As Chaves do Reino

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CAPÍTULO 7

AS DOZE TRIBOS - O ALFA E O ÔMEGA

Reconhecendo, nas estruturas da Doutrina dos Espíritos, os instrumentos intelecto-morais que o Senhor nos disponibilizou através de Allan Kardec, para usufruto pessoal, tendo em vista o desenvolvimento de nossa inteligência na denominada "co-criação em plano menor" e "em plano maior", sentimo-nos livres e relativamente autorizados a realizar a "pesca de luzes celestiais" nos documentos das revelações genuínas.

À luz do Princípio "Evolução" - lucidamente explorado pelas obras espíritas, desde a Codificação até o Espírito André Luiz, na psicografia de Francisco Cândido Xavier –, vamos compreender a didática divina utilizada pelos Mensageiros do Cristo, a fim de dinamizar, nas mentes e nos corações, o despertamento para a verdade superior, tanto nos códigos dessas revelações, quanto nos "sinais" que, individual e coletivamente, surgem de trecho a trecho do caminho, nas eras e civilizações que se sucedem no tempo.

As doze tribos, formadas pelo contingente humano do povo hebreu expressam, na linguagem do Antigo e do Novo Testamento, um resumo de caracteres existentes na humanidade. Em todas as referências que remontam ao número doze ou às tribos de Israel, nota-se uma linguagem figurada do Alto, com ressonâncias práticas na existência de incontáveis Espíritos. Num estudo sério e devidamente cotejado a partir de princípios lógicos e vivazes, entendemos que o número doze significa "completude", "universalidade". Recordamos aqui os doze meses que perfazem um ano de nosso calendário, os doze signos do Zodíaco, os doze discípulos de Jesus e tantas outras referências semelhantes.

Essa equação simbológica do "doze", em seu sentido universalista, está intimamente associada, em termos de proposta, de "sinal" inteligente e sintético, para falar de questões abrangentes, à afirmativa que se lê no livro Apocalipse, de João: "Eu sou o Alfa e o Ômega, o princípio e o fim, diz o Senhor, que é, e que era, e que há de vir, o Todo-poderoso" (Apocalipse 1:8).

Pelo prisma da evolução espiritual, em que a reencarnação, sob a regência da Lei de Causa e Efeito, estabelece todo um concerto de probabilidades para as almas ainda carentes de iluminação e de virtudes, entende-se que "o que era, agora é, e vai tornar a ser", pois diz respeito a gradações diferenciadas, tangendo o despertamento mental das individualidades em trânsito pelos mundos da Amplidão. Para ilustração do tema, observamos o orgulho de Saulo de Tarso ("o que era") convertendo-se em fibra moral para suportar as lutas em defesa e para divulgação do Evangelho ("o que é"), alcançando, por fim, como Paulo, o que ele próprio confessa, ao dizer "[... ] e vivo, não mais eu mas Cristo vive em mim" (Gálatas 2:20), ou seja, "o que há de vir".

Encontramos, na vida de Paulo de Tarso, as três faces da Lei Divina - Justiça, Amor e Caridade –, como está explanado na parte terceira de O livro dos Espíritos, de Allan Kardec.

O entendimento doutrinário do processo evolutivo em sua abrangência demonstrando a harmonia do Universo criado por Deus e manifesta com amor e sabedoria, no "livre-arbítrio" dos seres, o qual obedece à somatória das experiências trilhadas ou bem absorvidas por cada um através de suas incursões reencarnatórias - quando há associação do Espírito com a matéria de modo mais fechado, mais específico para "abertura" de estruturas psíquicas e, consequentemente, para "fixação" de valores que se convertem, na intimidade da criatura, em senso moral –, nos capacita a ver, nas "escolhas" e nas "tendências" que os semelhantes ou nós mesmos apresentamos, fases ou ciclos de atividade sensorial, dotando-nos de autonomia e de consciência cada vez mais dilatadas sobre os temas que nos ocupam as mentes e os corações.

Quanto mais experiências a individualidade soma, mais discernimento e amplitude de ideias e de escolhas ela possui. Nesse capítulo salientamos que a "sombra", sinônimo de ignorância e incapacidade interior, prende o Espírito a vivências mais primitivas, tanto quanto o expõe a riscos de escravização e decepções diversas. Já no caso da denominada "treva", vamos encontrar os Espíritos viciosos, que poderiam, por vontade própria, superar tendências inferiores e evitar escolhas danosas à sua evolução, mas não o fazem por vaidade, por orgulho, por presunção, por egoísmo, por vingança. Esses últimos alimentam, por inversão de valores, as faixas trevosas que intentam dominar o mundo material, através da escravização de seres condicionando suas mentes a necessidades e "direitos" ilusórios que não apresentam lastro moral em seu comportamento. É daí que surgem esquemas maléficos, cidadelas personalistas em governos, em instituições, nos lares, durando às vezes milênios.

Cientes desses conceitos, que fazem parte da "abrangência", da "universalidade" proposta na linguagem simbólica das "doze tribos" dos "doze discípulos", do "eu sou o Alfa e o Ômega" etc., vamos entender, embora com certa tristeza e até receio, a existência da treva que agride, que ameaça, que prova e até faz "expiarem" corações que, incautamente ou calculadamente, "caem" vibratoriamente em suas malhas, como um componente desafiador do bem, para exaltá-lo na percepção dos envolvidos. Por isso, por mais complexo e desafiador pareça um quadro social, no plano pessoal, precisamos valorizar o que é imortal, definitivo: o bem sempre vencerá o mal! "Eu, porém, vos digo que não resistais ao mal" (MT 5:39) significa a consciência de que o coração votado ao mal é sempre um instrumento essencial para resolver determinadas dificuldades cristalizadas no íntimo dos que, aparentemente, são tidos por vítimas. Em essência esses equivocados, os quais nutrem as propostas trevosas, são agentes de profundas transformações pessoais e sociais. Foram eles que levantaram na história os mártires e os santos e são responsáveis por fomentarem estados de "saturação" nas almas, que passam a não querer e a não suportar mais os desvios e os desmandos morais. Não pela guerra contra os maus, mas pela elevação de seus ideais, saem as criaturas, definitivamente, da órbita do "mal", pois não mais se envolvem ou se deixam ser vítimas desses infelizes irmãos. Não o combate à treva, mas a busca de recursos de superação, seja no perdão seja na execução dos próprios deveres, com abnegação e humildade louvando ao Senhor!

Tudo o que ocorre na Terra está no plano mental das entidades purificadas e amorosas que ajudam Jesus a governar o orbe, de modo que qualquer ação nefasta ou infeliz está dentro de um campo de aprendizado pessoal e globalizado, definindo a perfeita Justiça do Pai a caminho do "vir a ser", quando haverá sublimação do vício e surgirá uma força operacional de grande valor para a comunidade inteira.



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Gálatas 2:20

Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne vivo-a na fé do Filho de Deus, o qual me amou, e se entregou a si mesmo por mim.

gl 2:20
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Apocalipse 1:8

Eu sou o Alfa e o Ômega, o princípio e o fim, diz o Senhor, que é, e que era, e que há de vir, o Todo-poderoso.

ap 1:8
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Mateus 5:39

Eu, porém, vos digo que não resistais ao mal; mas, se qualquer te bater na face direita, oferece-lhe também a outra;

mt 5:39
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