Religião dos espíritos

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Capítulo XVI

Mediunidade e dever


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Reunião pública de 2 de Março de 1959

de “O Livro dos Espíritos”


No campo da mediunidade, não olvides que o dever retamente cumprido é a bússola que te propiciará rumo certo.

Deslumbrar-te-ás na contemplação de painéis assombrosos na Esfera extrafísica, mas, se não enxergas o quadro das próprias obrigações a fim de atendê-las honestamente, a breve espaço sofrerás a espionagem das inteligências que pervagam nas trevas, a converterem-te as horas em pasto de vampirismo.

Escutarás sublimes revelações, inacessíveis ao sensório comum; todavia, se não estiveres atento para com as ordenações da consciência laboriosa e tranquila, em pouco tempo serás ouvido pelos agentes da sombra a enredarem-te os passos no fojo de perturbações aviltantes.

Assimilarás o influxo mental de Espíritos nobres, domiciliados além da Terra, e transmitir-lhes-ás a palavra construtiva em discursos admiráveis; contudo, se não demonstras reta conduta à frente dos outros, no exemplo vivo do trabalho e do entendimento, sem demora te encontrarás envolvido nas vibrações de criaturas retardadas e delinquentes, a chumbarem-te os pés na fossa da obsessão.

Psicografarás páginas brilhantes, nas quais a ciência e a fé se estampam, divinas; no entanto, se teus braços desertam do serviço santificante, transformar-te-ás facilmente no escriba da vaidade e da insensatez.

Fornecerás importantes notícias do mundo espiritual, utilizando recursos ainda ignorados pela percepção dos teus ouvintes; entretanto, se foges do estudo que te faculta discernimento, serás para logo detido no nevoeiro da ignorância.

Se a mediunidade evidente é tarefa que te assinala o roteiro, não te afastes dos compromissos que a vida te impõe.

Sobretudo, lembra-te sempre de que o talento mediúnico, encerrado nas tuas mãos, deve ser a tela digna em que os mensageiros da Espiritualidade Maior possam criar as obras-primas da caridade e da educação, porquanto, de outro modo, se buscas comprazimento na indisciplina, do pano roto de tuas energias descontroladas surgirá simplesmente a caricatura das bênçãos que te propunhas veicular, debuxada pelos artistas do escárnio, que se valem da fantasia, a detrimento da luz.




Emmanuel
Francisco Cândido Xavier

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