Cartas do Evangelho
Versão para cópiaCARTA AOS VELHOS
Casimiro Cunha
Vens de longe no caminho, Exausto de combater.
Sim, meu irmão, a velhice É a hora do entardecer.
Por vezes, é uma hora triste De amargurosas lembranças Do barco em que viajavas, Entre sonhos e esperanças.
Da culminância do monte, Examinas a paisagem, E deploras os desvios De quem começa a viagem.
Às vezes te calas, triste.
Ninguém te quer atender, E choras porque conheces Os tóxicos do prazer.
Mas nunca te desanimes.
Prossegue em tua missão, Continua esclarecendo O mundo de provação.
Não desesperes, porquanto, Antigamente também Eras chamado à verdade E não ouviste a ninguém.
Quebraste serros e atalhos, Sem olhar a consequência.
Sofreste muito e ganhaste O ouro da experiência.
Perdoa. Quem viveu muito Tem muita compreensão.
Compreensão é bondade Que esclarece com perdão.
Meninos, moços e velhos, Nas lutas da humanidade, São três expressões ligeiras De um dia da eternidade.
Meninice e juventude São a alvorada louçã.
Velhice é a noite, porém, O dia volta amanhã.
O que é preciso no mundo De prova e de sofrimento, É que todos sejam velhos Nas luzes do entendimento.
Por isso, meu santo amigo, Não te canses em saber, Se tens muito que ensinar, Inda tens muito a aprender.
Conserva a tua esperança.
Guarda a paz do Mestre Amado.
A crença na tua noite É um firmamento estrelado.
Na antecâmara do Além, Deus te abençoe, meu irmão, Dilatando no caminho A luz do teu coração
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