Escrínio de Luz

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Capítulo XXVIII

Caridade conosco


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À frente do companheiro que avança em tua companhia na senda redentora, não te refugies na indiferença.

Ajuda-o com a tua palavra estimulante e estarás colocando a fraternidade no vaso da própria mente.


Se surpreendido pelo ataque dos maledicentes e dos ingratos, não te associes à revolta.

Ampara-os com o esquecimento de todo mal e estarás cultivando a paciência no solo da própria alma.


Diante dos choques desferidos sobre o teu sentimento pelos maus, não te confies à desesperação.

Fortalece-te para auxiliá-los, quando a oportunidade de cooperação amiga voltar novamente e estarás entronizando o verdadeiro amor no imo do próprio ser.


Quando a dificuldade ou o problema te buscarem à porta, não abraces a mentira brilhante da fuga.

Esforça-te por recebê-los dignamente, incorporando-lhes as lições à tua economia sentimental e estarás enriquecendo o teu imperecível tesouro de experiências.


Perante a deserção de alguém, não te cristalizes no pranto inativo e preguiçoso.

Prossegue no trabalho que o Alto te confiou e estarás engrandecendo a fé, no templo de tuas melhores aspirações.


Se a maldade se aproxima, tecendo comentário aleivoso e cruel, não te entregues à onda escura do verbo desvairado e infeliz.

Usa palavras de bondade e entendimento e estarás plantando a virtude, no campo da própria vida.


Se a cólera e a incompreensão te requisitarem o espírito a duelos torpes e inúteis, não caias no nível de sombra em que se expressam.

Socorre os interlocutores com silêncio ou com o serviço e estarás cultuando a humildade no domicílio dos próprios ideais.


É preciso recordar o impositivo da caridade conosco, porque o nosso coração é uma taça que ainda trazemos repleta do veneno de nossos impulsos primitivistas, por tigrina recordação de outras eras.

Purifiquemos, auxiliemos, esperemos, sirvamos, toleremos e humilhemo-nos, praticando a renúncia construtiva, na compreensão e na aplicação dos deveres que nos unem ao Evangelho do Cristo e lavaremos o velho cálice de nossas emoções, substituindo os tóxicos da vaidade e do orgulho, da treva e do egoísmo, pela Água Viva do Infinito Bem que passará, então, a jorrar de nossa vida, para benefício de todos.

Caridade com os outros é dar o que retemos. Caridade conosco é dar de nós.




Emmanuel
Francisco Cândido Xavier

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