Josias, rei de judá

Quem é quem na Bíblia?

Autor: Paul Gardner

Josias, rei de judá:

Josias (Heb. “o Senhor o sustenta”) foi o rei de Judá no período de 640 a 609 a.C. (2Rs 22:23-2Cr 34 e 35). Seu avô, o perverso rei Manassés, reinara por 55 anos; perseguiu as pessoas piedosas e reprimiu a verdadeira religião em Judá. Seu pai, Amom, governou apenas 2 anos (2Rs 21:19-26; 2Cr 33:21-25) e deu continuidade às práticas malignas de Manassés; seu reinado foi interrompido por intrigas na corte que culminaram com seu assassinato (2Rs 21:24). Nessa época difícil, Josias chegou ao trono, com apenas 8 anos de idade. Sua mãe era Jedida, filha de Adaías, de Bozcate (2Rs 22:1).

Judá e Assíria

O reinado de Josias concedeu a Judá um certo alívio da pressão assíria, que durante um século controlou a política, a religião e a vida social dos judeus. No final do século VII, o extenso Império Assírio foi ameaçado pelos caldeus, quando Nínive não teve forças para enfrentar Nabopolassar, rei da Babilônia (625 a 605 a.C.). Por isso, entrou em colapso após a queda de sua principal cidade, Nínive (612 a.C.).

O vácuo político foi preenchido pela elevação de Judá, sob o reinado de Josias, e do Egito, sob o governo de Faraó-Neco. A rivalidade entre essas duas potências levou Josias a tentar impedir o avanço egípcio, na batalha de Megido, onde perdeu a vida em 609 a.C.

Reformas religiosas

A perspectiva da situação sócio-política não explica totalmente as transformações religiosas iniciadas por Josias. De acordo com II Reis, ele era igual a Davi, no sentido de que “fez o que era reto aos olhos do Senhor, e andou em todo o caminho de Davi, seu pai, e não se apartou dele nem para a direita nem para a esquerda” (2Rs 22:2). II Crônicas vai além e explica que “começou a buscar o Deus de Davi, seu pai” (2Cr 34:3). A busca a Deus por parte do jovem rei era evidência da obra do Espírito Santo em sua vida. Quando tinha 16 anos de idade (632 a.C.), erradicou sistematicamente o paganismo, em todas as suas formas sincréticas, começando por Jerusalém e Judá, e estendeu suas reformas até o território do reino do Norte.

Aos 20 anos (628 a.C.), acabou com a profanação da terra e a purificou, quando destruiu os lugares altos, os postes-ídolos (imagens de Aserá), as imagens de escultura e de fundição. Os túmulos dos sacerdotes idólatras foram profanados e seus ossos, queimados sobre os altares pagãos (2Cr 34:3-7; cf. 1Rs 13:2).

Josias nos livros dos Reis

No coração dos livros dos Reis está a Lei. O autor está preocupado com a obediência do rei — ou a falta dela — à Lei (especialmente Deuteronômio). O autor destes livros avalia cada rei como íntegro ou ímpio, baseado em sua fidelidade para com as leis de Deuteronômio. Josias era um rei íntegro; por isso, o escritor enfatiza o fato de que o livro da Lei foi encontrado como elemento motivador de todas as reformas.

Com 26 anos de idade (622 a.C.), Josias levou a cabo seu plano de purificar a terra por meio da restauração do Templo, sob a direção de Safã, Maaséias, Joá e Hilquias, o sumo sacerdote. Deram autoridade aos levitas para que supervisionassem a obra e pagassem os trabalhadores com os recursos financeiros do Santuário. Durante a limpeza do Templo, o sumo sacerdote Hilquias encontrou um livro, o qual entregou a Safã, o secretário. Este o levou ao rei, quando compareceu diante dele, a fim de fazer o relatório sobre a obra de reconstrução, e o leu diante de Josias. Ao ouvir as palavras da Lei de Deus, o rei rasgou suas vestes, como uma expressão pública de profundo pesar. Ficou com o coração dilacerado pela história de rebelião do povo de Israel contra o Senhor e pelo iminente juízo mencionado na Lei.

Uma vez que o livro da Lei fora encontrado, o rei Josias buscou uma palavra do Senhor, por meio da profetisa Hulda. Ela condenou a idolatria de Judá e profetizou sobre o exílio que se aproximava, enquanto falava sobre o graça de Deus, que se estenderia pelo reinado de Josias. Isso encorajou o rei a realizar a grande reforma. Renovou a aliança, destruiu os centros do culto pagão, reinstituiu a festa da Páscoa em Jerusalém e expurgou a terra do paganismo (2Rs 23:4-20). Embora a reforma tenha sido um grande sucesso, o verdadeiro teste chegou com o falecimento do rei. Depois de sua morte, nas mãos de Faraó-Neco, o povo voltou aos seus caminhos idolátricos e pagãos.

Josias nos livro das Crônicas

A ênfase nos livros das Crônicas é diferente do registro nos dos Reis. Enquanto estes se preocupam principalmente com a Lei e a fidelidade do rei a ela, aqueles interessam-se pelo ideal messiânico e a relação de Josias com este Rei. A referida reforma teve três estágios. No oitavo ano de seu reinado, Josias “começou a buscar o Deus de Davi, seu pai”. No 12o ano, começou a expurgar Jerusalém e Judá dos lugares altos e dos falsos ídolos. Finalmente, no seu 18o ano como rei, ordenou que o Templo fosse reformado. Durante os reparos, o livro da Lei foi encontrado e apresentado a ele. Depois de ler o texto, Josias buscou uma palavra do Senhor. Enviou mensageiros à profetisa Hulda, a qual o informou de que Deus amaldiçoaria Judá “com todas as maldições do livro”, por causa do pecado de idolatria, mas pouparia a nação durante o tempo de vida do rei. Depois dessa advertência profética, Josias continuou as reformas com vigor redobrado. Leu a Lei para todo o povo de Israel e todos renovaram a aliança com Deus. Estendeu o expurgo das atividades idolátricas até regiões que pertenciam a Israel, o reino do Norte. O povo reuniu-se em Jerusalém, junto com os sacerdotes e levitas. A Lei foi lida publicamente e, sob a piedosa liderança de Josias, o povo se comprometeu a renovar o compromisso de fidelidade à aliança de Deus com Israel. Como uma expressão concreta da união de todos na aliança do Senhor, o rei decretou uma celebração da Páscoa em Jerusalém. Deu atenção cuidadosa a cada detalhe estabelecido na Lei de Moisés (2Cr 35:6-12), bem como às tradições associadas a Davi e Salomão (v. 4). Os sacerdotes e levitas oficiaram e, juntos com os auxiliares, foram bem supridos. O rei e seus oficiais contribuíram voluntariamente com 37:600 ovelhas e cabritos 3:800 cabeças de gado. O total de animais sacrificados foi tão grande que quase dobrou o número utilizado na grande celebração da Páscoa feita pelo rei Ezequias (2Cr 30:24). O envolvimento do povo, dos sacerdotes e levitas também foi tão grande que a festividade foi comparada favoravelmente com as que eram realizadas na época do profeta Samuel (v. 18).

O livro da Lei

Os autores de Reis e Crônicas não especificam muito bem a natureza do livro da Lei. Conteria todo o Pentateuco, ou apenas parte dele? Seria o livro de Deuteronômio completo, ou apenas uma parte dele? Parece provável que se tratava de todo o livro de Deuteronômio, devido às especificações do lugar central de adoração, a destruição de todos os lugares altos (Dt 12), maldições resultantes da desobediência (Dt 27:28), a celebração da Páscoa (Dt
16) e a cerimônia da renovação da aliança (Dt 27:31; cf. 2Cr 34:30-32; 2Rs 23:2).

A vida de Josias é cuidadosamente padronizada de acordo com dois outros reis. Primeiro, o autor de Crônicas inclui atividades e eventos similares na vida de Ezequias e Josias. Ambos destruíram os lugares altos onde eram realizados cultos pagãos em Judá e em Israel (2Cr 31:1-2; 2Cr 34:3-7). Ambos instituíram a Páscoa depois de anos de negligência (2Cr 30:13ss; 35:1ss). Segundo, as vidas tanto de Ezequias como de Josias insinuam que ambos eram semelhantes ao seu “pai” Davi (2Cr 34:2-3). Como Davi, Josias recolocou a Arca da Aliança no Templo (2Cr 35:3). Além disso, determinou que os músicos, descendentes de Asafe, voltassem ao Templo, “segundo o mandado de Davi” (2Cr 35:15). O propósito para este padrão distinto é claro. Crônicas ajuda o leitor a identificar Josias com o ideal messiânico. Ezequias foi apresentado como um novo Davi; mas morreu, e a perspectiva passou para o perverso Manassés. Josias é apresentado como um rei similar tanto a Ezequias como a Davi; mas, apesar de todos os seus esforços, também faleceu na guerra e seu povo finalmente foi para o exílio.

Após ser elevado a tão alto nível nas expectativas do leitor, Josias demonstrou que não era o Messias, pois morreu devido às suas ambições políticas. Quando Faraó-Neco atravessou Canaã em seu caminho para lutar ao lado da Assíria contra a Babilônia, Josias o interceptou em Megido (2Cr 35:22). Faraó-Neco o advertiu de que aquela interferência resultaria em juízo de Deus contra ele (v. 21). Ele, entretanto, recusou-se a dar ouvidos. Numa cena que lembra a morte do rei Acabe (1Rs 22:30-34), Josias entrou na batalha disfarçado, mas foi atingido pelos arqueiros e morreu em Jerusalém.

Os últimos dias

Não está claro o que aconteceu entre a celebração da Páscoa (622 a.C.) e a morte de Josias em Megido (609 a.C.). A queda de Nínive (612 a.C.) sem dúvida encorajou Josias a despontar no cenário internacional. Suas ambições políticas, entretanto, também o arruinaram. Quando Faraó-Neco passou por Judá com o intuito de enfrentar os caldeus em Carquemis, Josias marchou com seus exércitos para encontrar-se com ele em batalha. Não se sabe ao certo por que fez isso. Talvez desejasse assegurar a independência de Judá entre as nações. Se tivesse permitido que os egípcios passassem, com certeza seria considerado um colaborador na luta contra os caldeus.

Faraó-Neco ficou aborrecido com a recusa de Josias. Enviou uma mensagem a ele, com uma conotação religiosa. Disse que fora instruído por Deus para marchar rapidamente, que as ações hostis do rei de Judá eram uma ameaça para a realização da vontade do Senhor e que ele seria punido por isso. Como Acabe fez antes dele, Josias disfarçou-se e enfrentou o inimigo no campo de batalha; foi atingido por uma flecha atirada ao acaso e foi retirado da luta. Ele não morreu em combate; mas, levado às pressas, faleceu em Jerusalém (2Cr 35:20-24). Sua morte foi uma grande perda para Judá. O profeta Jeremias liderou o povo num lamento (2Cr 35:25). Além disso, repreendeu o filho de Josias, chamado Jeoacaz (Salum), ao comparar suas ambições com as de seu pai, o qual “exercitou o juízo e a justiça. Por isso lhe sucedeu bem. Julgou a causa do aflito e do necessitado, e por isso lhe sucedeu bem” (Jr 22:15-16). Daí em diante, Judá afastou-se cada vez mais do Senhor e envolveu-se na tentativa de sobreviver nas rápidas mudanças do jogo de poder no Oriente Médio. W.A.VG.

Strongs


תֹּוקַהַת
(H8445)
Ver ocorrências
Tôwqahath (to-kah'-ath)

08445 תוקהת Towqahath

procedente da mesma raiz que 3349; n. pr. m. Tocate = “esperança”

  1. pai de Salum, o marido da profetiza Hulda na época de Josias, rei de Judá

תִּקְוָה
(H8616)
Ver ocorrências
Tiqvâh (tik-vaw')

08616 תקוה Tiqvah

o mesmo que 8615; n. pr. m.

Ticva ou Ticvá= “esperança”

  1. pai de Salum, o esposo da profetiza Hulda na época de Josias, rei de Judá
  2. pai de Jazeías no tempo de Esdras

Locais

JUDÁ
O Reino de Judá limitava-se ao norte com o Reino de Israel, a oeste com a inquieta região costeira da Filístia, ao sul com o deserto de Neguev, e a leste com o rio Jordão, o mar Morto e o Reino de Moabe. Sua capital era Jerusalém.