Capítulo IX

Na hora da caridade


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Não te furtarás ao serviço de emenda e nem recusarás as constrangedoras obrigações de restaurar a realidade, mas unge o coração de brandura para corrigir abençoando e orientar construindo!…


A dificuldade do próximo é intimação à beneficência, no entanto, assim como é preciso condimentar de amor o pão que se dá para que ele não amargue a boca que o recebe, é indispensável também temperar de misericórdia o ensino que se ministra para que a palavra esclarecedora não perturbe o ouvido que o recolhe.


Na hora da caridade, não reflitas apenas naquilo que os irmãos necessitados devem fazer, considera igualmente aquilo que lhes não foi possível fazer ainda!…


Coteja as tuas oportunidades com as deles.

Quantos atravessaram a infância sem a refeição de horário certo e quantos se desenvolveram, carregando moléstias ocultas!

Quantos suspiram em vão pela riqueza do alfabeto, desde cedo escravizados a tarefas de sacrifício e quantos outros cresceram em antros de sombra, sob as hipnoses da viciação e do crime!…

Quantos desejaram ser bons e foram arrastados à delinquência no instante justo em que o anseio de retidão lhes aflorava na consciência e quantos foram colhidos de chofre nos processos obsessivos que os impeliram a resvaladouros fatais!


Soma as tuas facilidades, revisa as bênçãos que usufruis, enumera as vantagens e os tesouros de afeto que te coroam os dias e socorre aos companheiros desfalecentes da estrada, buscando soergue-los ao teu nível de entendimento e conforto.


Na hora da caridade, emudece as humanas contradições e auxilia sempre, mas sempre clareando a razão com a luz do amor fraterno, ainda mesmo quando a verdade te exija duros encargos, semelhantes às dolorosas tarefas da cirurgia.




Emmanuel
Francisco Cândido Xavier

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