Amor e Luz

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Capítulo VI

Maria Luiza Vieira


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Cesar meu filho mais velho, voltando de Goiânia onde fora passar algumas semanas na fazenda de seu pai, trouxera um revólver.

Chegando a São Paulo, guardou a arma no guarda-roupa de sua avó. Em 30.11.1976, Cesar, como estagiário da Marinha, procurava seu fardamento. Não encontrando seus sapatos, Carlinhos dispôs-se a ajudá-lo na procura. Dirigiu-se ao quarto de sua avó, e ao abrir o armário, viu o par de sapatos e o revólver que Cesar guardara.

Pediu ao irmão se podia mostrá-lo a algumas colegas que ali estavam revisando pontos escolares.

Cesar concordou. Retirou as balas e entregou-lhe. Nesse meio tempo foi barbear-se.

Carlinhos, mostrando a arma para as moças, carregou-a para ver como ficavam as balas no tambor. Feito isso, retirou-as novamente. Infelizmente não percebera que uma delas havia ficado. Começou a brincar.

Apontando o revólver para sua cabeça, pediu à colega para puxar o gatilho, que não tinha perigo. A menina assustou-se com a brincadeira, dizendo-lhe:

— Não, Carlinhos, nunca peguei em uma arma, não brinque assim que é perigoso.

Em seguida, sorrindo, tornou a colocar o revólver na cabeça e voltou a dizer:

— Quer ver como não há perigo, está sem balas, e acionou o gatilho. Lamentavelmente a bala ali se encontrava. Cesar ouvindo o tiro, apressadamente tentou socorrê-lo. Colocou-o no sofá, apanhou uma Bíblia que estava perto e pediu ao irmão que rezasse. Carlinhos abriu os olhos, sorriu e tornou a fechá-los.

Cesar ficou transtornado. Traumatizado, não dormia mais. Culpava-se pelo acidente, precisando ser hospitalizado com muitos cuidados. Precisei também entrar em tratamento médico-hospitalar.

Sem saber como passava meu filho Cesar, internado em outro hospital, roguei ao médico algum esclarecimento sobre seu estado e, por telefone mesmo, a resposta foi: se acreditasse em Deus, que orasse muito.

Com todos esses acontecimentos e a orientação recebida, rezei muito, fazendo novenas, trezenas, etc. Minha sogra, dizendo ter feito melhor, escreveu a Francisco Cândido Xavier.

Na ocasião do programa Pinga-Fogo, em que Chico Xavier esteve, tinha iniciado alguma leitura de seus livros, onde encontrei muitos ensinamentos. Minha angústia e meu sofrimento eram grandes demais e, não suportando esperar uma resposta, fui procurá-lo através de amigos que têm parentes em Uberaba. Telefonei para a Sra. Maria Peçanha Santos, sogra do Dr. Paulo Misson, que me informasse os dias de atendimento de Chico Xavier, e se haveria possibilidade de consulta. Isto foi numa terça-feira. Queria ir imediatamente.

Recebi como resposta que fosse na sexta-feira, pois os trabalhos do Centro eram só nesse dia. Assim, saí de S. Paulo na quinta-feira e hospedei-me em sua casa. Na sexta-feira, por volta das 16 horas, tomei café reforçado, pois soube que os trabalhos iriam até tarde da noite. Chegando lá, por informações, deixei meu nome para o receituário.

Percebi um número grande de pessoas, uma multidão. Fiquei desesperada com aquilo e pensava que não poderia ser atendida. Sem perceber, estava como se fosse um robô empurrando as pessoas, não me importando se achavam ruim ou não. Queria desesperadamente falar e ver Chico Xavier. Acabei perdendo todos os meus pertences, tal era minha situação. Só sei que estava com as fotos dos meus filhos uma em cada mão. Mais tarde, vieram entregar-me a sacola perdida.

Chegando perto do Chico, segurei suas mãos e gritei: — Sr. Chico Xavier, ajude-me. Um filho meu morreu e outro está hospitalizado, com visitas proibidas. Mostrei-lhe as fotos. Depois não me lembro de mais nada. Acordei deitada em uma cama num quartinho ao lado, tomando água e várias pessoas ao meu redor orando. Havia desmaiado. Fiquei repousando um pouco mais. Levantei-me e, estando mais segura, juntei-me às pessoas que aguardavam o receituário no salão. Meu estado de saúde não estava nada bom. Precisava usar o recurso de bomba de ar para poder respirar. Algumas pessoas, penalizadas com o meu estado, achavam imprudência ter viajado, mas não importava, queria mesmo era falar com Chico Xavier. Terminando o receituário, sentou-se à cabeceira da mesa, tudo para mim era novidade; estranhei aquele monte de lápis, aqueles papéis todos e devagarinho fui tentando achegar-me a ele.

Concentrado, começou a escrever. Junto dele, olhava a escrita; a primeira página não entendi, mas com o desenrolar e a sequência do assunto, fui observando que aquela mensagem estava sendo para mim. Fiquei tão emocionada que gritava, tremia, rezava, fazia tudo ao mesmo tempo.

No final li “mamãe perdoe seu filho Carlinhos”. Passei a gritar que nada tinha a perdoar mas abençoá-lo. Uma das moças presentes lia a mensagem através de pequeno alto falante, deixando a multidão em grande tensão; uns estavam totalmente atentos, outros choravam, outros abraçavam-me chorando comigo, chamando-me de heroína por ter um filho anjo. Tudo aquilo chegava aos meus ouvidos sem que tomasse consciência, pois estava atenta demais à mensagem que, como remédio abençoado, chegava aos meus ouvidos.

Apesar da dor que sentia, aquela felicidade parecia como se tivesse algo sublime, singelo, que não encontro palavras para descrever.

Quando Chico entregou-me a mensagem, descontrolei-me, e abraçando aquele original contra o peito, gritava desesperadamente chamando pelo meu filho.

Depois de terminado o trabalho, retirei-me. Eram tantas as ofertas de condução para São Paulo, daqueles corações bondosos! Agradecendo-os, despedi-me.

De volta à casa onde estava hospedada, não encontrei ninguém: estavam todos na vizinha, numa festinha que ali se realizava. Dirigi-me para lá, contando o que havia acontecido. Uma senhora, lendo as páginas psicografadas, teve uma crise de choro, pois disse nunca ter sentido tanto uma mensagem como aquela trazida pelo Chico. Achou-a demais singela. A dona da casa também se pronunciou e, apesar de professar outra doutrina, comentou: — “Com esta mensagem é para se acreditar no Espiritismo.”

Esta mensagem trouxe-me muita paz. Mostrou-me que o Espírito existe mesmo. Os assuntos lá contidos são coisas nunca vistas, se bem que só a assinatura do meu filho é o suficiente para pô-lo a qualquer prova. Comparando-a com as cartinhas que tenho dele, da sua infância escolar, até o final de suas cartas que ficavam sempre sem espaço para a assinatura, está igualzinho.

Depois que recorri ao Chico e recebi, graças a Deus, a mensagem, a minha doença amenizou. Tomei novo impulso e comecei a ver outros horizontes clareando-me o caminho, tranquilizando-me, tendo forças para seguir adiante, trabalhando para poder dar condições de amor e carinho aos meus demais filhos.

Chico foi o farol que me iluminou para os dias que advirão e, com certeza, estas minhas palavras estão servindo ainda mais de estímulo para mim mesma, pois cada vez que sou solicitada ao assunto, apesar da saudade, encontro forças suficientes para dizer que Carlinhos não morreu, que está no aprendizado divino, que no amanhã estará levando sua mensagem de amor e paz a outros corações que estarão na mesma situação em que me encontrei. Que Deus possa dar tranquilidade a todos os seres em dificuldade como essa que acabei de relatar.

Aproveito a oportunidade para agradecer a Deus por me ter concedido a graça de conhecer Francisco Cândido Xavier.

Desejo de coração aos que ainda não conhecem a Doutrina Espírita, sem intenção de converter a ninguém, que procurem ler, procurem conhecer, para dissipar de seus corações as dúvidas infundidas por pessoas, ou melhor, por irmãos que a desconhecem.

Nossa responsabilidade no falar está intrinsecamente relacionada com a responsabilidade no pensar, Devemos falar sobre o que conhecemos. O que desconhecemos devemos procurar conhecer. Kardec está nos livros e Chico está em pessoa.




CARLOS MAGNO DE TADEU BASSI — Nascimento: 10/07/1960 — Desencarnação: 30/11/1976.



Maria Luiza Vieira
Francisco Cândido Xavier


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