Cartas do Evangelho

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CAPÍTULO 22

CARTA AOS JOVENS


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Casimiro Cunha

Estás moço, meu amigo, E a estrada da juventude É um sonho alegre e florido De esperança e de saúde.

Tudo, em redor de teus passos, É vigor e fortaleza, Entusiasmos felizes Nas bênçãos da natureza.

É nessa fase da vida Que, muita vez, a ilusão Trabalha como um veneno Às forças do coração.

Que a experiência do velho Seja em tudo o teu espelho.

A luz dos cabelos brancos É um carinhoso conselho.

Que a tua impulsividade Se inutilize ou se torça;

Todo o mal da mocidade É dominar pela força.

O engano de quem é moço É a pretensão de poder, Vendo embora que a questão, Antes de tudo, é saber.

Alguém já disse no mundo, Perante os impulsos teus, Que a mocidade feliz É uma inimiga de Deus.

É que o jovem, meu amigo, No anseio de dominar, Destrói com toda a imprudência Sem saber edificar.

Não dispenses o velhinho Que, humilde, te estende a mão;

Sua palavra tranquila É luminosa lição.

Recordo-te, nesta carta, Um raciocínio profundo.

Sem que o velho houvesse andado, Não marcharias no mundo.

Acata-o, raciocinando Que, um dia, serás assim, Desiludido e cansado Quando a prova for ao fim.

Planta o bem no teu caminho.

Não fujas à caridade.

"Quem semeia ventanias Colhe a dor e a tempestade".

Guarda a fé. Ora e confia.

A paz há de ser-te imensa.

Se, entre as sombras da velhice, Tiveres a luz da crença.

A mocidade do mundo Passa, às vezes, no imprevisto.

Mas tê-la-ás, pura e eterna, Se andares com Jesus Cristo.







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