Adeus Solidão
Versão para cópiaRosemari Daurício
Rosemari Daurício — Rose, como carinhosamente a chama D. Therezinha de Jesus Beraldo, sua genitora — nasceu em São Paulo a 27 de outubro de 1953, deixando nosso convívio, em decorrência de acidente de trânsito, com 23 anos, no dia 18 de dezembro de 1976, na capital paulista.
Filha única, inseparável companheira da mãezinha, convivendo ambas com ingentes dificuldades materiais, sua vida foi um constante testemunho de amor e de respeito a tudo que a cercava.
Seis meses antes, previu a morte, lembrando às pessoas mais chegadas que “estava de partida para a outra vida, onde prestamos contas de nossos atos”.
Da separação até o reencontro, com a mensagem mediúnica recebida por Chico Xavier, assim nos falou D. Therezinha:
DEPOIMENTO
“Rose partiu para a Pátria Espiritual, quando chegava o Natal de 1976. Para mim, o mundo acabou. Sempre às voltas com os calmantes, emagrecendo, em poucos meses, mais de vinte quilos, resolvi ir a Uberaba conhecer o Chico, pois nunca o tinha visto, sequer pela televisão ou revistas.
Devo minha vontade de continuar vivendo a Chico Xavier, a quem peço a Deus abençoar, fortalecer, para a continuidade de suas tarefas, pois, foi o Chico que me transmitiu e transmite força para prosseguir lutando na Terra, até chegar minha hora de partir.”
MENSAGEM
Querida mamãe, abençoe sua filha. Venho pedir seu auxílio.
Meu avô Francisco e minha tia Maria velam por mim e me receberam de braços abertos.
Recorde a lembrança de Jesus que ofereci à senhora antes de vir para cá. Jesus protegerá seus dias, querida mamãe.
Não julgue que procurei a morte para prestar-lhe auxílio. Minha querida mãe Therezinha, eu não faria isso. Éramos nós duas a lutar pela vida, escoradas uma na outra.
Não teria coragem de abandoná-la, porque a senhora nunca me abandonou. Acontece que eu pensava distraidamente nas festas de Natal, quando perdi o controle do volante e me deixei esmagar por outra máquina.
Simples encontro de máquinas e a provação no meio do assunto, para que os princípios da vida se cumprissem.
A única tristeza que ainda tenho é a de vê-la em lágrimas incessantes, julgando que sua filha teria procurado a morte, para que seguros e pensões lhe dessem a tranquilidade merecida.
Isso não aconteceu. O desastre não foi provocado. Sofri as consequências de alguma vida passada que ainda não sei penetrar. Meu avô Beraldo promete explicar-me, logo que eu a veja serenada.
Não chore mais, nem se sinta sozinha. Muitos parentes do lado Daurício e da parte Beraldo estão me auxiliando.
Por outro aspecto, não creia que namorados ou afeições da Terra me fizessem desiludida. Trabalhava com ânimo firme e pretendia continuar os estudos, para que nós duas encontrássemos um futuro melhor. As leis de Deus, porém, me trouxeram mais cedo.
Agora, peço-lhe calma. Tudo está melhorando. Recorde o que eu lhe dizia:
— Mamãe, fique tranquila, porque realizaremos todos os nossos desejos. Eu não falava isso, pensando outra coisa. A senhora não está só. Pense no muito que poderá fazer pelos que sofrem mais do que nós.
Logo que possível, peço para que a senhora faça parte de um grupo de ação cristã, onde esqueça o que deve ser esquecido. O fardo mais pesado que se carrega no mundo somos nós mesmos, quando não dividimos o tempo e a vida, em favor de outras pessoas.
Às vezes, querida mãezinha, pensamos beneficiar alguém, com esse ou aquele recurso de que sejamos portadores, mas o bem não fica nisso. A pessoa, que nos recebe o concurso, nos auxilia a diminuir a carga de nossas tristezas e lembranças.
O pão que se dá na caridade é a moeda de Deus com que compramos alegria e esperança. Não fique imóvel com as nossas recordações. Estenda, mamãe, as suas mãos para ajudar, pensando que estamos juntas. E estaremos mesmo juntas, porque o amor não desaparece.
O que a senhora possui é seu, é conquista sua. Nada recebeu por favor, porque, se fôssemos contar os seus sacrifícios por mim, a conta seria inesgotável.
Não se esqueça de Deus e cultive a oração. A prece é uma luz que nos transforma por dentro.
E creia que serei sempre sua filha reconhecida, aprendendo agora a trabalhar de outro modo, a fim de ser mais útil.
Abençoe a sua Rose e receba um beijo de carinho e gratidão na face carinhosa e sofrida — aquele mesmo beijo com que procurava surpreendê-la, quando voltava do trabalho ou quando a encontrava desprevenida.
Muito grata por tudo o que a senhora fez e faz por mim e guarde no coração a alma toda de sua filha agradecida.
15.10.1977.
Respectivamente, bisavô e tia do lado paterno, já falecidos.
Extraordinária revelação! Pouco mais de um mês antes de falecer, Rose presenteou a mãezinha com um quadro de Jesus.
Rose possuía seguro de vida, sendo D. Therezinha sua beneficiária.
José Beraldo, bisavô materno falecido há 45 anos.
Referência a carta que D. Therezinha encontrara entre os guardados da filha.
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