Jesus e o Evangelho (Série Psicologica Joanna de Ângelis Livro 11)

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O egoísmo - Ev. Cap. XI - Item 11

O egoísmo - Ev. Cap. XI - Item 11

Tratai todos os homens como quereríeis que eles vos tratassem.


Lucas 6:31

O egoísmo é úlcera moral que degenera o organismo espiritual da criatura humana. Remanescente do primarismo que lhe é dominante, responde por incontáveis males que a afligem assim como à sociedade, dificultando o progresso que é fatalidade inevitável.

A terapia eficiente para tão terrível flagelo é o altruísmo, por desenvolver os sentimentos superiores que defluem da razão e do discernimento, ampliando as possibilidades de crescimento interior de cada um no rumo do Infinito.

Sabe disfarçar-se de variadas maneiras, justificando-se com habilidade, a fim de prosseguir como agente de destruição dos bens da vida.

Uma atitude de firmeza ante os objetivos morais a serem conquistados deve caracterizar todo aquele que pretende evoluir, libertando-se desse inclemente algoz, que permanece devorando ideais e submetendo as massas ao seu talante infeliz.

O Homem-Jesus enfrentou-o em toda a Sua trajetória e soube freá-lo nas suas investidas de orgulho ferido, de inveja sistemática, de pessimismo, de presunção descabida.

N'Ele encontramos o exemplo máximo do altruísmo afetuoso, mas não servil, em razão do Seu sentimento equilibrado.

Harmônico, à luz da Psicologia Profunda, tudo, em Jesus, é exemplo de equilíbrio e sabedoria.

De temperamento introspectivo, jamais se apresentou conturbado ou receoso, depressivo ou tímido. A Sua introspeção podia ser compreendida em razão da Sua realidade de Ser interexistente, vivendo o mundo físico, objetivo, imediato, e o mundo espiritual, extrafísico, transcendental, nunca se permitindo deter em uma esfera vibratória sem participação ativa na outra.

A Sua foi e permanece sendo uma psicologia totalmente diversa da conhecida, antes ou atualmente, porque assentada em um biótipo sentimental, nunca, porém, sentimentaloide, que compreendia as dores do mundo e procurava diminuí-las sem atormentar-se. Os Seus eram valores espirituais que jorravam em abundância do Seu mundo interior como música vibrante, possuindo recursos não convencionais e não conhecidos, que transformava em ação vital para atender àqueles que O buscavam. Sempre espontâneo, jamais se permitiu manipular por qualquer pessoa ou poder existente, seja por imposição externa ou chantagem emocional, por medo ou por interesse subalterno, fazendo exatamente o que Lhe parecia melhor para aqueles por quem viera.

Portador de uma forma diferenciada de agir era sempre genuíno, profundo e livre de qualquer injunção que Lhe maculasse a conduta. Todas as Suas ações eram altruísticas, mesmo que ameaçando a Sua existência segura na forma de apresentar-se e na maneira de realizar o que deveria. Decidido, não se permitia qualquer tipo de hesitação ou de conformidade com o estabelecido, procurando demonstrar o sentido exato e significativo da existência terrena.

Sempre acolitado pelas mulheres que n'Ele encontravam apoio e inspiração, conforto e roteiro para o prosseguimento nas suas tarefas, manteve-se indene a todas as atrações especiais ou a particularismos decorrentes da Sua configuração masculina.

Da mesma forma agiu em relação aos amigos e aflitos que O buscavam, mantendo-se integérrimo, elegendo, obviamente, aqueles que eram fiéis aos postulados que difundia e às ações que vivenciava, de modo a estimulá-los ao prosseguimento dos compromissos assumidos.

No Seu sentimento não existia lugar para ciúme ou disputa, para susceptibilidades ou ressentimentos, porquanto, humanizando-se, não abdicava da Sua procedência espiritual superior, identificando em todas as criaturas a semelhança de Deus, que equivale à procedência inicial, que as torna dignas e credoras de consideração e amor em todas as circunstâncias.

Ainda do ponto de vista da Psicologia Profunda, o HomemJesus rompeu com o fator denominado alucinação masculina, não se firmando somente nesse lado positivo da Sua condição terrenal, tampouco fixando-se na alucinação feminina da fragilidade e da emotividade desordenada da mulher de então, tornando-se o ser fundamental, total e irretocável do pensamento histórico.

Esse sentimento harmônico foi Sua característica essencial, que se nos apresenta como a única forma de poder entender-se o Homem-Jesus, o Filho de Deus, jamais deificado na Sua humanidade, pois que se assim o fora Lhe tiraria toda a grandezae eloquência do ministério, colocando-O acima das injunções convencionais e próprias de todos os seres com os quais conviveu e orientou, propondo-lhes o Reino dos Céus, que afirmava encontrar-se no próprio coração, simbolicamente a área do sentimento.

Jesus o demonstrou quando afirmou que são bem-

aventurados os puros de coração, exaltando a faculdade de amar e de ser altruísta a todo aquele que se Lhe acerca.

Ele não se misturava ao coletivo, embora estivesse nas massas, evitando sempre o condicionamento da cultura da época e suas exigências absurdas quão mesquinhas.

Ele inaugurou um novo modo de viver, uma nova psicologia de comportamento, uma diferente experiência de compreensão da vida.

Jamais se apegou a qualquer coisa: valores terrestres, projeção social e política, que são peculiares à natureza humana em determinado estágio da evolução, e que constituem infantilidade moral-espiritual compatível com as exigências do mundo exterior.

A Sua conduta foi irrepreensível e a Sua alegria de servir ao Pai, através dos Seus irmãos, demonstrou o verdadeiro sentido do altruísmo, que deve frondejar nos sentimentos gerais.

É tão extraordinária a figura psicológica de Jesus-Homem que Ele não se repetia, não se permitia redundâncias, monotonias, sendo um incansável conquistador de novas experiências iluminativas para os discípulos, utilizando-se da didática maiêutica, sempre encorajando todos ao autocrescimento e tornando-se Modelo sem aparência presunçosa e humilhante, em face da afabilidade e simplicidade com que se conduzia.

A Sua espontaneidade foi enriquecedora, facultando que todos se lhe acercassem com naturalidade e confiança, compartilhando do conhecimento de que era dotado, experimentando o conforto moral que d'Ele se irradiava em silêncio ou verbalmente.

Toda a Sua existência foi uma sinfonia profunda de amor, que se alcandora aos extremos da caridade total por identificar no ego das criaturas o adversário soez e extravagante, responsável pelas desídias, pelo inconformismo, pelas ambições desnaturadas que, levadas ao extremo, fomentam as guerras e geram os infortúnios que vêm atravessando os tempos. Enquanto o egoísmo conspira contra a caridade, esta lhe é a terapia eficiente, única de que dispõe a vida para desenvolver os sentimentos de fraternidade e de justiça entre os homens.

A medida que o ser humano adquira conhecimento e desenvolva o sentimento de dignificação, o egoísmo cederá passo a uma nova mentalidade psicológica e comportamental, portadora de saúde tanto quanto de enriquecimento emocional para captar a felicidade a que todos aspiram.

Nunca será demasiado esperar-se que esse sentimento de caridade tenha início no imo e se espraie alterando a paisagem terrestre, sem esperar que outrem o faça, o que pode representar um mecanismo egoico de transferência de oportunidade e de realização.

Quando o homem se impregna do sentimento de amor sem jaça, naturalmente sintoniza com o psiquismo do Homem-Jesus, passando a receber-Lhe a inspiração, ao tempo em que frui emoções incomuns que se caracterizam pela alegria de viver e de agir.

A caridade proporciona segurança social, respeito pela natureza em todas as suas expressões, motivação para uma vida engrandecida.

Ela expressa como nenhuma outra proposta transformadora a Lei de amor, que é a alma da vida.

Em Jesus não há tragicidade, conforme se observa na conduta de outros líderes, de outros homens, porque Ele soube converter a desgraça em fator de elevação como lição na qual as ocorrências são sempre instrumentos do processo de crescimento para Deus, sejam sob quais formas se apresentem.

Igualmente, nunca houve comédia, a alegria vulgar com que se pretende justificar a frivolidade egoística. Na Sua seriedade pairavam doçura e jovialidade, configuradas na beleza que se exteriorizava acalmando paixões e orientando vidas. Por isso recomendou que se tratassem todos os homens como se quereria que eles os tratassem.




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Lucas 6:31

E, como vós quereis que os homens vos façam, da mesma maneira lhes fazei vós também.

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