Bazar da Vida
Versão para cópiaO cofre
A viúva Dona Adélia Fora linda e muito rica, Ajaezada de joias Na Fazenda de Benfica. Mas tudo via em mudanças, Desde a morte do marido, Fazenda, granjas e terras, Tudo ela havia perdido. Tinha dois filhos adultos, Liberato e Consentino, O primeiro — jogador, O segundo — libertino. Gastavam dinheiro, a rodos, Sob avais e mais avais; Quando a viúva acordou, Tinha assinado demais. Perdera fazenda e terras, As joias que possuía, Todo o crédito bancário E a casa de moradia… Os dois filhos lhe arranjaram Duas estreitas salinhas, Onde moravam com ela Um gato e duas galinhas. Comiam do que lhes dessem, Por simpatia e bondade, As pessoas de visita, Em nome da caridade. Os filhos, porém, notaram Que ela guardava com gosto, Um cofre, sob disfarce, Num travesseiro bem posto. Certo dia, com malícia, Perguntou-lhe o Liberato: — “Mãezinha, o que há no cofre, Que recebe tanto trato?” Ela apenas respondeu, Mostrando certo cuidado, — “Neste cofre, tenho o resto Do meu dinheiro guardado.” Desde esse dia, a viúva Teve os filhos, ao redor, Ela, as galinhas e o gato Comeram muito melhor. Vários anos se passaram Com melhoria e regalo: Os filhos, olhando o cofre E ela sempre a resguardá-lo. Em luminosa manhã, Os moços, abrindo a porta, Estremeceram de susto, Dona Adélia estava morta. Guardaram o cofre, às pressas, Trouxeram médico e gente… E ao fim do dia lhe deram Funeral sóbrio e decente. Ambos sozinhos, à noite, Abriram o cofre, enfim… O cofre só tinha conchas E um bilhete escrito assim: — “Filhos do meu coração, Meus filhos que tanto amei, Perdoem se nada tenho… Tudo o que eu tinha, eu lhes dei… “Mas, agora, se desejam Ouro e mais ouro a rolar, Aceitem o meu conselho: Cada um vá trabalhar!…” |
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