Antologia Mediúnica do Natal

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Capítulo LVI

Natal na aldeia


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Natal!… O trigo na azenha,

Água correndo a cantar!…

A lareira pede lenha,

Fagulhas brincam no ar.


Natal! Ah! saudade minha!…

Cantiga do coração!…

A taleiga de farinha

Amassa a estriga do pão.


Na sombra que envolve a terra,

Oiteiros acendem lume.

Do bragal que se descerra

Chegam vagas de perfume.


À janela, erguem-se vozes…

— “Pastores ternos, quem sois?!…”

Meninos voam às nozes;

Quanta alegria depois!…


Na sala que se alvoroça,

Surge um velho sem ninguém.

Diz o dono: “A casa é vossa

E a mesa é vossa também…”


Próvida e grande candeia

Faz luz sob o teto morno;

Espalha-se em toda a aldeia

O alegre cheiro de forno.


Há canções claras e puras,

Nas sebes tintas de breu:

— “Glória ao Senhor nas Alturas!…

Hosanas!… Jesus nasceu!…”


Um mocho pia de leve

No velho beiral vizinho …

Não sei se é chuva ou se é neve

Que o vento lança ao caminho!…


Meia-noite!… Dons supremos!…

Calam-se os próprios lebréus.

Roga a avozinha: — “Louvemos!…

Pai nosso que estás nos Céus!…”


Soluços da alma contente…

Doce visão do Natal!…

Deus vos salve eternamente,

Lembranças de Portugal!





Antônio Corrêa D’Oliveira
Francisco Cândido Xavier

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