Paulo de tarso
Dicionário de Jesus e Evangelhos
Autor: César Vidal Manzanares
Paulo de tarso: Paulo de Tarso Nascido com o nome de Saulo ou Saul (10 d. C.?) em Tarso, cidadão romano e membro da tribo de Benjamim, estudou em Jerusalém com o rabino Gamaliel e pertenceu ao rígido grupo dos fariseus (Fl 3). Próximo ao ano 33, participou do linchamento do judeu-cristão Estêvão (At 7). A caminho de Damasco para prender os cristãos desta cidade, teve uma visão de Jesus ressuscitado que o converteu à nova fé (1Co
Estabelecido na comunidade cristã de Antioquia até o ano 46, retornou a Jerusalém (At
Por volta do ano 48, Paulo escreveu a Epístola aos Gálatas, na qual deixa claro que:
1. a salvação vem pela fé, sem as obras da Lei, e os cristãos gentios não estão submetidos a esta;
2. essa afirmação é compartilhada pelos judeu-cristãos da Palestina;
3. o próprio Pedro aceitava esse ponto de vista, embora, em certa ocasião, não tivesse sido coerente com ele, mesmo por razões de estratégia missionária, o que provocou uma discussão com Paulo em Antioquia (Gl
Em torno do ano 49, Paulo participou do Concílio de Jerusalém, no qual se afirmou que a salvação vinha pela graça e não pelas obras da Lei (At
(At
Nesse mesmo ano, Paulo iniciou sua segunda viagem missionária, desta vez acompanhado de Silas, pela Ásia Menor, Macedônia e Acaia (At
A intervenção dos romanos e sua transferência para Cesaréia salvaram a vida de Paulo (At
A datação das cartas pastorais fixar-se-ia, então, por volta de 65, a não ser que se aceite o seu caráter deuteropaulino.
A partir dos estudos da escola de Tubinga no século XIX, a figura de Paulo vem-se contrapondo à de Pedro e demais dirigentes judeu-cristãos, assim como à de Jesus. Paulo não teria mostrado nenhum interesse pelo Jesus histórico; teria paganizado o cristianismo, adotando a divindade de Cristo e sua morte expiatória como eco das religiões mistéricas, e negado o valor da Lei. Apesar de tudo, Paulo seria o verdadeiro fundador do cristianismo posterior. Esse ponto de vista — bastante condicionado pelo hegelianismo por ver Pedro como tese, Paulo como antítese e o cristianismo como síntese — é, historicamente falando, totalmente insustentável, e sua repetição só pode ser explicada por um descaso absoluto pelo estudo das fontes, acompanhado da adoção de apriorismos procedentes da filosofia e não da ciência histórica.
Em muitos aspectos, Paulo foi um pensador original — e brilhante —, contudo sua originalidade relaciona-se mais com a forma do que com o pensamento, mais com a expressão do que com o conteúdo. Ambos são profundamente judeus e nada devem às religiões mistéricas: entre outras coisas, porque essas religiões não têm importância no império antes do século II d. C., porque também a idéia da vinda de um redentor a este mundo não está documentada nessas formas de espiritualidade antes do século II d. C. Por outro lado, Paulo não menospreza o Jesus histórico, mas o considera fundamento de sua pregação. Cita as suas palavras na Última Ceia (1Co
E ainda: a escatologia paulina (como se encontra, por exemplo, nas Epístolas aos Tessalonicenses) é descrita em termos que têm claríssimos paralelos com a apocalíptica judaica (e até não-cristã) do período. Em seu conjunto pode-se afirmar, com f. f. Bruce, que Paulo, embora difira no estilo do ensinamento de Jesus, repete suas ênfases fundamentais.
f. f. Bruce, Paul...; Idem, Acts...; Idem, Paul and Jesus, Grand Rapids 1982; W. D. Davies, Paul...; C. Vidal Manzanares, El judeo-cristianismo...; J. A. Fitzmyer, Teología de san Pablo, Madri 1975; E. P. Sanders, Paul...; Idem, Paul, the Law...; m. Hengel, The Pre-Christian Paul, Filadélfia 1991; E. Cothenet, San Pablo en su tiempo, Estella 1995; Resenha Bíblica n. 5, San Pablo, Estella 1995.
Locais
TARSO
Clique aqui e abra o mapa no Google (Latitude:36.917, Longitude:34.9)Nome Atual: Tarso
Nome Grego: Ταρσός
Atualmente: Turquia
Cidade universitária com cerca de 500.000 habitantes. Ponto de encontro entre o oriente e ocidente, entre gregos e orientais e terra de Paulo.