Quem serve ao bem, ante o mal, Trilha sendas dolorosas, Mas parece espinheiral Todo coberto de rosas. Deus guarda o Céu na alma humana Com fechadura suave, Mas, de tanto andar por fora, O homem perdeu a chave. Defeitos e descaminhos À cuja caça me empenho, Enxergo nos meus vizinhos Tão só aqueles que eu tenho. Trabalho de todo dia Faz a vida bela e forte, O repouso, em demasia, Lembra o princípio da morte. Ele escondia o dinheiro Com tal força de paixão, Que, na morte, a mente dele Trazia um grande cifrão. Disse o Guia ao Protegido Que contava gabolagem: — Meu filho, a honra é de Deus; Em nós é “cara e coragem”. Pensa que atende ao bem Com natural disciplina, Sem dominar a ninguém, A si mesma se domina. Por muito saibas e avances, Vitória, na essência, é isso: Quanto mais êxito alcances, Mais se te pede serviço. Trabalha constantemente… Repouso reclama sizo. A fofoca da serpente Começou no paraíso. Fui um cego cantador, E cego, com alegria, Para louvar o Senhor Outra vez renasceria. A morte não temerás… Para quem cumpre o dever A morte é o anjo da paz Que manda a gente esquecer. Ouvi dizer que nos Céus Onde a alegria passeia Não há santos com neurose Nem anjos de cara feia. Quem diz que o Céu tem tristeza Contemple o nascer do dia… O Sol brilhando no Azul É o retrato da alegria. O mal tem asas velozes Para agir em qualquer fuga, Mas o bem nos aparece No passo da tartaruga. Decote e barra de saia Sem que ninguém os domine, Um desceu, outro subiu, Para o encontro no biquíni… Lembrando o Dia dos Pais, Do mais rico aos mais plebeus, Festejamos nesta data, O Grande Dia de Deus. A quem tenha mais dinheiro, Deus entregou os cuidados Da missão de tesoureiro Dos irmãos necessitados. Na casa mais escondida, Suprimindo engano e treva, Eis que a morte diz à vida: — Do mundo, nada se leva. Se procuras vida sã E alegrias benfazejas, Nunca esperes amanhã Para dar o que desejas. Dinheiro demasiado, Que o cofre nunca liberta, Recorda o sangue parado Que traz doença na certa. Tanto armou, dentro do lar, Tesouro sobre tesouro, Que o pobre, ao desencarnar, Pedia mingau de ouro. Rogava apoio bancário, Para erguer um grande abrigo, Mas, ao ver-se milionário, Chutava qualquer mendigo. Enquanto o pão é bastante Ninguém reclama ou se gaba, Mas, da manteiga em diante, É briga que não se acaba. Pobre cego sem estudo, Andava na cantoria, E Deus me dava de tudo, No amparo de quem me ouvia. |