A semente de mostarda

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Capítulo XI

O funileiro


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Gaudencia era um homem robusto que, desde a primeira juventude procurava aprimorar a si mesmo, através dos estudos, entretanto, a escola se fizera inacessível aos seus recursos.

Sequioso de trabalho, bateu às portas de um funileiro amigo.

Admirava-lhe a assiduidade no trabalho. Recolheu-lhe os ensinamentos e adotou-lhe a profissão.

Gaudencia organizou a própria oficina, na própria casa de moradia, alugando a casa modesta em que passou a residir com a própria família, na periferia de grande cidade, na qual para logo conquistou excelente clientela.

Entretanto, um obstáculo apareceu. A vizinhança não se conformava com as batidas do funileiro, sobre chapas de ferro e peças de funilaria.

Às seis horas da manhã de cada dia, começava a barulhada.

Gaudencia empunhava o martelo e moldava, com mestria, peças de utilidade doméstica ou consertava-as com habilidade e bom-gosto.

Os vizinhos, principalmente dois deles, reclamavam constantemente. Como aguentar aquela festa de pancadas, todas as manhãs? Não seria conveniente chamar o funileiro e pedir-lhe o controle de horas, para aquelas exibições de batidas? Aquele trecho de rua possuía doentes numerosos, incluindo crianças vítimas de insônia e nervosismo. Não seria compreensível recorrer à proteção policial?

A situação prosseguia quando o sistema hidráulico das residências dos amigos a que nos reportamos apresentou desequilíbrio que requisitava a competência de um encanador habilitado a saná-lo.

Canos de água se desgovernavam e os esgotos estavam longe de cumprir a própria função.

Lembraram Gaudencia.

Não era ele o profissional indicado ao reajuste preciso?

O conhecido funileiro aceitou a incumbência e por seis dias de trabalho caprichoso, recompôs a rede de águas, amparando-lhe os processos de ação.

No dia em que os dois amigos lhe pediram o preço dos serviços com as horas extras que despendera espontaneamente, Gaudencia lhes respondeu:

— Não pensem nisso. Prometi a Deus que todo o meu trabalho seria gratuito para os amigos, especialmente para os necessitados.

Ambos os amigos se entreolharam boquiabertos já que o trabalho realizado valia verdadeira fortuna e, desde aquele dia, Gaudencia ganhou dois amigos que lhe ampararam toda a vida.




Emmanuel
Francisco Cândido Xavier


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