Religião Cósmica

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CAPÍTULO 14

DAR DE SI MESMO, MEDIUNIDADE E VIDA

(JO 15:13)

"Os exemplos de Jesus Cristo na Terra constituem o vigoroso templo da Verdade, onde o Amor oficia em louvor da Criação. Todos nós, que o antecedemos na busca da Verdade, o encontramos por luz inextinguível, pois nele a pureza alcança sua máxima expressão, e sua capacidade de ser com o Eterno nos permite antever e sentir a suprema Bondade e a imperecível Justiça. Todas as atribuições que recebemos na Terra ou pelo infinito dos mundos, para gáudio de nosso progresso e aperfeiçoamento, guardam, nos exemplos desse guia infalível, que vem acalentando a evolução dos terrícolas, o mais santo fundamento: o desprendimento, a abnegação, a doação plena de si aos interesses do Pai... ".

As palavras de Sócrates configuram, em aspecto universalista, o que aprendemos nas obras espíritas de valor moral inconteste.

Em verdade, o Mestre e Senhor de nossa evolução demonstrou a santidade do amor a serviço da vida que interessa a toda a comunidade terrena, com vinculações inquestionáveis a mundos outros da Amplidão. Se observarmos, em cotejamento paciente, os registros de sua vida e obra, através dos evangelistas, notaremos a suprema doação de um Espírito: perdoar incondicionalmente, servir sem exigências ou anseios de recompensa, não amontoar riquezas que se expõem a traças e atraem malfeitores, perseverar na Luz, cultivar a bondade, ultrapassar os limites dos julgamentos para socorrer os irmãos de caminhada, dar além do que nos pedem, orar pelos detratores, amparar adversários, premunir-se contra os ataques da treva, abençoar os caluniadores, fazer claridade por onde passar, apiedar-se dos doentes, apoiar a infância e a velhice, dividir o pão, oferecer a água fresca, apontar rumos novos aos enfermos da alma, não desencorajar os semelhantes, entregar-se em sacrifício pessoal pelo bem comum, crer verdadeiramente no poder divino, santificar-se nas boas obras, fugir aos primeiros lugares e às posições mais destacadas, ser útil sempre, perder a vida em favor do próximo, para ganhá-la em multiplicadas bênçãos...

Todas as providências sugeridas por Allan Kardec e pelos Espíritos Benfeitores em relação ao exercício mediúnico visam à educação da personalidade humana a caminho de novos horizontes. Estabelecem a disciplina e ordem, até que a devoção consciente se apresente na verve do médium, quando este passará a se doar sem contar arranhões, sem se impressionar com o êxito de seu trabalho ou com o peso vibratório das tarefas socorristas que leve a efeito.

O grande engano dos que dirigem e buscam formar médiuns para o trabalho regular nos grupos espíritas é enquadrar e delinear possibilidades medianímicas, porque esse tipo de ação, de intervenção conceitual, pode inutilizar a instrumentalidade ou mesmo inibir o sensitivo, sugerindo-lhe, por efeito de presunção num terreno complexo e mutante em que ninguém é mestre e senhor, o animismo, que pode se implantar no psiquismo mediúnico para atender às exigências de dirigentes e condutores encarnados.

Mediunidade é um estado de serviço entre dimensões distintas, a requisitar respeito e paciência dos interessados, a fim de que se colha espontaneamente aquilo que o médium e o grupamento em que se insere podem colher do mundo espiritual, para atender à faixa evolutiva e de comprometimento em que encarnados e desencarnados se situam.

A doação de si próprio não deverá se resumir a óbolos ofertados em nome da caridade, porque essa oferenda é beneficência. Doação de si mesmo é amor, é caridade. Ela ocorre quando, no silêncio do sacrifício pessoal, a criatura tudo suporta, tudo crê, em tudo serve, para que a bênção do Pai chegue aos filhos que dela necessitem. É o genuíno caminho redentor, vinculando o coração humano a Jesus. Se a fenomenologia impressiona, a abnegação converte. O médium por excelência não é um dínamo poderoso a impressionar curiosos e pesquisadores, é o instrumento da bondade, o pacificador generoso, é o amigo dos infortunados, a quem os mais infelizes e desviados podem recorrer, pois não haverá julgamento, nem exclusão, nenhuma exigência. Jesus se cercou de gente simples e humilde, abraçou em seu seio uma meretriz e fez dela a mensageira da Ressurreição, reverenciou a bondade de um político, enalteceu a fé de um pagão, aceitou a generosidade de um ortodoxo religioso e se fez tudo para todos, com o objetivo de salvar sempre. Nunca exigiu nada, jamais se impôs, a ninguém julgou, apenas serviu a Deus na pessoa dos semelhantes. Mediunidade é caminho de vida, se médiuns e orientadores doam, incondicionalmente, de si mesmos.



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