Caminhos do Amor, Os

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Capítulo XXIV

Cantiga na seara


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Alma querida escuta!


Na gleba que o Senhor te concede lavrar,

Não procure descanso… Olha o serviço à espera,

Esquece-te no bem, semeia, persevera,

A colheita futura exige trabalhar…


Não te prendas à teias de amargura,

Do passado a lição é a dádiva que fica

Ajudando a pensar na existência mais rica

De alegria, bondade, entendimento, altura…


Olvida o que te doa ou perturbe a lembrança,

Fita a árvore antiga despojada,

Recompondo em si mesma o fulgor da ramada

Para depois cobrir se em garbos de esperança…


Folhas mortas na leira em sentido profundo

São apenas adubo para o chão,

Enquanto o vegetal servindo ao mundo,

Sobe em franca ascensão.


A terra que o Senhor te entregou a zelar

É formada de Espíritos em prova

E o teu amor é a força que os renova,

Porque o amor em si é um gênio tutelar.


Sigamos; tempo afora, enquanto é dia…

Quanto trabalho em tudo a exigir nos presença

E ação que rompa a treva que se amplia

Onde a revolta espalha a tristeza e a doença.


Aqui, a dor é um charco esperando o carinho

Das mãos de um lavrador que o socorra e suporte

Quase rente à penúria em pedras do caminho

Rogando um braço irmão que o liberte da morte.


Além, a ignorância lembra praga

Tentando carcomer a fé recém-nascida,

Nos cérebros em fogo a loucura divaga,

Pregando a negação e conturbando a vida!…


Não te detenhas… Vem!… Não temas sombra ou lama,

O amor de Deus em ti é um dom vivo e perfeito…

Nada perguntes, serve… E nem critiques, ama!

O Céu te falará na acústica do peito…


Toda a Terra de agora é um campo sem limite

Onde o Cristo nos chama ao labor renascente…

Bendito o servidor ante o novo convite

Que responda a Jesus: “Senhor estou presente!”




Maria Dolores
Francisco Cândido Xavier

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