Abençoa Sempre

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Capítulo VI

Serviço cristão


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Meus amigos, que a paz de Jesus permaneça conosco ainda e sempre. Meu coração, nesta noite, é um vaso de lágrimas. Lágrimas de alegria e reconhecimento.

O céu chora cada noite, na bênção do orvalho silencioso, para fecundar a terra e, por vezes, nosso coração, além das sombras da morte, também verte o pranto da gratidão e do júbilo para fertilizar antigas esperanças e santas aspirações que o sepulcro nunca destrói.

Naturalmente, o sentimento do filho, do esposo e do pai fala mais alto em minhalma e quisera realmente materializar-me aqui, à frente de todos, para num abraço de carinho aos entes amados, lhes dizer do agradecimento profundo que me toma os recessos do ser.

Minha mãe, minha esposa, e minha filha são, porém, desde muito, as joias sagradas e preciosas que me adornam a vida. São o tesouro que me enriquece o passado e o jardim que me perfuma o presente e me engrandecerá o futuro.

Todas as alegrias com que me regozijo agora, devo a elas, luzes abençoadas do meu destino e vivendo particularmente no coração de cada uma, experimento a felicidade sempre maior, suscetível de ser encontrada no caminho da perfeita compreensão.

É, por isto, que, nesta noite, se pronuncia aqui, sobretudo, com mais calor, o meu Espírito de irmão e de companheiro.

Nosso centro consagrado a Jesus é o lar de nossas almas.

Aqui, aprendemos a caminhar entre os abrolhos da Terra, a esquecer os espinhos da jornada, a recolher as flores da esperança, a selecionar os nossos desejos, a centralizar aspirações na Esfera Superior e a marchar para a frente e para o alto sob o patrocínio do Mestre Querido que buscamos com todo o fervor da confiança vitoriosa.

Nem sempre, meus amigos, conseguimos entender toda a importância de um domicílio de luz espiritual com que possamos inflamar consciência e coração nos ideais superiores.

Comumente, é necessário perdermos a dádiva do corpo a fim de perceber a grandeza de uma fonte em que dessedentemos o coração, sequioso de paz e esclarecimento.

Mas, presentemente, posso aquilatar, com mais exatidão, a oportunidade da iniciativa que nos compeliu a materializar aqui em nossa amada cidade de Muriaé, o nosso Grupo de estudos evangélicos.

Sumamente feliz, portanto, sinto-me viver em vocês todos, na sinceridade e no objetivo com que se reúnem aqui e rogo ao Senhor nos fortaleça no caminho das nossas realizações mais altas.

A sementeira promete as mais preciosas árvores do porvir.

Por agora, as dificuldades ainda se multiplicam. Tempestades costumam acenar-nos de longe e, por vezes, os vermes da discórdia tendem a neutralizar nosso esforço, ameaçadores; entretanto, não é só a convicção que vibra em nosso raciocínio, não são apenas os cálculos acerca da outra vida as operações mentais que nos mobilizam o pensamento; o Evangelho está brilhante, em derredor de nossos corações redivivos na fé renovadora e santificante, sob o patrocínio de Gabriel e de tantos outros Benfeitores que nos auxiliam e socorrem, nos ensinam e salvam…

Sabemos, agora, que éramos cegos e que Jesus nos curou, compadecido e bondoso; que éramos loucos perseguindo interesses transitórios do campo material e que o Senhor nos reajustou o juízo e o equilíbrio; que éramos paralíticos no catre de velhas fraquezas, desajudados de nossa insignificância, mas que o Divino Mestre nos restituiu ao movimento e à vida; que éramos sofredores endividados e que o Amigo Celestial veio ao nosso encontro, reformando-nos os títulos de esperança.

Amigos, dentro dessa doce certeza na eternidade e no império do amor com a justiça, trabalhemos, cada vez mais, na extensão das bênçãos que o Espiritismo Evangélico nos trouxe.

Nossa casa não é somente um templo que espera por Cristo; é também um campo bendito de trabalho, dentro do qual, todos podemos e devemos individualmente cooperar com Ele.

A Doutrina é crença e consolação, mas, acima de tudo, é serviço cristão com impulso renovador.

Estendamos as flores e os frutos de nossa lavoura sublime, além de nossos passos pela propaganda vivida e diária da bondade e do entendimento com sacrifício pessoal de nossos caprichos e com desvelado amor a execução da vontade soberana e augusta do Senhor.

Trabalhemos, assim, cada vez mais, amparando-nos, reciprocamente, nos círculos de ação edificante a que fomos chamados.

Pequeninos são os deveres e leves as obrigações, com Jesus à nossa frente, de vez que o galardão do aprendiz fiel excede sempre ao nosso escasso mérito.

De almas entrelaçadas na fé viva que nos reúne, ajustemos nosso espírito ao Divino Modelo.

Esta, em resumo, é a essência de minha carta singela, nesta noite, em que meu espírito se une a todos os familiares queridos e aos queridos companheiros, sentindo em cada um a continuidade de mim mesmo.

E aqui, cessam as letras para que as vibrações de meu carinho se multipliquem, indefinidamente, em derredor de todos. Recebam as lágrimas de minha alegria e de minha gratidão.

E que estejamos com Jesus, tanto quanto Jesus está conosco, é o maior desejo do irmão reconhecido.




(Página recebida pelo médium Francisco Cândido Xavier, em Muriaé, Minas, em reunião de 6 de junho de 1949.)



Alcino
Francisco Cândido Xavier


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