Capítulo III

Estudando a riqueza


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Não é somente o Rico da Parábola (Lc 12:16) o grande devedor diante da vida.

A fortuna amoedada é, por vezes, simples cárcere.

Há outros avarentos que devemos recordar em nossa viagem para a Luz Maior.

Temos, conosco, os sovinas da inteligência, que se ocultam nas floridas trincheiras da inércia;

os abastados da saúde que desamparam os aflitos e os doentes;

os privilegiados da alegria que cerram a porta aos tristes, isolando-se no oásis de prazer;

os felizes da fé que procuram a solidão, a pretexto de se preservarem contra o pecado;

os expoentes da mocidade que menosprezam a velhice;

os favorecidos da família terrestre, que olvidam os andarilhos da penúria que vagueiam sem lar.


Todos esses ricos da experiência comum contraem pesados débitos para com a Humanidade.

Lembremo-nos de que o Tesouro Real da Vida está em nosso coração.

Quem não pode doar algo de si mesmo, na boa vontade, no sorriso fraterno ou na palavra sincera de bondade e encorajamento, debalde estenderá as mãos recheadas de ouro, porque só o amor abre as portas da plenitude espiritual e semeia na Terra a luz da verdadeira caridade, que extingue o mal e dissipa as trevas.

A pobreza é mera ficção.

Todos temos algo.

Todos podemos auxiliar.

Todos podemos servir.

E, consoante a palavra do Mestre, “o maior na vida será sempre aquele que se fizer o devotado servidor de todos”. (Mt 23:11)




(Reformador, julho 1952, p. 158)



Emmanuel
Francisco Cândido Xavier


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