Opinião espírita

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Capítulo XLVI

Na trilha da caridade


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Se já podes sentir a felicidade de auxiliar, imagina-te no lugar de quem pede.

Provavelmente, jamais precisaste recorrer à mesa do próximo, para alimentar um filho estremecido e nem saibas quanto dói a inquietação, nas salas de longa espera, quando se trata de mendigar singelo favor.

Quantos nos dirigem o olhar molhado, suplicando socorro, são nossos irmãos…

Talvez nunca examinaste os prodígios de resistência dos pequeninos sem prato certo que te abordam na rua e nunca mediste a solidão dos que atravessam moléstia grave, sem braço amigo que os assista, no sofrimento, a se arrastarem nas vias públicas, na expectativa de encontrarem alguém que lhes estenda leve apoio contra o assédio da morte.

Muitos dizem que há entre eles viciações e mentiras, que nos compete evitar em louvor da justiça e ninguém pode contrariar a justiça, chamada a reger a ordem.

Será justo, no entanto, verificar até que ponto somos culpados pelo desespero que os fizeram cair em semelhantes desequilíbrios e até onde somos também passíveis de censura por faltas equivalentes.


Deus nos dá para que aprendamos também a distribuir.

Assegura a disciplina, mas lembra-te de que o Senhor te agradece a bagatela de bondade que possas entregar, em favor dos que sofrem, e a palavra de reconforto que graves no coração torturado que te pede esperança.

Trabalha contra o mal, no entanto, recorda que as leis da vida assinalam a alegria da criança desditosa a quem deste um sinal de bondade respondem as orações do velhinho que te recolhe os testemunhos de afeto, exclamando: “Deus te abençoe”.

A caridade em cada gesto e em cada frase acende o clarão de uma bênção. Será talvez por isso que a Sabedoria Divina ergueu o cérebro, acima do tronco, por almenara de luz, como a dizer-nos que ninguém deve agir sem pensar, mas entre a cabeça que reflete e as mãos que auxiliam, situou o coração por fiel sublime.




(Psicografia de Francisco C. Xavier)



Emmanuel
Francisco Cândido Xavier

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