Caminhos do Amor, Os

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Capítulo IV

Se te dizes


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Se te dizes tão pobre, alma querida,

Que nada tens a dar

Para contribuir na construção do Amor,

Oferece no prato da humildade

A tua dor

Nos tropeços da vida,

Em favor dos irmãos de nossa própria estrada,

Recordando esta mesa,

Terna e sacrificada,

Que foi árvore em flor, brilho da natureza,

E se deixou serrar para servir

De apoio às nossas preces,

Sofrendo humilhações que desconheces,

Nobre e formoso lenho,

Cuja bondade não mereço,

De maneira a expressar te o meu apreço,

Nas palavras humílimas que tenho…


Se te dizes com tanta imperfeição

Que não consegues trabalhar

Em nossa própria redenção,

Olvidando o teu dom de agir

No socorro a quem chora,

Fita uma das lâmpadas, à frente,

Fabricada sem pompa e sem grandeza,

Que, aceitando viver em disciplina,

Vive ligada à usina,

Faz-se flâmula acesa,

Estrela maternal,

Que nos serve e ilumina,

A fim de que vejamos

Toda e qualquer lição que nos eleva,

Procurando mais luz que nos livre da treva.


Se te dizes no tempo, em tamanho cansaço

Que não podes ser útil a ninguém,

Contempla o chão que nos mantém

E se deixou cercar

Para que a nossa ideia tenha um lar.

Chão que é faixa de terra em estreito pedaço,

Que suportou enxadas e tratores,

Lamentando perder o seus lauréis de flores

E a música dos ninhos

Que lhe vinha da voz dos passarinhos,

Em troca de verdura e acolhimento,

Chão que prossegue sempre esquecido e pisado,

Prestimoso e calado,

Qual benfeitor sem voz,

Que nunca reclamou salário junto a nós.


Nunca digas “não posso”, “eu não tenho”, “é impossível”.

Seja qual for o nível

Que a existência te dá,

Alma querida, vem!…

Vem estender conosco a Seara do Bem,

Deus te utilizará.




Maria Dolores
Francisco Cândido Xavier

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