Justiça Divina

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Capítulo LIII

Compromissos em nós


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Reunião pública de 25-8-1961.

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Considerando as elevadas missões dos Espíritos que se agigantaram nos louros da virtude, reflitamos nos compromissos anônimos que rogamos, com ardor, em nós e por nós.


Encontraste o marido ideal e a abastança doméstica; no entanto, recebeste no próprio sangue o filho retardado que te corta o coração por difícil problema.

Um dia, compreenderás que, noutras épocas, foi ele o companheiro que induziste à loucura.


Dispões de títulos respeitáveis para luzir nos encargos mais nobres e padeces uma esposa mentalmente fixada na fronteira do hospício.

Um dia, compreenderás que, em estradas distantes, foi ela a parceira menos feliz, em cujos pés colocaste lama escorregadia, para que resvalasse, desamparada, na esquina do sofrimento.


Tens dinheiro e instrução, mas carregas um pai irascível e intransigente, que mais se assemelha a um tigre de sentinela.

Um dia, compreenderás que ele vive assim por defeitos da educação que lha impuseste em outra existência.


Percebes a grandeza da obra de que te responsabilizas, sem achar colaborador que te dê mão no trabalho, arrostando, sozinho, a obrigação de fazer.

Um dia, compreenderás que te valias, ontem, da confiança alheia para tiranizar os que mais te amavam, e lutas, hoje, desentendido, para te libertares da violência.


Possuis conhecimentos admiráveis e legiões de amigos que tudo fazem por ajudar-te; contudo, amargas penosa anormalidade orgânica, à maneira de espinho oculto.

Um dia, compreenderás que a mutilação e a deformidade, a inibição e a moléstia constituem remédios nos pontos fracos da própria alma.


Desfrutas mediunidade notável e não consegues outro mister que não seja o consolo e o apaziguamento na própria casa.

Um dia, compreenderás que carecias de longo tempo, desempenhando a função de bússola viva para alguns poucos viajantes do mundo, arrojados por ti mesmo nas trevas das grandes provas.


Acalentas projetos superiores, exaltando anseios de ascensão e sonhas de arte; no entanto, gastas o próprio corpo, dobrando a cerviz sobre o tanque ou lavando pratos e caçarolas.

Um dia, compreenderás que para sermos livres é preciso escravizar-nos, por algum tempo, ao pé daqueles que, por algum tempo, nos foram também escravos.


Bendizes as dores desconhecidas que te pungem, silenciosas!

Agradece as ocupações ignoradas que pediste alegremente, na 5ida Espiritual, e que, muita vez, exerces chorando na vida física.

Se ninguém, na Terra, te anota o serviço obscuro, recorda que Deus te vê! Se todos te desprezam, à face das tuas atividades supostas insignificantes e humildes, ainda mesmo por entre lágrimas, regozija-te nelas, aguardando o futuro.

Ninguém consegue realmente ser grande, quando não aprendeu a ser pequenino.




Emmanuel
Francisco Cândido Xavier


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