Absorto

Dicionário Comum

Fonte: Priberam

Absorto: adjetivo Pronuncia-se: /absôrto/. Característica daquilo que se absorveu; absorvido.
Figurado Concentrado em seus próprios pensamentos; compenetrado durante a realização de algo; pensativo, preocupado, extasiado.
Figurado Que se encontra em estado de êxtase; enlevado.
Etimologia (origem da palavra absorto). Do latim absorptus.a.um.

Dicionário Etimológico

Fonte: Dicionário Etimológico 7Graus

Absorto: A palavra absorto vem do latim absorptus, que significa absorvido.

Dicionário de Sinônimos

Fonte: Dicio

Absorto: pensativo, enlevado, extasiado, admirado, assombrado, maravilhado, abismado, distraído, abstraído (abstrato); abstração, distração, embebido, arroubado, arrebatado, contemplativo, meditativo, meditabundo, impressionado, apreensivo, preocupado, estático, extático, estatelado. – Absorto exprime: como que “fora da consciência, e numa concentração de todo o espírito num assunto”. – Pensativo está ou fica por momentos quem “pensa ou parece pensar só nalguma coisa”. – Meditativo e meditabundo parece que têm a mesma significação, e no entanto diferençam-se assim: meditativo quer dizer – “dado, propenso a refletir, meditar em graves coisas”; meditabundo diz mais “pensativo e triste”, que ama o afastamento, que está “solitário, silencioso e melancólico”. – Sobre enlevado, embebido e arrebatado escreve Alv. Pas.: “Arrebatado usa-se não poucas vezes para se exprimir um deleite mental ou corpóreo, tão intenso que chega como a alienar-nos. “Eis que no meio da Missa fica subitamente arrebatado”. (Souza.) “Saiam como fora de si, e arrebatados em Deus”. (Feo.) – Enlevado exprime a nímia confiança que se põe num parecer, nas qualidades ou promessas de qualquer pessoa, a ponto de ficar como maravilhado da vista dessa pessoa, ou da contemplação de suas qualidades. E casar-se com ela, d’enlevado, Num falso parecer mal entendido. (Cam. Lus. c. III) – Embebido significa, ao pé da letra, metido nos poros: a esponja embebe-se do líquido; “tinha embebido em si a doutrina do Apóstolo” (Feo); mas no sentido em que aqui se toma quer dizer – profundamente atento. Da boca do facundo capitão Pendendo estavam todos embebidos... (Cam. Lus. c. V) Homem arrebatado em Deus; amante enlevado num falso parecer; ouvintes embebidos etc. – Arroubado significa “arrebatado de altas emoções ou de sublimes pensamentos”. – Extasiado “o mesmo que absorto e em pasmo”, arrebatado “de grande admiração e como em esquecimento de si próprio”. – Extático diz “absorto, enlevado em êxtase”. (Aul.) – Estático e estatelado, se só os olhos pudessem julgar, diriam exatamente o mesmo que extático e extasiado. Estático exprime “parado, imóvel como estátua, insensível a tudo que está em torno”. Estatelado acrescenta a estático uma ideia de esvaimento, delíquio ou inanição. – Impressionado diz propriamente “sob a tortura de impressão de dor, de desconfiança, de medo, etc.”... – Preocupado ajunta à noção de impressionado a ideia de “pungido de cuidados”. – Apreensivo significa “tomado de cismas, de pressentimentos, de suspeitas”... – Sobre admirado, assombrado e abismado escreve Bruns.: “Admirado, o mais usual destes termos, é o de menor significação; ficamos admirados ao ver o que não esperávamos.” Assombrado é “muito admirado”, dando porém a entender que a causa desse estado é algo que impõe medo, respeito etc. – Abismado diz mais que assombrado, pois nos representa como “caídos em abismo de que não se sai”. – Maravilhado diz mais que os três precedentes: ajunta-lhes a ideia de “grande surpresa e admiração que nos abalam e deixam em pasmo”. – Contemplativo é “absorto em coisas místicas”; que vive ou está “como se tivesse a alma toda voltada para fora do mundo sensível, e Dicionário de Sinônimos da Língua Portuguesa 55 pela visão interior vendo o que os olhos não têm a faculdade de ver”. – Sobre distraído, abstraído e abstrato; abstração e distração vejamos Roq.: “A palavra abstração vem da latina abstrahere, que significa – separar ou arrancar uma coisa do lugar em que está ou supomos estar; corresponde à linguagem metafísica, e designa a operação do entendimento por meio da qual desunimos coisas que na realidade são inseparáveis, para podê-las considerar cada uma em particular sem dependência nem relação com as demais, fixando-nos nela com exclusão de todas as outras. Uma imaginação abstraída só à sua própria ideia atende como se não houvesse outras. No cabedal das línguas cultas ocupam um lugar muito importante as palavras que representam ideias abstratas, e sendo estas o objeto das ciências mais elevadas, como a matemática, a metafísica, e a filosofia, chamam tanto a atenção dos que as estudam que, abstraídos nelas, são indiferentes e como insensíveis aos objetos exteriores. – Abstração é, pois, uma como alheação do homem concentrado naquele objeto interior que o tira como de si mesmo. A palavra abstrato usa-se quando a aplicamos às coisas, e abstraído quando a referimos às pessoas. Falamos em abstrato quando o fazemos com separação de qualquer coisa; e dizemos abstrair-se quando nos alheamos dos objetos sensíveis para nos entregarmos aos intelectuais. O homem que se aparta do trato e comunicação das gentes, ocupando- -se, por assim dizer, em conversação consigo mesmo, e na consideração de suas abstrações, merece o nome de abstraído. Querem alguns que distração seja diversão do pensamento de todo objeto exterior para atender aos interiores; de cuja definição resultará que haja pouca diferença entre as duas palavras, servindo-se de uma por outra, e comumente de distraído por abstraído. Diz-se de um homem que está distraído no jogo em amores, em vícios, por concentrar-se, e, por assim dizê-lo, abstrair-se nisto, distraindo-se de suas obrigações. Em nosso entender, porém, há verdadeira e notável distinção entre as duas palavras; pois a abstração se exerce de fora para dentro, e a distração, ao contrário, de dentro para fora. Uma palavra casual nos leva insensivelmente de um objeto exterior a outro interior abstraindo-nos inteiramente daquele; mas quando, achando-nos no mais profundo desta abstração, nos fere repentinamente os sentidos qualquer objeto exterior, distrai-nos. Se estamos engolfados em nosso estudo solitário, e de repente entra uma pessoa, ou se faz um ruído forte, diremos que nos distraiu, e não que nos abstraiu. Enfim, olhamos a abstração como uma coisa habitual, como uma ocupação contínua, como o resultado de um caráter particular, e assim dizemos: Este homem está sempre abstraído em seus estudos ou meditações. A distração é momentânea e como passageira, separando- -nos da abstração, a que procuramos voltar bem depressa”. – Sobre abstraído e distraído lê-se em Laf.: “Abstraído, abstractus “tirado, atraído para longe de”; distraído, distractus “atraído de um lado e de outro, de diversos lados ou para diversos lados”. O espírito do abstraído está longe do que vós lhe dizeis, daquilo de que se trata; o espírito do distraído é instável, dissipado, evaporado, incapaz de aplicar-se ao que quer que seja; ele deixa vagar seus pensamentos, segundo a expressão de Bossuet; ele está à mercê de todas as impressões. A causa das abstrações é antes interior; a da distração é exterior”. Alv. Pas. escreve magistralmente: “Encerra-se nestas duas palavras a ideia comum de falta de atenção; mas com esta diferença: que são as ideias próprias, o pensamento do indivíduo, que o fazem abstraído, ocupando-se ele tão fortemente com estas ideias interiores que só atende às coisas que elas representam; e é um novo objeto exterior que faz o 56 Rocha Pombo homem distraído, e atrai a sua atenção, que a desvia do objeto a que ele a tinha aplicado. Ficamos abstraídos quando não pensamos em nenhum objeto presente; quando, recolhidos conosco, nos entretemos com o nosso próprio cogitar; quando estamos numa parte e o pensamento noutra. “A força da oração o abstraiu deste desterro”. (Cardoso) Ficamos distraídos quando, estando a contemplar um objeto, mudamos a atenção para outro diverso; quando, estando a ouvir um discurso que se nos dirige, escutamos outro diferente; quando, dados a nossas ocupações, atendemos a festins etc. Uma pessoa abstraída tem o espírito muitas vezes a grandes distâncias: ora está em Lisboa em frente da estátua equestre; ouvindo tal orador no palácio das Cortes; admirando as belezas da Ajuda, ou as antiguidades de S. Vicente de Fora; ora está em Roma no meio da praça de S. Pedro. É difícil que não fiquemos distraídos quando, escutando um discurso enfadonho, ouvimos do lado uma coisa interessante. As abstrações são mais próprias dos homens dados a meditações, a estudos profundos. “Devem guardar o coração desempenhado, abstraído, silencioso e solitário para o comércio divino”. (Bern.) As distrações pertencem mais aos espíritos levianos e às crianças que se distraem com lindos nadas. “Os abstraídos meditam muito e falam pouco; e os distraídos meditam pouco, e falam muito, e perdem o fruto das conversações”.