Antologia Mediúnica do Natal

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Capítulo LXX

Divina surpresa


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Alma fraterna e boa,

Se o impulso da prece te abençoa,

Quando queiras orar,

Buscando segurança no Senhor,

Faze em qualquer lugar

O teu louvor ou a tua petição!…


A Terra inteira é um templo

Aberto à inspiração

Que verte das Alturas,

Mas, se quiseres encontrar

O Mestre que procuras,

Atende, alma querida!…


Desce ao vale de lágrimas da vida,

À imensa retaguarda

Onde o consolo tarda…

Ouve a dor da penúria e o pranto da viuvez,

Volve à sombra das margens do caminho

E estende o braço forte

Aos que vagam sem norte,

Na saudade do lar que se desfez!…


Escuta os que se vão

À noite, ao frio e ao vento,

Sem poderem contar o próprio sofrimento,

Famintos de carinho e compreensão…


Pára e abraça a criança

Que o desprezo consome

E a doença extermina,

Pára e ausenta a nudez, a febre e a fome

Dessa flor pequenina!


Ouve o choro do enfermo que não tem

Senão pó, lama e lágrimas por leito

E, à guisa de aposento, um canto estreito

Na terra de ninguém.


Atentamente, anota em torno os brados

De quem conhece a mágoa no apogeu,

Os tristes corações despedaçados

Que a calúnia venceu…


Vai onde exista aflição,

Oferecendo a cada sofredor

Uma bênção de amor,

E, aí, surpreenderás um divino clarão

Que, dúlcido, irradia

Paz, bondade, alegria…


Em meio dessa luz,

Escutarás Jesus,

Enternecidamente,

A dizer-te no fundo da alma crente:

— Alma querida, vem!…

Ouço-te a voz na prece, em qualquer parte,

Devo, entanto, esperar-te

Na seara do bem.

Chamaste-me, decerto,

Para saber que Deus ama e compreende em ti!…

Buscavas-me tão longe e aguardo-te tão perto…

Alma boa, eis-me aqui!…



Maria Dolores
Francisco Cândido Xavier

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