Almas em Desfile
Versão para cópiaTentações
A conferência no templo espírita versara sobre tentações, compromissos, faltas, culpas…
Antônio Gama, distinto corretor, e a esposa, Dona Cornélia, caminhavam de volta a casa, ao lado de Artur Ramos, companheiro de fé. E Antônio comentava:
— O orador não precisava ser assim exigente. Expôs, por mais de uma hora, como se nós, os da assembleia, fôssemos malfeitores.
— Entretanto — disse Ramos —, cautela nunca é demais. Todos somos capazes de cair…
— Ah! mas não temos a prece e o conhecimento? — falou Dona Cornélia. — É impossível que estejamos assim tão atrasados!…
— Não! — tornou Gama — não somos tão ruins! Já subimos um degrauzinho…
A chegada ao lar interrompeu a conversação.
Logo, porém, depois de instalados em casa, enquanto Dona Cornélia preparava o chá, o telefone tilintou.
Gama atendeu.
— Quem é? — perguntou.
E a voz veio macia e familiar:
— Pois você estranha, Antônio? Somos nós…
E ouvindo referência ao nome de certa firma, conhecida por grandes negócios, e com a qual já operara algumas vezes, Gama ajuntou, satisfeito:
— Dê as ordens.
E falaram do outro lado:
— É um negocião. Basta apenas um recibo assinado por você e receberá oitocentos mil cruzeiros…
A voz continuou, explicando que se tratava da venda de vários automóveis para determinada companhia.
Antônio percebeu que se tratava de operação inconfessável, e pediu um momento.
Emocionado, explicou a Dona Cornélia de que se tratava, e, alarmados, conversaram rapidamente. Oitocentos mil cruzeiros!
— Afinal — concluiu Dona Cornélia —, é um negócio como os outros.
— Sim — falou o marido —, se eu não aceitar, outros aceitarão.
E piscando os olhos:
— Deve ser o amparo de algum amigo espiritual para que possamos comprar, enfim, o nosso apartamento.
Em seguida, correu ao fone e avisou:
— Aceito.
— Muito bem! — responderam — encontrar-nos-emos amanhã, no mesmo lugar.
Gama perguntou então:
— Explique-me. Onde estarei para o entendimento?
O amigo desconhecido mudou o tom de voz e falou, claramente preocupado:
— Mas ouça! Você não está compreendendo? Diga! É você mesmo quem fala?
— Sim — aclarou Antônio —, sou eu, Antônio Gama, o corretor…
— Ah! — concluiu o outro com inflexão de profundo desapontamento — desculpe, cavalheiro, houve erro de ligação…
Só então o casal de incipientes na Doutrina reconheceu que ambos haviam fragorosamente caído em perigosa tentação…
(Psicografia de Francisco C. Xavier)
TENTAÇÕES
A conferência no tempo espírita versara sobre tentações, compromissos, faltas, culpas. . .
Antônio Gama, distinto corretor, e a esposa, Dona Cornélia, caminhavam de volta a casa, ao lado de Artur Ramos, companheiro de fé. E Antônio comentava:
—O orador não precisava ser assim exigente.
Expôs, por mais de uma hora, como se nós, os da assembleia, fôssemos malfeitores.
—Entretanto – disse Ramos -, cautela nunca é demais. Todos somos capazes de cair. . .
—Ah! mas não temos a prece e o conhecimento? – falou Dona Cornélia. – É impossivel que estejamos assim tão atrasados!. . .
—Não! – tornou Gama – não somos tão ruins! Já subimos um degrauzinho. . .
A chegada ao lar interrompeu a conversação.
Logo, porém, depois de instalados em casa, enquanto Dona Cornélia preparava o chá, o telefone tilintou.
Gama atendeu.
—Quem é? – perguntou.
E a voz veio macia e familiar:
—Pois você estranha, Antônio? Somo nós. . .
E ouvindo referência ao nome de certa firma, conhecida por grandes negócios, e com a qual já operara algumas vezes, Gama ajuntou, satisfeito:
—Dê as ordens.
E falaram do outro lado:
—É um negocião. Basta apenas um recibo assinado por você e receberá oitocentos mil cruzeiros. . .
A voz continuou, explicando que se tratava da venda de vários automóveis para determinada companhia.
Antônio, percebeu que se tratava de operação inconfessável, e pediu um momento.
Emocionado, explicou a Dona Cornélia de que se tratava, e, alarmados, conversaram rapidamente.
Oitocentos mil cruzeiros!
—Afinal – concluiu Dona Cornélia -, é um negócio como os outros.
—Sim – falou o marido -, se eu não aceitar, outros aceitarão.
E piscando os olhos:
—Deve ser o amparo de algum amigo espiritual para que possamos comprar, enfim, o nosso apartamento.
Em seguida, correu ao fone e avisou:
—Aceito.
—Muito bem! – responderam – encontrar-nos-emos amanhã, no mesmo lugar.
Gama perguntou então:
—Explique-me. Onde estarei para o entendimento?
O amigo desconhecido mudou o tom de voz e falou, claramente preocupado:
—Mas ouça! Você não está compreendendo? Diga! É você mesmo quem fala?
—Sim – aclarou Antônio -, sou eu, Antônio Gama, o corretor. . .
—Ah! – concluiu o outro com inflexão de profundo desapontamento – desculpe, cavalheiro, houve erro de ligação. . .
Só então o casal de incipientes na Doutrina reconheceu que ambos haviam fragorosamente caído em perigosa tentação. . .