância. O primeiro, o fato de que Jesus se nutria do que vem de Deus, Sua augusta vontade, que é o Amor supremo do Universo. O segundo, a constatação de que Jesus constitui, para a evolução da Terra, o manancial de recursos que alimenta os seres carentes de experiência e valor moral.

Para fugir da natureza fundamentalista, que faz do Excelso Amigo um mito, e de Seu Evangelho uma plataforma fechada de interesses primários e constrangedores, por efeito de interpretações dogmáticas e personalistas, vamos encontrar o que Jesus vive e ensina de modo pleno - qual um sol de possibilidades, com os raios dadivosos dessa luz - em missionários que antecederam o Mestre e Senhor, em seus ensinos e proposições ajustados à época em que surgiram, como preparação do terreno, a fim de que Jesus pudesse interpretar a Lei: "Não cuideis que vim destruir a lei ou os profetas; não vim ab-rogar mas cumprir" (MT 5:17).

Compreendendo que a primeira vinda de Jesus é informativa, quando seus ensinos adentram nossa estrutura de alma, desafiando posturas e desejos, expressando aquela "espada" que termina decepando aspirações mais comuns e vícios acalentados, quando O consideramos por Mestre e Senhor no processo evolutivo do orbe, a segunda vinda, ou seja, seu retorno, se dá conforme Ele descreveu no "Sermão profético": "E quando o Filho do homem vier em sua glória, e todos os santos anjos com ele, então se assentará no trono da sua glória; e todas as nações serão reunidas diante dele, e apartará uns dos outros, como o pastor aparta dos bodes as ovelhas" (MT 25:31-32). A segunda vinda se efetiva com a renovação dos padrões morais do indivíduo, quando passa a operar positivamente no campo em que se encontra, mas com os instrumentos libertadores que o guindaram a novos ideais e a sentimentos que revelam o Amor, identificado nos exemplos do Cristo.

Quem se converte à Mensagem cristã deixa de exigir e de impor, pois a humildade é o alicerce de tudo o que Jesus fez pelo mundo, consoante podemos estudar desde seu nascimento até a sua desencarnação, nos braços da cruz. Jesus "desceu sem perder altura", e é esse movimento que caracteriza os Seus Mensageiros em todos os domínios da Terra.

Então, quem não opera a própria transformação moral, na base da compreensão dos infinitos degraus evolutivos existentes, não sabe o que é entregar-se à caridade salvadora: "Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três, mas o maior destes é o amor" (I Coríntios 13:13). E é por isso que, no texto do "Sermão profético", citado acima, vamos encontrar definido o dever de todos os que se convertem à luz cristã: "Senhor, quando te vimos com fome, e te demos de comer?

Ou com sede, e te demos de beber?" (MT 25:37). O assunto é tão intrigante e sublime, que vincula o amor que desejamos devotar a Jesus ao próximo, ao semelhante. Nas linhas genuínas do Cristianismo puro está a comunhão fraternal com os elementos que se nos aproximam pelas circunstâncias. Mas basta refletir um pouco para descobrir nisso uma cadeia de harmonia e promoção da vida. Enquanto vivíamos sem rumo, esgotados, infelizes, desajustados, atormentados escravizados, foi uma circunstância que nos apresentou Jesus (um livro, uma palestra, um exemplo de alguém, um sonho revelador, um passe, um olhar etc.), e, conhecendo a Verdade (quantos não puderam ver Jesus em Sua harmonia e plenitude nos estudos doutrinários do Espiritismo?), chega-nos o alimento que nos revigora e passa a nos nutrir para uma vida sempre mais alta e mais bela. É exatamente isso que o próximo espera de nós, pois o semelhante é o representante de Jesus (oportunidade a nós concedida para consolidação de nossos propósitos crísticos): "Em verdade vos digo que, quando o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes" (MT 25:40). "Dar de comer" e "dar de beber", no símbolo da "carne" e do "sangue" é o testemunho objetivo que caracteriza uma reencarnação a serviço do Amor de Deus. O pão e o vinho são alimentos que simbolizam a dinâmica transformadora. Desde a semente até o trigo, e da trituração do trigo até o forno ardente, para que o pão seja alimento à mesa temos a exaltação do "sacrifício". Com o vinho, o mesmo ocorre, desde a videira, a colheita, a maceração das uvas para extração do suco, o acondicionamento desse sumo no processo de fermentação até o ponto ideal.

Podemos figurar o "pão", chamado por Jesus de "carne" ("Tomai comei, isto é o meu corpo" - MT 26:26), como sendo a estrutura doutrinária formada por seus exemplos reveladores dos Princípios universais - a Verdade da vida. E vamos considerar o "vinho", chamado pelo Mestre de "sangue" ("Isto é o meu sangue" - MC 14:24), como sendo a essência dinamizadora, o conteúdo marcadamente espiritual que dá vigor ao "corpo", aos testemunhos. Temos, aí conjugados espírito e corpo, ideal e realização.

E o que a Doutrina Espírita propõe na atualidade, como nova Revelação? Algo diferente do Evangelho? Não; é o próprio Evangelho!

Logo, a proposta de hoje é essa segunda vinda de Jesus, que não se dá com o Senhor vindo de cima, mas com o nosso reencontro com Ele nas faixas horizontais de nossas experiências do dia a dia. É nesse processo que vamos cooperar com o Alto, e aplicar o que o próprio Mestre nos ensinou: "Porque a minha carne verdadeiramente é comida, e o meu sangue verdadeiramente é bebida" (JO 6:55).



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João 6:55

Porque a minha carne verdadeiramente é comida, e o meu sangue verdadeiramente é bebida.

jo 6:55
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João 4:34

Jesus disse-lhes: A minha comida é fazer a vontade daquele que me enviou, e realizar a sua obra.

jo 4:34
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Mateus 5:17

Não cuideis que vim destruir a lei ou os profetas: não vim ab-rogar, mas cumprir.

mt 5:17
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Mateus 25:37

Então os justos lhe responderão, dizendo: Senhor, quando te vimos com fome, e te demos de comer? ou com sede, e te demos de beber?

mt 25:37
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Mateus 25:40

E, respondendo o Rei, lhes dirá: Em verdade vos digo que, quando o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes.

mt 25:40
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Mateus 26:26

E, quando comiam, Jesus tomou o pão, e, abençoando-o, o partiu, e o deu aos discípulos, e disse: Tomai, comei, isto é o meu corpo.

mt 26:26
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Mateus 25:31

E quando o Filho do homem vier em sua glória, e todos os santos anjos com ele, então se assentará no trono da sua glória;

mt 25:31
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Mateus 25:32

E todas as nações serão reunidas diante dele, e apartará uns dos outros, como o pastor aparta dos bodes as ovelhas;

mt 25:32
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Marcos 14:24

E disse-lhes: Isto é o meu sangue, o sangue do Novo Testamento, que por muitos é derramado.

mc 14:24
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