Cartilha Da Natureza. A Criação
Versão para cópiaA ENCHENTE
Casimiro Cunha
O quadro é lindo e imponente Na calma da natureza, A massa d
'água é mais bela, Mais suave a correnteza.
O rio enorme extravasa, Conquistando as cercanias, Encaminha-se às baixadas, Desce às furnas mais sombrias.
A torrente dilatada Estende a dominação, Refresca e fecunda o solo Nas zonas de plantação.
Mas, em haurir-lhe a grandeza, Os bens, a virtude, a essência, Precisa-se em toda parte Muita luta e previdência.
Aterros, diques, cuidados, Trabalhos e sacrifícios, Todo esforço é necessário Por colher-lhes os benefícios.
Sem isso reduz-se a enchente Às grandes devastações, Ameaças, lodo e vermes, Mosquitos, flagelações.
A abundância generosa Foi vista e considerada;
Entretanto, a imprevidência Guarda a lama envenenada.
Reconhecendo a beleza Deste símbolo profundo, Podemos ver no seu quadro Muita gente deste mundo.
O poder, a autoridade, A fortuna, a inteligência, São enchentes dadivosas Da Divina Providência.
Mas, se o homem não vigia, É várzea que inspira dó.
A abundância não lhe deixa Mais que lodo, lixo e pó.