Baú de Casos

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Capítulo XII

Dinheiro e serviço


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Você deseja de nós,

Meu caro Juca Loureiro,

Alguma nota do Além

Sobre a questão do dinheiro.


Entretanto, caro amigo,

Você, de modo geral,

Somente fala em moeda

Quanto ao que existe de mal.


Refere-se a casos tristes,

Aos delitos, tais quais são,

E apenas vê na riqueza

Motivo à condenação.


Escute. Medite um pouco

No que a lógica elucida

E encontrará no dinheiro

Apoio, progresso e vida.


Sem a finança mantendo

A escola, o pão, o agasalho,

Pouca gente sobraria

Para a bênção do trabalho.


E sem trabalho constante

O mundo inteiro, por certo,

Estaria reduzido

A pavoroso deserto.


A moeda claramente

É força a prevalecer

Até que o dom de servir

Seja na Terra um prazer.


Para evitar entre nós

Qualquer indução à briga,

Peço a você rememore

O burro da história antiga.


Em recanto de outras eras,

Existiu certo muar

Que em vez de ajudar na vila,

Só vivia de empacar.


Submetido a chicote,

Nem notava o próprio dano,

Se alguém lhe impusesse carga,

Dava coice a todo o pano.


Certo dia, um cavaleiro,

Com muito tempo de monta,

Mostrou a ele uma vara

Com milho verde na ponta.


Em seguida, o curioso,

Resguardando o milho em paz,

Avançou, buscando a frente

E o burro seguiu atrás.


Com semelhante incentivo,

Trotou pela estrada larga,

Interessado na espiga

Servia, aguentando a carga.


Você pode observar

Pelo assunto que me envia,

Que, ante a saga desse burro,

Há muita filosofia.


É isso aí… Sem trabalho

Que a moeda alenta e anota,

Os homens copiariam

A lentidão da marmota.


Não condene os bens do mundo,

Sejam meus ou sejam seus;

Dinheiro marca a nós todos

Como instrumento de Deus.




Cornélio Pires
Francisco Cândido Xavier


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