Alma e Coração

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Capítulo XXIII

Ideal e ação


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Evidentemente, é preciso considerar o valor da reencarnação para que lhe assimilemos os benefícios.

Cientes de que o corpo é comparável à cela de recuperação, ao avental de serviço ou à carteira de estudo, é forçoso observarmos a importância do tempo, adotando diligência na obrigação a cumprir por norma de ação, nas atividades de cada dia.

Que seria do enfermo, se uma pessoa querida, a pretexto de poupar-lhe dissabores, tomasse por ele os remédios desagradáveis que lhe são imprescindíveis? Do aluno que relegasse aos amigos mais cultos da escola a execução das provas que lhe cabem, sob a desculpa de haver encontrado afeição e favor? Eis porque, na esfera de todas as experiências — mormente no campo das experiências humanas —, somos induzidos a esperar do Senhor, com as dádivas da saúde e do trabalho, da orientação e da alegria, a força indispensável para a desincumbência dos encargos que as circunstâncias nos assinalam.

Sublime é a caridade, mas, se não temos disposição para praticá-la, a virtude preciosa não passará de um ideal do Céu, incapaz de pousar na Terra.

Divina é a humildade; entretanto, se nos falha a decisão de sofrer com paciência, limitar-se-á ela a propósito brilhante e inútil, de vez que não se nos irradia do peito.

Assim também a fé, a bondade, a tolerância… Sem firmeza de ânimo que as expresse, serão apenas sonhos que se esfumam, sem nenhum nexo com a realidade.

A isso nos referimos para dizer que tanto nos problemas terrestres, quanto nos outros do Mundo Espiritual, necessitamos rogar a Deus os instrumentos indispensáveis à conquista de compreensão e segurança, progresso e harmonia que o Seu Infinito Amor nos endereça pelas bênçãos da vida; entretanto, é imperioso pedir algo mais… Urge suplicar a Ele, o Todo-Misericordioso, nos conceda a coragem de viver, sabendo viver.




Emmanuel
Francisco Cândido Xavier

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