As Chaves do Reino

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CAPÍTULO 6

APASCENTAR AS OVELHAS - DERRAMAR O SANGUE

A precisão informativa da Terceira Revelação resgata os fundamentos legítimos das Leis Divinas, permitindo, ao estudioso indene de paixões e tendências, o usufruto de raciocínios lógicos, sensatos e intrinsecamente consoladores.

Por mais proclamemos que a Doutrina dos Espíritos labora e propõe a fé raciocinada, perceberemos que o componente essencial da fé é a intuição, que verte dos sentimentos mais puros da individualidade.

A clareza doutrinária do Consolador assinala, sem sofismas, que a autoridade do Espírito somente se positiva quando ele sai das áreas da sintonia e da afinidade que vigem no mundo espiritual e imerge na carne, pelo processo da reencarnação, a fim de se experimentar nos domínios regidos pela "lei dos contrários", onde será permanentemente "bombardeado" por propostas e induções de toda natureza, para aprender a selecionar e resistir, fixando os valores de sua iluminação pessoal.

Para essa azáfama moral, o processo de incursão na carne estabelece a "quebra" de seu domínio sobre si mesmo, no denominado "esquecimento do passado", embora saibamos que, intuitivamente, e com o apoio de amigos e benfeitores espirituais, cada reencarnante recebe amparo e revigoramento para o cumprimento ideal de suas metas evolutivas, anteriormente planificadas.

Quando se estuda no Espiritismo acerca da Lei de Sociedade, e o Codificador, sob a tutela do Alto, confirma serem as relações sociais a "pedra de toque" do progresso dos seres, entendemos a afirmativa do Espírito Emmanuel, de que o lar é o "centro essencial de nossos reflexos". Não conhecemos ainda na Terra algum núcleo ou congênere que retire do lar e das linhas de vinculação familial o poder essencial de laboração dos caracteres que libertem a alma, capaz de projetar os valores intrínsecos do ser aos padrões de elevação desejados.

Confirmando esse caminho natural de projeção evolutiva do Espírito recordamos Jesus ressuscitado, após o jantar com os discípulos indagando por três vezes de Pedro se este o amava. Note-se que, nas três perguntas feitas (JO 21:15-17), o Mestre repete o termo "filho de Jonas", em insistente afirmação do processo reencarnatório, que ensejava a Pedro as suas experiências de discípulo da Boa-nova, para em seguida, determinar: "Apascenta as minhas ovelhas".

O exemplo de Jesus, tomando um corpo de carne e deixando derramar o Seu sangue por amor e abnegação à humanidade, é marco inapagável de luz, santificando as relações interpessoais no plano terrestre.

Incorporando o "Filho do homem", Jesus demonstra que será pelo sacrifício pessoal que atingiremos a pureza do amor, pois deixaremos as querelas do interesse pessoal, para que esse ser renovado (o mencionado "Filho do homem"), que se apresenta como a resultante dos nossos esforços evolutivos - legítimo gestor da proposta que efetiva o "nascer do Espírito" no corpo físico –, apascente os corações e faça prevalecer a harmonia da paz entre todos, pois não haverá mais duelo de egos, mas bom senso. Quando o homem comum começa, por orientação do Amor Divino já pressentido intimamente, a se sacrificar nos seus interesses pessoais e a testemunhar o bem em favor dos semelhantes, sai do isolacionismo do ego e adentra o universo do "Espírito de Verdade", que o Espiritismo apresenta ao mundo, pois, por efeito de sintonia e afinidade, o ser entra, espontaneamente, nas faixas de trabalho do Cristo. Passando a cooperar na obra de auxílio aos outros, considerando que guarda a partir de então, as credenciais do amor, exercita seus dons de sentimento fraternal, do qual surgem as poderosas vibrações que a tudo elevam e sublimam.

É por esse mecanismo que ocorrem as desvinculações de natureza expiatória e provacional, transferindo as experiências para os territórios da genuína fraternidade universal.

Capacitando-nos nessa iniciação para a vida abundante, vamos ler na Epístola de Paulo aos hebreus, os fundamentos dessa conversão espiritual, em que o Cristo desativa o interesse pessoal, que sempre transfere para o exterior o que, em espírito e verdade, deve se dar por dentro de nós, qual seja, o derramamento do próprio sangue, que simboliza a existência do indivíduo consumida na obra do amor aos semelhantes, conforme Jesus exemplificou: "Mas, vindo Cristo, o sumo sacerdote dos bens futuros, por um maior e mais perfeito tabernáculo não feito por mãos, isto é, não desta criação, nem por sangue de bodes e bezerros, mas por seu próprio sangue, entrou uma vez no santuário havendo efetuado uma eterna redenção" (Hebreus 9:11-12).



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Hebreus 9:11

Mas, vindo Cristo, o sumo sacerdote dos bens futuros, por um maior e mais perfeito tabernáculo, não feito por mãos, isto é, não desta criação,

hb 9:11
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Hebreus 9:12

Nem por sangue de bodes e bezerros, mas por seu próprio sangue, entrou uma vez no santuário, havendo efetuado uma eterna redenção.

hb 9:12
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João 21:15

E, depois de terem jantado, disse Jesus a Simão Pedro: Simão, filho de Jonas, amas-me mais do que estes? E ele respondeu: Sim, Senhor; tu sabes que te amo. Disse-lhe: Apascenta os meus cordeiros.

jo 21:15
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João 21:16

Tornou a dizer-lhe segunda vez: Simão, filho de Jonas, amas-me? Disse-lhe: Sim, Senhor; tu sabes que te amo. Disse-lhe: Apascenta as minhas ovelhas.

jo 21:16
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João 21:17

Disse-lhe terceira vez: Simão, filho de Jonas, amas-me? Simão entristeceu-se por lhe ter dito terceira vez: Amas-me? e disse-lhe: Senhor, tu sabes tudo; tu sabes que eu te amo. Jesus disse-lhe: Apascenta as minhas ovelhas.

jo 21:17
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