Capítulo XXIII

Visita ao presídio


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A convite do Núcleo Espírita Semeador do Evangelho, estivemos em visita fraternal aos companheiros reeducandos da Penitenciária do Estado de São Paulo, no dia 27 último. A reunião constou de preces e comentários doutrinários.

Ao término dos trabalhos, nossa irmã e benfeitora espiritual Maria Dolores escreveu o poema Sublimação.


SUBLIMAÇÃO

Não te digas sem paz, sem esperança…

Nem afirmes que o mundo é triste e vão…

A existência na Terra é ascensão incontida

E a própria Natureza é um hino à luz da vida,

Promovendo alegria e elevação.


Olha a foice cortando o mato inculto…

Depois, rasga-se a gleba, a golpes de trator.

Logo após, eis o exílio da semente;

Depois ainda, é o quadro viridente

Do solo aprimorado a esmaltar-se de flor.


A dinamite explode, a pleno campo,

Estremece a pedreira a gritar, a rugir…

Desunem-se calhaus, fugindo, salto em salto.

Surge, porém, depois, o caminho de asfalto,

Apontando a beleza e o fulgor do porvir.


Cai o tronco a gemer no próprio berço,

Parecendo um gigante a protestar;

Em seguida, levado ao corte em que se apura,

Faz-se viga, portal, segurança e estrutura,

Oferecendo à vida a proteção do lar.


O trigo baila ao sol, em cachos de ouro,

Alteando o valor do solo que o bendiz,

Mas vem o segador que o deixa em queda e chaga…

Depois, ei-lo na mesa… É o pão em que se apaga

Para que a refeição seja farta e feliz.


Assim também, alma querida e boa,

Sofrimento é poder renovador…

Sacrifício, aflição, angústia, disciplina

São Processos de Deus com que Deus nos ensina

A conquista da Luz e a construção do Amor.




27 de dezembro de 1975 — Nota da Editora.



Maria Dolores
Francisco Cândido Xavier


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