Capítulo II

Fadiga e desespero


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Conversávamos, antes da reunião, sobre o grande número de pessoas que acusa fadiga e desespero. Destacávamos os muitos casos em que, depois dessas indisposições, a pessoa parece cair em doenças e processos obsessivos, sem que os remédios indicáveis consigam trazer-lhe o alívio ou a cura.

A nossa troca de ideias continuava animada, quando fomos chamados pelo horário exigente às tarefas em pauta. Aberto , tivemos para estudo o tema 18 do capítulo V, referente às provações e lutas da criatura na Terra. Vários confrades comentaram o assunto com segurança. Ao término de nossas atividades, Emmanuel escreveu a mensagem Inquietações Corrosivas.


INQUIETAÇÕES CORROSIVAS

Desequilíbrio entre os maiores desequilíbrios que dilapidam as forças da existência: a fadiga inútil.

Semelhante cansaço vai se alastrando e ganhando áreas: comparece na retaguarda dos fichários de consultórios e nosocômios, por fator desencadeante de numerosas enfermidades; por trás de grande contingente dos desastres de trânsito; na fase de muitas segregações carcerárias por motivo a infrações e delitos; e no âmago de muitas resoluções infelizes que acabam em suicídio ou frustração.

É imperioso considerar, porém, que esse tipo de exaustão não procede do trabalho físico que se ergue, quase sempre, por alavanca de refazimento renovador, e sim de inquietações corrosivas oriundas da caça de gratificações inoportunas, no imediatismo da experiência humana ou em manifestações de rebeldia ou inconformidade.

Quanto puderes, usando bondade e tolerância, auxilia a enxugar as engrenagens do cotidiano, expurgando-as de quaisquer resíduos de pessimismo e azedume deixados aí pelas aflições desnecessárias.

Ninguém se corporifica na Terra sem planos de trabalho, com vistas ao próprio burilamento, e nenhum trabalho de sublimação se verifica sem os testes respectivos.

O vínculo amargo, o desafio ao entendimento, a visita da tentação, o instante de renúncia ou o tempo de crise são trilhas de acesso às conquistas da alma.

Não admitas a dificuldade ou a tribulação como sendo pancadas de angústia, esterilizando-te a vida espiritual.

Recebe-as por lições que te procuram o campo íntimo, observando o que te dizem pelo idioma inarticulado das provas.

E, agindo com paciência e esperança, serenidade e abnegação, imunizar-te-ás contra as calamidades do cansaço vazio, preservando a ti mesmo e auxiliando aos outros, a fim de se firmarem com segurança na ascensão para Deus.




Emmanuel
Francisco Cândido Xavier


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