O Caminho do Reino

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CAPÍTULO 9

O FILHO PRÓDIGO

A Parábola do Filho Pródigo é uma fonte de sublimes reflexões sobre o longo e tantas vezes penoso processo evolutivo, que guinda o Espírito, de sua condição "simples e ignorante", aos apogeus da sabedoria e do amor - condição dos puros Espíritos, que operam as Vontades do Criador na Criação.

Registrada no Evangelho de Lucas, no 15 de 11 a 32 (LC 15:11-32), o texto culmina no confronto dos dois irmãos: o mais novo (referência à condição ainda infante de um dos filhos) e o mais velho, que estava no campo e, chegando à casa, surpreende uma festa com música, dança e comida. Essa postura do filho que não deixou a casa paterna é um retrato fiel da "convenção", dos que, seguindo a Lei e não conseguindo interpretá-la em sua proposta essencial (absorver a lição de que é portadora), dogmatizam e se tornam rígidos, exigentes, preconceituosos, egoístas... A cristalização mental responde pelas "prisões" psicológicas e emocionais que escravizam as pessoas, tornando-as verdadeiros "azorragues de cordéis" (JO 2:15) - instrumentos de suplício para quem se enveredou nas malhas da expiação ou para quem necessita dar testemunho de tolerância e amor aos semelhantes de modo incondicional.

O filho mais velho da parábola ilustra o que o apego às convenções, por mais nobres elas sejam, pode fazer com o indivíduo. No processo evolutivo que nos é comum, "entrar" nas órbitas de condicionamento como as da reencarnação, da interpretação religiosa (igrejas, religiões) e mesmo da profissão ou dos relacionamentos interpessoais (mãe, pai, irmãos, amigos, amores) torna-se um dever, um imperativo do aprendizado cósmico, porque essas "gravitações", essas "vinculações" são meios efetivos de fazer desabrochar, em nosso íntimo, valores que dormitam, ainda desconhecidos ou não plenamente explorados.

Mas o grande salto para a Vida Eterna, ou seja, a real conquista, se dá quando o indivíduo, nesse processo de orbitação ou de vinculação, compreende e aceita, mesmo com algum sacrifício, que sempre chega a hora de "sair" do processo (quebra de vínculos, perda de recursos, mudança de rumos, desencarnação ou sublimação de sentimentos acerca do vínculo).

No estudo dos processos reencarnatórios, o filho mais novo alcança méritos pelo arrojo a que se dá: "E o mais moço deles disse ao pai: Pai, dá-me a parte dos bens que me pertence. E ele repartiu por eles a fazenda" (LC 15:12). Essa proposição é consciente, pois somos herdeiros de Deus, e o Criador espera nos movimentemos na Criação, para expansão dos potenciais que nascem d’Ele e que são dinamizados por nós, os Seus filhos ("cocriação": "Mas vós frutificai e multiplicaivos; povoai abundantemente a terra, e multiplicai-vos nela" - Gênesis 9:7). Quando o filho mais velho admoesta o Pai ("Eis que te sirvo há tantos anos, sem nunca transgredir o teu mandamento, e nunca me deste um cabrito para alegrar-me com os meus amigos"), assume a posição de servo comum, que opera pelo ganho, pelo negócio, e foge à condição do filho que comunga, que compartilha os bens do Pai.

Depreende-se daí que ele é a imagem de Caim, em nova versão, sob novo prisma ("Mas para Caim e para a sua oferta não atentou. E irouse Caim fortemente, e descaiu-lhe o semblante" - Gênesis 4:5). Esse filho mais velho se submetia à Lei, mas a Lei, por si, apenas prepara, não dá o galardão, porque todas as operações realizadas sob o guante da Lei condicionam, preparam (João Batista foi precursor de Jesus, preparava ele o Caminho), mas não plenificam: "Porque a lei constitui sumos sacerdotes a homens fracos, mas a palavra do juramento, que veio depois da lei, constitui ao Filho, perfeito para sempre" (Hebreus 7:28).

Em contrapartida à insatisfação e rebeldia do filho mais velho (o Caim reeditado em convenções, submetido à Lei, mas caprichoso e exigente como dantes), o Pai, com mansidão e incondicional amor, responde: "Filho, tu sempre estás comigo, e todas as minhas coisas são tuas; mas era justo alegrarmo-nos e folgarmos, porque este teu irmão estava morto, e reviveu; e tinha-se perdido, e achou-se" (LC 15:31-32). Num sublime testemunho do legítimo escopo do Evangelho (que é Amor), o Pai avoca a "ressurreição", o "cair em si" do filho mais novo, considerando que, pelo cumprimento da Lei (resgate, expiação, submissão ao que é correto), ele, o filho mais velho, já estava inserido nos santos propósitos da Vida Universal, enquanto o irmão, utilizando o livre-arbítrio, tomara caminhos duvidosos, perigosos e conseguira reencontrar a casa paterna por deliberação pessoal, num fechamento digno de ciclo evolutivo (despertamento da consciência).



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Hebreus 7:28

Porque a lei constitui sumos sacerdotes a homens fracos, mas a palavra do juramento, que veio depois da lei, constitui ao Filho, perfeito para sempre.

hb 7:28
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Lucas 15:11

E disse: Um certo homem tinha dois filhos;

lc 15:11
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Lucas 15:12

E o mais moço deles disse ao pai: Pai, dá-me a parte da fazenda que me pertence. E ele repartiu por eles a fazenda.

lc 15:12
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Lucas 15:13

E, poucos dias depois, o filho mais novo, ajuntando tudo, partiu para uma terra longínqua e ali desperdiçou a sua fazenda, vivendo dissolutamente.

lc 15:13
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Lucas 15:14

E, havendo ele gastado tudo, houve naquela terra uma grande fome, e começou a padecer necessidades.

lc 15:14
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Lucas 15:15

E foi, e chegou-se a um dos cidadãos daquela terra, o qual o mandou para os seus campos a apascentar porcos.

lc 15:15
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Lucas 15:16

E desejava encher o seu estômago com as bolotas que os porcos comiam, e ninguém lhe dava nada.

lc 15:16
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Lucas 15:17

E, tornando em si, disse: Quantos jornaleiros de meu pai têm abundância de pão, e eu aqui pereço de fome!

lc 15:17
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Lucas 15:18

Levantar-me-ei, e irei ter com meu pai, e dir-lhe-ei: Pai, pequei contra o céu e perante ti;

lc 15:18
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Lucas 15:19

Já não sou digno de ser chamado teu filho; faze-me como um dos teus jornaleiros.

lc 15:19
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Lucas 15:20

E, levantando-se, foi para seu pai; e, quando ainda estava longe, viu-o seu pai, e se moveu de íntima compaixão, e, correndo, lançou-se-lhe ao pescoço e o beijou.

lc 15:20
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Lucas 15:21

E o filho lhe disse: Pai, pequei contra o céu e perante ti, e já não sou digno de ser chamado teu filho.

lc 15:21
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Lucas 15:22

Mas o pai disse aos seus servos: Trazei depressa o melhor vestido, e vesti-lho, e ponde-lhe um anel na mão, e alparcas nos pés;

lc 15:22
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Lucas 15:23

E trazei o bezerro cevado, e matai-o; e comamos, e alegremo-nos;

lc 15:23
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Lucas 15:24

Porque este meu filho estava morto, e reviveu, tinha-se perdido, e foi achado. E começaram a alegrar-se.

lc 15:24
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Lucas 15:25

E o seu filho mais velho estava no campo; e quando veio, e chegou perto de casa, ouviu a música e as danças.

lc 15:25
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Lucas 15:26

E, chamando um dos servos, perguntou-lhe que era aquilo.

lc 15:26
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Lucas 15:27

E ele lhe disse: Veio teu irmão; e teu pai matou o bezerro cevado, porque o recebeu são e salvo.

lc 15:27
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Lucas 15:28

Mas ele se indignou, e não queria entrar. E, saindo o pai, instava com ele.

lc 15:28
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Lucas 15:29

Mas, respondendo ele, disse ao pai: Eis que te sirvo há tantos anos, sem nunca transgredir o teu mandamento, e nunca me deste um cabrito para alegrar-me com os meus amigos;

lc 15:29
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Lucas 15:30

Vindo, porém, este teu filho, que desperdiçou a tua fazenda com as meretrizes, mataste-lhe o bezerro cevado.

lc 15:30
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Lucas 15:31

E ele lhe disse: Filho, tu sempre estás comigo, e todas as minhas coisas são tuas;

lc 15:31
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Lucas 15:32

Mas era justo alegrarmo-nos e folgarmos, porque este teu irmão estava morto, e reviveu; e tinha-se perdido, e achou-se.

lc 15:32
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Gênesis 9:7

Mas vós frutificai e multiplicai-vos; povoai abundantemente a terra, e multiplicai-vos nela.

gn 9:7
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Gênesis 4:5

Mas para Caim e para a sua oferta não atentou. E irou-se Caim fortemente, e descaiu-lhe o seu semblante.

gn 4:5
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