O Caminho do Reino

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CAPÍTULO 11

COMEMORAÇÃO DOS PECADOS

Sob a ótica do Evangelho do Cristo, a Lei, operada de modo universal e codificado desde o recebimento das Tábuas no Monte Sinai, jamais poderia dar ao Espírito em processo de evolução pelas reencarnações o galardão de "Filho de Deus", na sua pujança de realizações. E por um motivo claro: a Lei corrige, prepara, implanta alicerces no aspecto de Justiça, que, em essência, autoriza a floração do amor (segundo João de Brito, em sua mensagem na obra Falando à Terra - Espíritos Diversos/Chico Xavier –, "o mal é, simplesmente, o Amor fora da Lei").

Esse estudo da Lei, a qual prepara mas não realiza, torna-se imprescindível a quem anseia se projetar aos terrenos dadivosos da felicidade, em que a espontaneidade define o modus vivendi do Ser.

Por esse entendimento logramos, na Terra, um proveito melhor das situações que nos colhem quando reencarnados, pois aprendemos a seletividade em termos de elevação e, naturalmente, a adequação nos inspira, retirando de nosso caminho os tropeços e choques oriundos do gênio, da personalidade ainda embrutecida, impositiva e exigente... É o que as anotações de Marcos, no 2 de 18 a 20 (MC 2:18-12), nos ensinam, quando registra: "Por que jejuam os discípulos de João e os dos fariseus, e não jejuam os teus discípulos?". A abstenção de euforia na vida, de alegria íntima diante das circunstâncias, o peso vibratório que geralmente a criatura suporta na existência são componentes do quadro expiatório e provacional que a Lei determina por caminho de aprendizado e de resgate ao reencarnante. São as situações que castram, mutilam, impedem, prendem, escravizam, castigam, subjugam ("Lançai, pois, o servo inútil nas trevas exteriores; ali haverá pranto e ranger de dentes" - MT 25:30), e que tão só a paciência e a aceitação operosa podem vencer.

A Lei instrui e marca as balizas morais na consciência, de modo que um elemento que colheu o fruto espinhoso de suas ações inconsequentes ("Espinhos e cardos, também, te produzirá" - Gênesis 3:18) geralmente teme aventurar-se naquele terreno, e pode mesmo cristalizar a mente e tornar-se avesso ou preconceituoso em relação ao seu passado ("Mas a que produz espinhos e abrolhos é reprovada, e perto está da maldição; o seu fim é ser queimada" - Hebreus 6:8). É nessa condição que surgem os fundamentalistas, os puritanos, pois não souberam retirar do sofrimento a lição e sublimá-la, mas entronizam, mentalmente, numa atitude até rebelde, o poder do mal, alimentando a ideia do "inimigo"...

O tema é tão fascinante e proveitoso que Paulo de Tarso, em sua Epístola aos Hebreus, desenvolve sublimes argumentos para demonstrar o papel de Jesus Cristo e de seu Evangelho como genuíno libertador ou salvador dos homens regidos pela Lei de Causa e Efeito ("Porque o Filho do Homem virá na glória de seu Pai, com os seus anjos; e então dará a cada um segundo as suas obras" - MT 16:27). Definindo os sacerdotes como homens fracos, os quais periodicamente necessitam se alimpar através das oferendas e que com isso comemoram, todo ano, o pecado, apresenta o Cristo como aquele que se deu, derramando não o sangue alheio, mas o próprio, em renúncia, humildade e sacrifício, para remissão dos pecados humanos: "Que não necessitasse, como os sumos sacerdotes, de oferecer cada dia sacrifícios, primeiramente por seus próprios pecados, e depois pelos do povo; porque isto fez ele, uma vez, oferecendo-se a si mesmo" (Hebreus 7:27). A Lei opera pela repetição, entre ações e reações, regulando a ordem universal na base da Justiça, mas o amor cobre a "multidão dos pecados": "Porque a lei constitui sumos sacerdotes a homens fracos, mas a palavra do juramento, que veio depois da lei, constitui ao Filho, perfeito para sempre" (Hebreus 7:28).

As práticas judaicas, oferecendo, a cada ano, no Templo, o sangue das pombas, dos bodes e dos touros como oferenda para purificação dos pecados pessoais ou coletivos, apresentam profunda simbologia do que ocorre através das reencarnações (individuais ou coletivas), quando assumimos, com aval dos benfeitores espirituais, tarefas de resgate e de sacrifícios para alimpar de nossas consciências as máculas adquiridas outrora, em desmandos morais ("Porque tendo a lei a sombra dos bens futuros, e não a imagem exata das coisas, nunca, pelos mesmos sacrifícios que continuamente se oferecem cada ano, pode aperfeiçoar os que a eles se chegam. Doutra maneira, teriam deixado de se oferecer, porque, purificados uma vez os ministrantes, nunca mais teriam consciência do pecado. Nesses sacrifícios, porém, cada ano se faz comemoração dos pecados" - Hebreus 10:1-3).

Com a vinda do Salvador, o Cristo de Deus, todos os processos lentos e sacrificiais operados pelas reencarnações de expiação e provas se resumem, ou são sintetizados, pela conversão sincera do coração à proposta do Amor exemplificado por Ele: "Mas, vindo Cristo, o sumo sacerdote dos bens futuros, por um maior e mais perfeito tabernáculo, não feito por mãos, isto é, não desta criação, nem por sangue de bodes e bezerros, mas por seu próprio sangue, entrou uma vez no santuário, havendo efetuado uma eterna redenção" (Hebreus 9:11-12).



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Hebreus 7:27

Que não necessitasse, como os sumos sacerdotes, de oferecer cada dia sacrifícios, primeiramente por seus próprios pecados, e depois pelos do povo; porque isto fez ele, uma vez, oferecendo-se a si mesmo.

hb 7:27
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Mateus 16:27

Porque o Filho do homem virá na glória de seu Pai, com os seus anjos; e então dará a cada um segundo as suas obras.

mt 16:27
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Gênesis 3:18

Espinhos, e cardos também, te produzirá; e comerás a erva do campo.

gn 3:18
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Hebreus 7:28

Porque a lei constitui sumos sacerdotes a homens fracos, mas a palavra do juramento, que veio depois da lei, constitui ao Filho, perfeito para sempre.

hb 7:28
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Hebreus 6:8

Mas a que produz espinhos e abrolhos, é reprovada, e perto está da maldição; o seu fim é ser queimada.

hb 6:8
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Hebreus 9:11

Mas, vindo Cristo, o sumo sacerdote dos bens futuros, por um maior e mais perfeito tabernáculo, não feito por mãos, isto é, não desta criação,

hb 9:11
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Hebreus 9:12

Nem por sangue de bodes e bezerros, mas por seu próprio sangue, entrou uma vez no santuário, havendo efetuado uma eterna redenção.

hb 9:12
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