Marcos, joão
Quem é quem na Bíblia?
Autor: Paul Gardner
Marcos, joão:Referências no Novo Testamento
A primeira referência a este Marcos no Novo Testamento aparece no relato da libertação miraculosa de Pedro da prisão em Jerusalém, onde fora colocado por ordem de Herodes Agripa (44 d.C.; At
A seguir, Marcos é associado com Barnabé e Paulo, os quais levaram uma ajuda financeira da igreja em Antioquia para os cristãos da Judéia que passavam necessidades devido à fome na região (46 d.C.; At
Em Antioquia, outra missão foi confiada aos três. Barnabé e Saulo foram designados pela Igreja a realizar uma viagem missionária (47 d.C.), a qual começou em Chipre, onde Barnabé havia morado (At
Sua participação, entretanto, nessa primeira viagem missionária aparentemente teve curta duração. Depois de ministrar em Chipre, os três navegaram para Perge da Panfília (At
v. 40). Barnabé, por sua vez, “levando consigo a Marcos, navegou para Chipre” (v. 39), a área onde seu sobrinho servira tão bem na vez anterior.
Alguém talvez julgue que a firmeza de Paulo em não permitir a participação de João Marcos na segunda viagem missionária significaria o fim de qualquer ministério juntos no futuro. O caso, porém, não foi esse. Em duas de suas cartas (60 a 62 d.C.), provavelmente escritas enquanto aguardava o primeiro julgamento em Roma, depois de completar sua terceira viagem missionária, o apóstolo refere-se a ele de forma apreciativa. Na carta aos Colossenses, Marcos é mencionado com outros cooperadores de Paulo como alguém que fora “uma consolação” para ele (Cl
A referência final a João Marcos no Novo Testamento ocorre numa das cartas de Pedro. Ele foi mencionado pela primeira vez em conexão com a libertação deste apóstolo da prisão em Jerusalém. Pedro encontrava-se em “Babilônia” [não se sabe ao certo se era uma região ou uma cidade] (64 d.C.) e Marcos estava com ele. A proximidade da comunhão entre ambos é indicada pelo tratamento do apóstolo: “meu filho” (1Pe
De acordo com Papias de Hierápolis (130 d.C.; citado por Eusébio na História Eclesiástica 3:39.15), Marcos prosseguiu no ministério com Pedro em “Babilônia”, como seu “intérprete” e compilador de seu ensino sobre “as coisas ditas e feitas pelo Senhor”. Esta última frase é uma descrição resumida do evangelho de Marcos. O testemunho de Papias serve para validar a utilidade e a autoridade do relato de Marcos para a Igreja primitiva.
Marcos também está relacionado com o estabelecimento de igrejas em Alexandria (Eusébio, H.E., 2:16.1). Segundo a tradição, foi martirizado lá (A Crônica Pascal), e seus restos mortais posteriormente foram transportados para Veneza, Itália.
Características e teologia do evangelho de Marcos
Embora todos os evangelhos compartilhem um propósito similar, ou seja, proporcionar aos leitores um relato sobre o ensino e o ministério de Jesus, os escritores que escreveram cada evangelho também trouxeram à obra conceitos e pontos de vista particulares, tanto pastorais como teológicos. Neste aspecto o relato sobre a vida e obra de Cristo é como um quadro pintado, que não somente reproduz o modelo, mas também revela algo sobre a pessoa que o compôs. Lido com isso em mente, algumas das características do evangelho de Marcos são entendidas à luz do breve esboço de sua vida, proporcionado pelas referências a ele no Novo Testamento (citadas acima).
O fracasso dos discípulos
Embora os evangelhos, cada um à sua maneira, relatem a luta dos discípulos com o entendimento da mensagem e do ministério de Jesus, o retrato de Marcos do fracasso e da falta de entendimento demonstrada constantemente pelos seguidores de Cristo é pintado de maneira mais contundente do que os outros. Ele mostra que os discípulos invariavelmente não entendiam as parábolas de Jesus (Mc
10) e suas predições sobre sua morte iminente (9:10,32). Falharam em entender o significado de suas obras poderosas, como acalmar o mar (4:40,41), andar sobre a água (6:49-52) e finalmente o abandonaram em sua maior angústia e dor (14:50).
Marcos inclusive concluiu seu evangelho com uma nota de fracasso. As mulheres que foram ao túmulo de Jesus e o encontraram vazio receberam a seguinte instrução: “Mas ide, dizei a seus discípulos, e a Pedro, que ele vai adiante de vós para a Galiléia” (Mc
Em parte, a ênfase de Marcos serve como um lembrete salutar de que os propósitos de Deus são realizados por pessoas falíveis. O próprio evangelista decepcionou na primeira viagem missionária, ao deixar Paulo e Barnabé sozinhos na Panfília. Embora não se saiba o motivo, a indisposição de Paulo em levá-lo novamente sugere que no mínimo considerava a atitude de Marcos indesculpável. Mesmo assim, as referências posteriores do apóstolo sobre ele demonstram que houve uma reconciliação e que Paulo não só aceitou seu envolvimento no ministério como o solicitou.
O avanço do reino
Marcos resumiu a mensagem de Jesus no início de seu evangelho: “O tempo está cumprido, e o reino de Deus está próximo. Arrependei-vos e crede no evangelho” (Mc
26) e à antecipação da comunhão com Ele no Reino de Deus (14:25).
Marcos foi testemunha do início da Igreja primitiva, desde seu nascimento em Jerusalém, quando se reunia em sua própria casa, até a extensão dos empreendimentos missionários que alcançaram todo o território do Império Romano. Anos mais tarde, como companheiro de Paulo e Pedro, observou o notável crescimento que resultou da ampla proclamação do Evangelho. Ainda assim, sempre lembrava a seus leitores que isso era obra de Deus. Quando os discípulos perguntaram a Jesus: “Então quem poderá salvar-se?” (Mc
O autossacrifício de Jesus e sua vindicação
Marcos não deixa dúvidas aos leitores sobre o principal assunto de seu evangelho, quando declara na primeira linha de seus escritos: “Princípio do evangelho de Jesus Cristo, Filho de Deus” (Mc
O padrão da vida de Jesus que Marcos coloca diante dos discípulos foi resumido desta maneira: “Pois o Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos” (Mc
Marcos revela que este era o plano de Deus para Jesus por meio da confissão do centurião que estava presente na crucificação: “Verdadeiramente este homem era o filho de Deus!” (Mc