"E a terra era sem forma e vazia, e o Espírito de Deus pairava sobre a face do abismo... " — há milênios vindes estudando em vosso globo essa verdade relativa que vos foi legada por um profeta do Cristo. Ela se refere ao que os cientistas chamam de "buracos negros" na Astronomia moderna, e essa "matéria escura" encerra nos Espaços Siderais as zonas dos abismos transformadores, pois aí o que nomeais dor e sofrimento abunda, já que converge para esse aglomerado de mentes ainda insanas e desajustadas tudo o que deve ser destruído e desativado para fins de depuração e progresso... Os vossos campos de guerra ou mesmo os guetos de depravação moral onde predominam a viciação e o morticínio são, em expressão menor, verdadeiros "buracos negros"; mas crede, o Espírito de Deus "paira" sobre a face desses abismos, pois o determinismo da Criação é a pureza e a felicidade, já que a morte significa, para sempre, a decomposição das criações inferiores, as edificações dissonantes no concerto da vida universal... ".

Para entender as digressões profundas e esclarecedoras de Sócrates, lancemos mão de um daqueles momentos de expiação e prova que todos atravessamos periodicamente no mundo e que, de tão obscuros, as crises que se nos apresentam geram mais desafios e crises, lançando-nos a abismos de desesperança e frustração... Nada tem brilho, e uma prostração, se não reagimos vigorosamente, nos lança a depressões e mesmo ao pânico... Eis aí, em plano de relatividade, o "buraco negro" ou o "abismo" da citação bíblica, porque nossa terra íntima se encontra "sem forma e vazia"... Efetivamente, a inconformação e a revolta, a frustração e a mágoa cristalizadas operam em nós o poder destruidor em sentido moral, pois nada e ninguém conseguem agradar ou "compensar" o dano desse abismo que prevalece até o tempo em que o Espírito de Deus — a força da vida — nos inspire a renovação, mas em nova dimensão de percepções e buscas interiores... É a Lei de Destruição operando a renovação dos palcos, a caminho da unidade em nosso Pai...

Notemos que nenhum distúrbio de qualquer criatura em evolução pode alterar o governo supremo de Deus; daí seu Espírito, o supremo poder do amor e a suprema verdade, prevalecerem em tudo e por todos, eternamente.

Pertinente aos estudiosos da evolução essa associação dos "buracos negros" do Universo com os processos "escuros" de oclusão e desativação profunda que ocorrem intimamente com as almas em momento de crise renovadora de conceitos e vivências. O termo "abismo" tem um simbolismo muito próximo ao termo "infinito", ajudando-nos a perscrutar as possibilidades de ação e reação que parecem possuir uma escala imensurável para nós, os Espíritos de condição mediana, o que já não ocorre aos Espíritos puros, que dominam todas essas probabilidades e essa escala surpreendente que vai dos profundos abismos aos Céus inimagináveis e para nós desconhecidos.

Dentro de uma visão materialista, esse estudo dos "buracos negros" é desafiador e muitas vezes incompreensível, mas, se agregamos o Princípio Espiritual aos fenômenos, pela Lei de Unidade em Deus, alcançamos o âmago da proposta e identificamos as linhas essenciais que geram e mantêm aquele poder de gravidade que a tudo consome, mesmo a luz, para as dissociações de profundidade, em transformações inimagináveis que são, em verdade, a matéria-prima dos mundos em surgimento ou expansão. Se na Terra conhecemos, por revelação e por efeito de pressões contínuas sobre a Humanidade, a ação inquestionável de Espíritos trevosos - denominados "dragões" e estudados com equilíbrio e segurança por André Luiz em seu livro Libertação (psicografia de Chico Xavier) –, não imaginamos a expressão dos Seres que estabelecem, por sua conjugação mental, as zonas escuras e profundamente gravíticas do Espaço Sideral, com sua função de consumir e desagregar o que já cumpriu seu papel, para renovar os cenários da vida cósmica, qual a morte o faz ao destituir um corpo físico, obrigando o Espírito a deixar todo um reino transitório a caminho de novos horizontes, mais essenciais!