Religião Cósmica
Versão para cópiaLINGUAGEM UNIVERSAL
O pensamento humano, em razão das limitações que a constituição física impõe ao Espírito reencarnado, sofre geralmente os efeitos e as distorções do mundo conturbado em que se encontra. Forçada a pensar e a sentir como pensam e sentem os seus semelhantes, a criatura respira quase que os mesmos ideais e é conduzida a repetir o que todos fazem há milênios. Sem dúvida, são condicionamentos fixadores de caracteres, mas esses caracteres não são definitivos, daí o surgimento dos conflitos de ideias que tendem a se expressar em quebra de decoro existencial, nas expressões de levantes, revoltas, revoluções... O plano terreno ainda é espaço dos conflitos que são conflagrados desde as relações no lar, entre pares que trazem históricos dissonantes e até contrários um ao outro, avançando pelas condições inúmeras de vivência em grupos étnicos e pátrias, sem exclusão dos ambientes religiosos, que sofrem o mesmo processo de antagonismos personalistas de interesses e interpretações.
Para atenuar essa "saturação" a que se submetem todos os que necessitam se depurar moralmente até que mereçam, por capacitação pessoal, elevar-se a outros mundos mais harmônicos, a Providência Divina, valendo-se das potências anímicas em eclosão nos Seres, inspira e incentiva, por fatores circunstânciais e nunca de domínio individual - porque fruto de conjugação coletiva e eminentemente moral –, as artes e os ofícios que libertam a alma e fazem-na entrever as blandícias do Porvir... Uma mente escravizada aos sistemas de sobrevivência habituais é uma mente enferma, pois se cristaliza nas expressões de poder e de vantagens imediatas em que acredita, sem se permitir a relativa liberdade que as abstrações artísticas e culturais poderiam lhe proporcionar ao campo dos sentimentos, por alívio de tensões mentais em clima de competição desleal e inclemente. Essas incursões não se circunscrevem a teatro, cinema, jogos e espetáculos de música, mas incluem as relações interpessoais que se entretecem nos momentos descuidosos de sorrisos e trocas afetivas, de diálogos espontâneos e sentimentos eletivos... Nesse passo, todas as atividades fraternais são poemas de luz ou trechos de peças de amor que o sentimento do Bem orquestra, para gáudio dos envolvidos, sublimando de algum modo os rigores existenciais do planeta. Daí a proposta da Caridade ultrapassar ações maquinais de beneficência e doações impostas por convenção religiosa.
Ponderamos tudo isso para explicar aos amigos da Terra que todas essas notas sublimes, colhidas de Sócrates no Além, não nos foram transmitidas pela forma habitual de comunicação entre os homens. Por mais desafiador seja aos encarnados que nos estudam os ensinos enviados do Mundo Espiritual o entendimento do que seja a Liberdade do Espírito nos domínios da Verdade, a interação interpessoal, nas esferas em que nos encontramos após o desencarne, se dá sem esses limites impostos pelo corpo material, que não permite à alma revelar-se em todas as suas habilidades e percepções, qual, em analogia simples, um macacão apertado, cujo tecido grosseiro e sem maleabilidade restringisse muito os movimentos de quem o veste. Nas esferas espirituais onde o esforço coletivo obedece a planos de consciência desperta, a transparência moral é fato, na contramão dos jogos vaidosos e de prepotência que imperam na Crosta terrena, sobrecarregando o psiquismo dos encarnados que, em razão de inseguranças e dúvidas, plasmam mentalmente situações e interpretações que podem não se efetivar, mas que geram uma espécie de sobrepressão em si mesmos, expondo-os a aflições vazias e ansiedades corrosivas de suas reservas morais, enfermando-lhes por larga faixa de tempo.
Quando colhemos de Sócrates os relatos de sua experiência em plano maior - com uma harmonia impressionante de conjunto, abrangendo mundos e domínios vibratórios que já ultrapassam o Sistema Solar em percepção de vida –, o fazemos não por uma leitura intelectual, mas essencialmente moral, pois "adentramos" seu universo mental vigoroso e nos "banhamos" espiritualmente dos valores já conquistados pelo emérito Sábio. Isso já denuncia essa linguagem universal que há de nos tornar legítimos filhos do excelso Pai e irmãos verdadeiros uns dos outros. No mundo, o olhar de ternura e de compreensão trocado por dois corações antecipa, de algum modo, essas blandícias da comunhão cósmica no Amor de Deus. Por isso, quem ama, fala a língua dos anjos, mas esse amor não pode ser confundido com atração simples ou paixão dominadora, essas últimas facetas do jogo ilusório de sobrevivência comum e poder temporal.
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I Coríntios 13:1
AINDA que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse caridade, seria como o metal que soa ou como o sino que tine.
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