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Capítulo XI

Em louvor dos outros


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TEMA — Necessidade de beneficência.


Quando alguém te induza a esquecer o impositivo do amparo aos outros, pensa em ti mesmo. Observa as provações que te rodeiam os próprios passos, malgrado as facilidades que te coroam a vida.

Tens a casa relativamente farta, com as refeições a teu gosto, e sofres o impacto de lutas que te amargam as horas; pensa naqueles que atravessam a existência não somente supliciados de angústia, mas também absolutamente desprovidos de teto a que se acolham.

Tens suficiente conforto material para ofertar aos descendentes queridos e podes brindá-los com apoio cultural, preparando-os dignamente para o trabalho e, muita vez, sofres com eles preocupações inquietantes, que te furtam qualquer disposição à tranquilidade; pensa naqueles que não apenas se atormentam com as inibições e necessidades dos filhos do coração, mas também carregam a dor inexprimível de sabê-los relegados à doença e à penúria, por falta de recursos essenciais à própria sustentação.

Tens repouso e remédio para as ocasiões de refazimento e cansaço e sofres opressiva ansiedade à frente dos problemas que te surgem na vida, obrigando-te a caminhar qual se estivesses sob chuva de brasas; pensa naqueles que não somente suportam a cabeça esfogueada de aflição, mas também não dispõem da menor possibilidade de descanso e medicação para as horas de sofrimento.

Tens contigo os tesouros da instrução que te abrem as portas ao intercâmbio com os mais belos espíritos da Humanidade, através da palavra escrita, e sofres desorientação ou incerteza, quando as provas te desafiam; pensa naqueles que não apenas desconhecem a direção espiritual, mas também não possuem quaisquer meios de acesso ao auxílio mais amplo da inteligência por haverem transitado na infância e na juventude sem o socorro da escola.

Conservas disponibilidades preciosas e conheces, de perto, suplícios físicos e morais que te fazem solicitar do Senhor amparo e inspiração nos instantes difíceis; pensa naqueles que resistem a provações muito mais ásperas que as tuas, sem arrimo que lhes favoreça o consolo ou a restauração.

Reflete nisso e deixa que a beneficência te inspire a jornada na Terra.

A caridade é luz da Vida Superior, cujos raios reconstituem a saúde e a alegria da alma, na condição de terapia divina. Por ela, deitarás bálsamo curativo nas grandes chagas alheias e, com ela, tornarás, cada dia, para as tuas dores menores, rendendo graças a Deus.




Emmanuel
Francisco Cândido Xavier


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