Religião dos espíritos

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Capítulo XXXIX

Amanhã


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Reunião pública de 1.° de Junho de 1959

de “O Livro dos Espíritos”


Muitas vezes, por semana, repetimos a palavra “amanhã”.

Costumamos dizer “amanhã” para o vizinho que nos pede cooperação e consolo.

Habitualmente relegamos para amanhã toda tarefa espinhosa.

Sempre que surge a dificuldade, pedindo maior esforço, apelamos para amanhã.

Sem dúvida, o “amanhã” constitui luminosa esperança, com a renovação do Sol no caminho, mas também representa o serviço que deixamos de realizar.

É da lei que a conta durma com o devedor, acordando com ele no dia seguinte.

No instituto da reencarnação, desse modo, transportamos conosco, seja onde for, as oportunidades do presente e os débitos do passado.

É assim que os ricos de hoje, enquistados na avareza e no egoísmo, voltarão amanhã no martírio obscuro dos pobres, para conhecerem, de perto, as garras do infortúnio e as duras lições da necessidade; e os pobres, envenenados de inveja e ódio, retornarão no conforto dos ricos, a fim de saberem quanto custam a tentação e a responsabilidade de possuir; titulados distintos do mundo, quais sejam os magistrados e os médicos, quando menosprezam as concessões com que o Senhor lhes galardoa o campo da inteligência, delas fazendo instrumento de escárnio às lutas do próximo, ressurgirão no banco dos réus e no leito dos nosocômios, de modo a experimentarem os problemas e as angústias do povo; filhos indiferentes e ingratos tornarão como servos apagados e humildes no lar que enlameiam, e pais insensatos e desumanos regressarão no tronco doméstico, recolhendo nos descendentes os frutos amargos da criminalidade e do vício que cultivaram com as próprias mãos; mulheres enobrecidas que fogem ao ministério familiar, provocando o aborto delituoso pela fome de prazer, reaparecerão enfermas e estéreis, tanto quanto homens válidos e robustos, que envilecem a vida no abuso das forças respeitáveis da natureza, ressurgirão na ribalta do mundo, carregando no próprio corpo o desequilíbrio e a moléstia que adquiriram, invigilantes.


Não te esqueças, portanto, de que o bem é o crédito infalível no livro da eternidade, e recorda que o “depois” será sempre a resultante do “agora”.

Todo dia é tempo de renovar o destino.

Todo instante é recurso de começar o melhor.

Não deixes, assim, para amanhã o bem que possas fazer. Faze-o hoje.




Emmanuel
Francisco Cândido Xavier

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