Religião Cósmica

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CAPÍTULO 13

DINAMISMO DA VIDA

(Gálatas 6:7)

Embora a Doutrina dos Espíritos se apresente, em sua base, através de uma metodologia admirável e sem qualquer atavismo cultural de nossa História — como convinha a uma Revelação desse porte, considerando que essa Doutrina abre, para a Terra, de modo ordenado e universalista, os fundamentos da Regeneração —, muitos interessados, ao apreciá-la intelectualmente, seja por uma leitura normal ou por pesquisa mais periférica, não logram absorver-lhe a natureza cósmica e, por isso, harmônica, capaz de equacionar sem qualquer dissonância a obra da Criação a partir dos atributos tão bem delineados do Criador. Para além dos critérios geralmente utilizados para apreciação das ciências do mundo, o Espiritismo requer percepções que ultrapassem o racionalismo intelectual, eivado de presunção e preconceitos, para ser apreendido em sua integralidade, em sua expressão marcadamente espiritual.

É muito comum observarmos pessoas reduzindo proposições da Lei de Causa e Efeito como sendo "castigo", sem a conotação verdadeira de "oportunidade" de revisão, de expansão de potenciais anímicos, tanto quanto é corriqueiro enquadrar mediunidade entre fenômenos mecânicos ou meramente físicos, quando, em essência, mediunidade é expressão mais ostensiva e específica da interdependência, que é Lei universal, unindo Princípios e Seres numa complexa rede de trabalho e experimentação.

Essa apreciação mais grave e abrangente da sublime Revelação dos Espíritos é indispensável para que se alcance, filosoficamente e pela sensibilidade moral, a grandeza e o dinamismo perfeito da obra que engloba Princípios 1nteligentes e Seres Inteligentes, dentro das "malhas" admiráveis que se conjugam em expressão de densidade e sublimação, nascidas da energia divina em que somos acalentados, denominada por Allan Kardec "Fluido Cósmico ou Universal".

A expressão "do átomo ao arcanjo", tão conhecida pelos estudiosos espíritas na primeira obra da Codificação, consegue ilustrar o que desejamos dizer, pois o "átomo" é o ponto de partida, em mundos como a Terra, para o Princípio Espiritual ou Mônada Celeste, porque, na base da evolução, mormente no reino mineral — esse berço de recepção das potências divinas ainda em estado de gérmen psíquico —, vamos encontrálo fundido nessa elementar expressão de matéria, sem que esse Princípio possa se destacar do conglomerado em que se aninha e através do qual se revela embrionariamente. Porém, o "arcanjo" já sugere a expressão máxima da sublimação possível no orbe terráqueo, pois o conceito de arcanjo é, em essência, o do Espírito puro e livre do domínio material propriamente dito. Paulo interpretaria isso ao afirmar: "Semeia-se corpo animal, ressuscita-se corpo espiritual".

É para esse dinamismo que promove a vida infinita que chamamos a atenção dos nossos companheiros encarnados. Durante muitos anos, em abordagens filosóficas e morais dos fenômenos da existência, ouvíamos de alguns companheiros sua indignação quanto às expressões de escravização e sofrimento, promovidas pelo próprio homem sobre seus semelhantes, indispondo-os ao reconhecimento do amor de Deus na Terra, onde essas expressões abundam, aparentemente sem correção e sem justiça. Ocorre que, ao analisarmos as posições (escolhas e tendências) que florescem naturalmente no íntimo das criaturas, identificamo-las em seu nascedouro nos Princípios 1nteligentes que aderem às formas e mutações dos elementos minerais, como a demonstrarem o que assimilaram na "descida" do Criador aos mundos criados pelos executores das Vontades Divinas. Ativo e passivo, macho e fêmea, masculino e feminino, dia e noite, frio e quente, corajoso e tíbio são expressões de polaridade vibratória, que se agigantam em manifestações específicas no tempo. Essas "linhas" de manifestação da natureza intrínseca dos Elementos ou Seres em análise são determinantes para a atração das condições necessárias ao seu aperfeiçoamento ou despertamento. Sempre há compensação de forças ou energias quando, por efeito de gravitação universal, Elementos se combinam, mesmo em atrito, ou Seres se encontram, embora as incompatibilidades e desajustes aparentes. A área psicológica do mundo já nomeou essa dependência ou interdependência, ao sugerir os termos sadismo e masoquismo. Vamos percebendo que quem "bate", "fere", "humilha", "escraviza", adentra, por sua natureza ativa, o "campo" passivo dos que, circunstâncialmente ou ordinariamente, lhe recebem os golpes, induzindo-se a assimilar, em comprometimento inarredável, conteúdos que lhe faltam, para harmonização de suas potências em eclosão, ocorrendo o mesmo com o objeto de suas manifestações aparentemente desrespeitosas e injustas. Esse fenômeno dinâmico e harmonizador é manifestação da Lei de Amor, que se mostra, a princípio, como Causa e Efeito. Tudo se conjuga para fins de harmonia e perfeição no Cosmos. E, para isso, as condições se definem e se refundem, até que todos os processos dessa evolução consciencial se extingam pela irrestrita conversão da criatura ao Amor de Deus!



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Gálatas 6:7

Não erreis: Deus não se deixa escarnecer; porque tudo o que o homem semear, isso também ceifará.

gl 6:7
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