Cartas do Evangelho

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CAPÍTULO 19

CARTA AOS VELHOS


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Casimiro Cunha

Vens de longe no caminho, Exausto de combater.

Sim, meu irmão, a velhice É a hora do entardecer.

Por vezes, é uma hora triste De amargurosas lembranças Do barco em que viajavas, Entre sonhos e esperanças.

Da culminância do monte, Examinas a paisagem, E deploras os desvios De quem começa a viagem.

Às vezes te calas, triste.

Ninguém te quer atender, E choras porque conheces Os tóxicos do prazer.

Mas nunca te desanimes.

Prossegue em tua missão, Continua esclarecendo O mundo de provação.

Não desesperes, porquanto, Antigamente também Eras chamado à verdade E não ouviste a ninguém.

Quebraste serros e atalhos, Sem olhar a consequência.

Sofreste muito e ganhaste O ouro da experiência.

Perdoa. Quem viveu muito Tem muita compreensão.

Compreensão é bondade Que esclarece com perdão.

Meninos, moços e velhos, Nas lutas da humanidade, São três expressões ligeiras De um dia da eternidade.

Meninice e juventude São a alvorada louçã.

Velhice é a noite, porém, O dia volta amanhã.

O que é preciso no mundo De prova e de sofrimento, É que todos sejam velhos Nas luzes do entendimento.

Por isso, meu santo amigo, Não te canses em saber, Se tens muito que ensinar, Inda tens muito a aprender.

Conserva a tua esperança.

Guarda a paz do Mestre Amado.

A crença na tua noite É um firmamento estrelado.


Na antecâmara do Além, Deus te abençoe, meu irmão, Dilatando no caminho A luz do teu coração






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