Caravana do Amor - Caminho e Direção

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Prefácio de Emmanuel

Leitor amigo.

Quantos corações encontres neste livro constituem uma caravana — a caravana do amor que vence a morte.

Aqui identificamos entes amados que alinham notícias da renovação diferente que foram chamados a viver; almas abençoadas que volvem de longe, consolando aos que ficaram no mundo físico; seres inesquecíveis que ressurgem do nevoeiro da Grande Mudança, evidenciando a continuidade de suas aspirações e ideais na 5ida Maior; Espíritos abnegados que desenvolvem notas e instruções para os familiares, que aguardarão, um dia, no Mais Além, entre a saudade e a esperança…

Observa, prezado leitor, os companheiros que desfilam neste volume despretensioso e reconhecerás que nos achamos à frente de uma caravana de viajores queridos, movida pela fé em Jesus, que retorna ao campo físico para reafirmar que o amor nunca morre e que a alma é imortal.



Uberaba, 8 de junho de 1985.



Emmanuel
Francisco Cândido Xavier

Carta

Acometido de mal súbito, Clovis Tavares, valoroso batalhador da seara espírita, foi conduzido com urgência à Santa Casa de Misericórdia da cidade fluminense de Campos. Lá chegando, após consulta clínica inicial, o encaminharam ao Serviço de RX, onde, ao ser colocado à mesa de exame, sofreu parada cardíaca irreversível. Eram 17 h. e 50 min. do dia 13 de abril de 1984.

O nosso estimado confrade, além de Professor de História e de Direito Internacional Público, destacou-se como Jornalista e Escritor de grandes méritos.

Com perseverança admirável, atuou no setor assistencial, sendo fundador da Escola Jesus Cristo (Instituição Espírita de Cultura e Caridade), de Campos, e seu diretor doutrinário desde a fundação, em 1935; no jornalismo, colaborou sempre com vários periódicos espíritas; e na literatura, deixou-nos obras preciosas, tais como: “Vida de Allan Kardec para as Crianças”, “Amor e Sabedoria de Emmanuel”, “Trinta Anos com Chico Xavier”.

Agora, sete meses após sua desencarnação, temos Clovis Tavares de volta. Sim, pela psicografia de Chico Xavier, seu dileto amigo, ele escreveu longa carta aos entes queridos, na qual destacamos alguns pontos altos, tais como: sua experiência na Grande Viagem; o reencontro emocionante com o filho Carlinhos, e a visita feliz a uma Instituição similar àquela que fundou na Terra, com o mesmo nome, localizada numa cidade do Plano Espiritual, onde se reencontrou com um grupo numeroso de queridos companheiros, que atuaram, quando encarnados, no movimento espírita campista.

A seguir, a esclarecedora carta do Professor Clovis:



Querida Hilda, o Senhor nos inspire e abençoe.

É uma experiência nova. Falar de uma vida para outra.

Desejo esvaziar o coração, exteriorizando as saudades que me povoam a alma convalescente, mas as expressões me fogem da lembrança. Quero retomar a memória; no entanto, sinto-me na condição do cego devolvido à luz, ainda hesitando entre a sombra e a claridade. Perdoem-me se falo assim, mas não posso manifestar-me de outro modo.

Rearticulo as estruturas de minhas reminiscências do passado ainda presente, no hoje ligado ao ontem, e noto as diferenças que se operaram adentro de mim.

Torno a ver você pálida e espantada, a receber-me em seu colo, para que a minha cabeça repousasse. Refletia a consternação do ambiente e procurei em seus olhos e nos olhos do Flavinho algum esclarecimento que me habilitasse a compreensão para a realidade.

Não esperávamos que uma radiografia considerada simples pudesse estar próxima da parada que me fibrilou o coração. Buscava em você e no Flávio algo que me falasse, conquanto em silêncio, mas o corpo se via na condição da máquina cujo motor esmorecera. Compreendi, na oração muda que consegui formular, que o tempo me demitia da sua própria movimentação, entregando-me ao tempo de outro nível.

Sabia que o desamparo não existe e me rendi aos desígnios do Senhor, conquanto no íntimo quisesse persistir na tarefa. Era o fim de uma estrada para o reencontro de outra. Aqueles momentos breves me pareceram longas faixas de horas que eu não saberia contar. Notei que, embora hirto, no peito, o meu coração permanecia ligado a você e aos nossos filhos com estranha força. As lágrimas me subiram do íntimo para os olhos, quais mensageiras de minhas primeiras notícias; entretanto, eu não poderia escrever com elas tudo o que desejava dizer a você. Os meus agradecimentos se confundiam com as ansiedades que me tomavam de assalto.

Conquanto sentisse, desde alguns dias, a presença de pensamentos que me induziam a refletir no término de minha oportunidade na Terra, lutava contra a ideia de desistência. Afinal, você e eu estávamos em plenitude de trabalho e realização, nossos filhos iniciando a jornada no mundo e um enorme acervo de tarefas para nós inevitáveis. Ainda assim, era preciso dobrar a cerviz e aceitar os alvitres da Espiritualidade Maior que me chamavam a novos encargos.

Creia que não me foi fácil cerrar os olhos que eu mantinha acesos na ânsia de prosseguir vivendo, de modo a compartilharmos de todas as alegrias e vicissitudes que a experiência humana me pudesse ofertar. Percebi que as suas lágrimas me borrifavam o rosto e me conscientizei, de imediato, quanto às novas lutas que seríamos induzidos a facear.

Meu sono foi rápido. Quando me vi em outro recinto, notei que um rapaz me sustentava a cabeça, qual se lhe imitasse o carinho. Quando reconheci que me achava nos braços fortes de nosso Carlinhos, agora um homem vigoroso, senti que reencontrara não o nosso filho que aprendemos a amar tanto, e sim o aconchego da dedicação de um pai que me houvesse retirado de sua ternura de companheira para encaminhar-me com segurança.

O pranto me sufocou a garganta e não pude senão dizer: — “Ah! meu filho!”

Ele me colou mais extensamente ao peito viril, na ideia manifesta de fortalecer-me para a vida nova e observei que em nossa Escola querida encontráramos um novo berço de paz e amor. Chorei intensamente, dando vazão aos meus sentimentos; no entanto, Papai Vicente e os manos Aluízio e Nuno me ampararam, garantindo-me o impulso de me reerguer…

Não consegui verticalizar-me naquela hora; entretanto, antes que a minha roupa estragada pela morte fosse restituída à natureza, fui conduzido para fora do recinto que a amizade povoara de corações amigos e entes queridos… Os irmãos Aluízio e Nuno me deram as mãos e senti-me novamente leve, à maneira de ave que ensaia os primeiros voos, depois de reconhecer sua própria capacidade de volitação, e um leve torpor me induziu ao sono que senti como se estivesse à procura de pouso para o meu espírito inquieto.

De que modo viajei ao lado de Aluízio e do Nuno, sinceramente ainda não sei, mas a verdade é que, findo o ligeiro descanso, achava-me em companhia de meu pai e meus irmãos, que me aguardavam o refazimento e comecei o reavivamento dos meus conhecimentos e aptidões para o trabalho que se me reservasse. O abatimento que me invadira todos os recantos do corpo dominava o campo dos meus pensamentos…

Dias passaram sobre dias, até que eu pudesse identificar-me plenamente reintegrado em mim mesmo; no entanto, chegou o momento de revê-la, abraçar nossos filhos queridos e distribuir o meu afeto com irmãos de jornada em nossa Escola.

Certifiquei-me de que o nosso Rubens assumira o governo de nossa instituição e isso tranquilizou-me. As nossas recordações associadas umas às outras apresentavam largas somas de lágrimas; contudo, era preciso refazer a vida e repetir por dentro de mim as inesquecíveis palavras de Josué: “Eu e a minha casa serviremos ao Senhor”. Um novo caminho me buscou o espírito, cansado de perguntar, e rendi-me aos desígnios do Divino Mestre que me chamava para o trabalho ativo.

Meus dias se desdobravam nessas bases — saudades e tentames de ação edificante entre os dois mundos. Em companhia de familiares esperava as decisões que me fossem apresentadas pelos Mentores da Espiritualidade, a que nos subordinamos, quando agora, em outubro findo, fui convidado a visitar pela primeira vez a Escola Jesus-Cristo do Plano Espiritual, que funciona em sintonia com a nossa Escola de Campos. Em companhia do Aluízio e do Nuno, fui à reunião pública pela primeira vez. Tive conhecimento de que a instituição fora fundada por Nina, há quarenta e nove anos, e que estaria crescendo em serviço na 5ida Maior.

Timidamente, solicitei dos irmãos, pudesse, de minha parte, ganhar acesso à reunião, depois que a penumbra envolvesse todos os companheiros ali presentes, porque me sentia inadaptado e sem mérito algum para ser apresentado à pequena comunidade que ali se reunia… Entramos, ocupando três lugares que se enfileiravam.

Com surpresa, reconheci que o nosso amigo Virgílio de Paula era o regente do conjunto de preces que ali se dedicava às irradiações protetoras, em favor dos irmãos em maioria ainda convalescentes, ligados à instituição e arredores. A prece de nosso venerável irmão me tocou as fibras mais íntimas do sentimento. Ao término da alocução plena de amor que endereçava ao Senhor Jesus, comunicou à assembleia que, naquela noite, a Escola abrigava um novo companheiro que se vira afastado das tarefas no Plano Físico.

Até ali tudo seguia normalmente, mas quando meu pobre nome foi pronunciado, a luz se fez total no recinto e uma explosão de lágrimas me banhou a face. Terminara a realização da noite e os amigos vieram ao meu encontro. Achava-me atônito como se não estivesse perante à verdade e sim no campo dos sonhos, quando se aproximaram de mim o nosso Virgílio, que me ofertava os braços abertos; os nossos irmãos Marcolino Sudário do Amaral e o Dr. Alfeu Gomes, pioneiros de nossa Doutrina no mundo abençoado de Campos; o irmão Francisco Muylaert; antigos participantes de nossas reuniões primitivas na Rua do Mafra; amigos do Grupo João Batista; os nossos amigos 1nocêncio Noronha e D. Maria Cesarina; os nossos companheiros Aurino Tavares, Ceciliano; Belarmino Neves, João de Deus, que me lançava a bênção paternal; Antônio Pedro Nolasco; nossa inesquecível Dona Mariquinhas; Dona Petite; Amaro Costa Pinto; Auta de Souza, que me enlaçou com a ternura das mães abençoadas de Deus; os nossos amigos Ramiro Viana, Brasilino, Dona Maria da Conceição e até a Elzinha França, alicerce de nosso instituto, ali estava, ao lado de muitos irmãos outros que me acolhiam comovidos; Sr. Otávio e Dr. Rômulo Joviano me enlaçaram fraternalmente e não pude mais conter o pranto do servidor que regressava ao Grande Lar, de mãos vazias…

Este é um detalhe que transmito a você e consequentemente aos nossos filhos queridos, Flavinho, Luisinho, Margaridinha e Celsinho, esperando em Jesus que todos se conscientizem das nobres tarefas de que se acham investidos.

Peço ao nosso Rubens sustentar com firmeza de ânimo o nosso plano de trabalho, sem inovações e aventuras marginais que tantas vezes abalam os serviços doutrinários sem qualquer justificação.

A Escola Jesus Cristo é para nós uma bandeira que nos honra a existência aí no Plano Físico e no Plano Espiritual, e não podemos esquecer a afirmativa do Apóstolo Paulo, quando nos assevera: “Jesus Cristo é o vencedor de ontem, de hoje e para sempre”.

O mundo está agitado por lamentáveis convulsões de orgulho e vaidade que não sabemos em que calamidade terrestre se modificarão, e carregamos conosco o pendão do Evangelho que está muito longe de ser ultrapassado.

Querida Hildinha, sofro a nossa separação temporária, mas peço-lhe coragem e fé imbatível na Divina Misericórdia. Saudades tê-las-emos sempre. Aí chorava pelos que me precederam e aqui me aflijo pelos que ficaram. Creio que a saudade é o metro do amor, determinando os valores da evolução, já assimilados na vida de cada um de nós, e só pelo trabalho com a oração, venceremos. Unimo-nos aí para o desempenho de missão determinada. Esta incumbência segue em meio, conhecendo quanto lhe dói a ausência do companheiro, por vezes áspero e exigente, mas sempre leal e sincero. Não tema. O Senhor nos guiará para os caminhos de que necessitamos.

Muitos amigos que esperava reencontrar aqui estão aí recorporificados na Terra e por isso mesmo entendo que me cabe trabalhar mais e servir mais para merecer, de futuro, o reencontro com seu coração querido e com todos aqueles que se nos fazem objeto da maior afeição.

Agradeço aos companheiros que nos partilham o intercâmbio desta hora e formulo votos a Jesus pela saúde e paz, alegria de viver e bom ânimo para servir — dons de Deus que desejo a todos. De outros parentes e amigos traremos notícias oportunamente.

Agradeço ao nosso Rubens e a nossa estimada Suzana quanto fizeram nas lembranças de aniversário de nossa querida Escola. Sou grato a todos, sem especificar nomes, pela dificuldade de memorizá-los, o que me faria cair na omissão sempre indesejável.

A você, querida Hildinha, agradeço a dedicação aos encargos da Escola. Assiduidade e perseverança são estradas para o êxito nos empreendimentos que venhamos a abraçar. A sua presença na Escola é a minha própria presença.

Agradeço ao Flavinho a generosidade da companhia que se decidiu a fazer-nos e, porque não posso ser mais extenso, receba, querida Hilda, o próprio coração do seu pobre servidor e companheiro de ideal, sempre pobre, mas sempre seu

Clovis

NOTAS E IDENTIFICAÇÕES


1 — Carta psicografada por Francisco C. Xavier, em reunião íntima realizada na residência do médium, em Uberaba, MG, na noite de 29/11/1984, estando presentes: Hilda Mussa Tavares, Rubens Fernandes Carneiro, Nely Fernandes, Suzana Maia Mousinho, Inaiá Lacerda, Weatker Batista e Zilda Batista.

2 — Hilda — Profa. Hilda Mussa Tavares, esposa, cooperadora na Escola Jesus Cristo (EJC), residente em Campos, RJ, à Rua Benta Pereira, 112. Seu valioso depoimento sobre a mediunidade de Chico Xavier integra o livro (F.C. Xavier, Emmanuel, Testemunhos Diversos, Rubens S. Germinhasi, IDEAL, S. Paulo, SP, pp. 65-72).

3 — Flavinho — Dr. Flávio Mussa Tavares, filho do casal, médico e cooperador na EJC.

4 — Conquanto sentisse, desde alguns dias, a presença de pensamentos que me induziam a refletir no término de minha oportunidade na Terra, lutava contra a ideia de desistência. — Como vemos, dias antes da desencarnação, Benfeitores Amigos já preparavam, com intuições premonitórias, o Espírito de Clovis para a Grande Mudança.

5 — Carlinhos — Carlos 5ítor Mussa Tavares, primogênito do casal. Desencarnou a 10/2/1973, após 17 anos de abnegado sofrimento. Pela psicografia de Chico Xavier, já enviou seis poesias de notável beleza e espiritualidade, sendo a primeira divulgada nos livros (F.C. Xavier, Elias Barbosa, Espíritos Diversos, CEC, Uberaba) e (F. C. Xavier, Clovis Tavares, Espíritos Diversos 1DE, Araras, SP).

6 — Escola querida — Escola Jesus Cristo, instituição fundada por Clovis Tavares, sob inspiração espiritual de Nina Arueira, em 27/10/1935. Com sede própria à Rua dos Goitacases, nº 177, em Campos, RJ, essa Instituição Espírita de Cultura e Caridade mantém os seguintes Departamentos e Serviços: Cenáculo de Lívia, Círculo de Oração Filipe Uébe, Coordenadoria das Equipes de Serviço, Coral Virgílio Paula, Creche Salvadora Assis, Culto de Assistência, Departamento de Assistência aos Necessitados, Departamento de Ensino, Departamento Feminino, Departamento Jurídico, Departamento Médico, Escolas Filiais (nos Bairros), Grupo Emmanuel, Livraria Cícero Pereira, Mocidade Espírita Maria Zenith Pessanha, Museu de Ciro, Serviço de Manutenção, Reparos e Vigilância.

7 — Papai Vicente — Vicente Vasconcelos Tavares, pai, desencarnado em 3/11/1959.

8 — Aluízio — Aluízio Tavares, irmão, desencarnado em 22/10/1961.

9 — Nuno — Nuno Tavares, irmão, desencarnado em 26/11/1976.

10 — Rubens — Dr. Rubens Fernandes Carneiro, advogado, Presidente da EJC e seu atual Diretor Doutrinário.

11 — inesquecíveis palavras de JosuéJs 24:15, versículo muito amado e sempre lembrado por Clovis, que o mantinha na entrada de sua residência.

12 — Escola Jesus Cristo do Plano Espiritual Após escrever sua carta, Clovis explicou ao médium Chico Xavier que esta Instituição fica situada na cidade “Nosso Lar”, quase na ponta da estrela que corresponde ao Ministério do Auxílio. Em torno da Escola existem muitas residências destinadas àqueles que nela trabalham. Complementando este esclarecimento, D. Hilda Tavares escreveu-nos, em atenciosa carta: “Chico marcou para mim no mapa do plano piloto da cidade “Nosso Lar”, do livro Cidade no Além, o lugar exato onde está localizada a Escola; revelando-nos que a tarefa lá é muito grande, com particularidade também de educar, além da assistência incansável a que se dedica.” (Ver Nosso Lar, F.C. Xavier, André Luiz, FEB e Cidade no Além, F. C. Xavier, Heigorina Cunha, Espíritos André Luiz e Lucius, IDE)

13 — Tive conhecimento de que a instituição fora fundada por Nina, há quarenta e nove anos — Nina Arueira, noiva de Clovis Tavares, desencarnou aos 19 anos, em 18/3/1935, tendo escrito uma novela inédita, Yanur e o livro Terceiro Milênio, hoje esgotado. Pela psicografia de Chico Xavier, já enviou belas mensagens, publicadas nos livros: Cartas do Coração [ — ], Dicionário da Alma e Tempo e Amor []. Foi a fundadora espiritual da Escola Jesus Cristo. Observa-se que ambas as Instituições, na Terra e no Além, foram fundadas no mesmo ano.

14 — Virgílio de Paula — Amigo de Clovis, 1º Presidente da EJC, foi também um dos maiores amigos de Nina Arueira, em cuja residência ela desencarnou. Hoje dá nome ao Coral da Mocidade dessa Escola. Desencarnou em 7/2/1960.

15 — Marcolino Sudário do Amaral — Precursor dos estudos espíritas em Campos, fundou, em 1880, a “Sociedade Campista de Estudos Espíritas”.

16 — Dr. Alfeu Gomes — Médico, pioneiro do Espiritismo em Campos, escreveu o livro Amor a Verdade.

17 — Francisco Muylaert — Também pioneiro do Espiritismo em Campos, foi co-fundador da “Sociedade Campista de Estudos Espíritas”.

18 — Rua do Mafra — Rua onde se localizou, primitivamente, a EJC, então Escola Infantil Jesus Cristo, na residência de D. Didi (D. Maria Madalena Oliveira), mãe de Nina Arueira.

19 — Grupo João Batista — Onde Clovis iniciou sua tarefa espírita em Campos. Posteriormente, esse Grupo integrou-se à EJC, então recém-fundada por Clovis Tavares.

20 — Inocêncio Noronha — Colaborador da EJC desde a sua fundação, até a sua, desencarnação em 13/3/1968.

21 — D. Maria Cesarina — Esposa de Inocêncio Noronha, também colaboradora da Escola.

22 — Aurino Tavares — Aurino Tavares da Silva, Guarda Municipal em Campos, foi um dos primeiros cooperadores da EJC. Desencarnado em 6/9/1952.

23 — Ceciliano — Ceciliano de Paula Moreira, antigo companheiro da EJC.

24 — Belarmino Neves — Belarmino Gomes Neves participou do Grupo João Batista.

25 — João de Deus — (1830-1
896) — Renomado poeta português, é um dos Mentores Espirituais da EJC. Pela psicografia de Chico Xavier escreveu: Jardim da Infância (FEB) e belas páginas poéticas incluídas em vários livros, tais como: (FEB), (FEB), (IDE).

26 — Antônio Pedro Nolasco — Foi cooperador da EJC. Seus filhos militam no Espiritismo em S. Fidélis e Niterói, cidades fluminenses.

27 — Dona Mariquinhas — D. Maria dos Anjos, portuguesa, incansável cooperadora da EJC foi uma das fundadoras do Serviço da Sopa e da Costura dos Pobres. Desencarnada em 11/7/1983.

28 — Dona Petite — D. Antônia Ribeiro Bueno, inesquecível cooperadora da EJC, desencarnada em 15/5/1969.

29 — Amaro Costa Pinto — Mais um valoroso cooperador na Escola em sua primeira hora.

30 — Auta de Souza — (1876-1
901) — Poetisa norte-riograndense, deixou um livro, Horto, prefaciado por Olavo Bilac e Tristão de Ataíde. Pela psicografia de Chico Xavier, seu Espírito já escreveu numerosas páginas poéticas de sublime espiritualidade, publicadas em vários livros, sendo Auta de Souza (IDE) uma obra parcialmente antológica, organizada por Clovis Tavares.

31 — Ramiro Viana — Ramiro Martin Viana, outro companheiro do início da EJC. Fundou o Grupo Allan Kardec, em Campos. Desencarnou em 26/7/1981. Suas três primeiras cartas, enviadas pelo médium Chico Xavier, integram o livro (IDE).

32 — Brasilino — Brasilino Soares, diretor da Escola Apóstolo André, em Atafona, RJ, filial da EJC, desencarnado em 5/7/1967.

33 — Dona Maria da Conceição — Residiu em Pedro Leopoldo, MG, berço de Chico Xavier, visitada por Clovis toda vez que ia a esta cidade, juntamente com Chico. Morava num bairro pobre chamado Lapinha. (Ver Trinta Anos com Chico Xavier)

34 — Elzinha França — Este espírito é a mesma criança recém-nascida encontrada em uma favela, pelos jovens da Mocidade Espírita de Campos (da EJC), e que veio a desencarnar alguns dias mais tarde, apesar dos cuidados de médicos e amigos, inclusive de Clovis. Passou a ser a patrona das aulas de Evangelho para crianças na Escola. Foi posteriormente identificada pela mediunidade de Chico Xavier como um espírito de luz.

35 — Sr. Otávio — Otávio Chrisóstomo de Oliveira, companheiro e benfeitor da EJC, desencarnado em 14/1/1965.

36 — Dr. Rômulo Joviano — Administrador da Fazenda Modelo, em Pedro Leopoldo, onde Chico Xavier trabalhou sob sua chefia. Confrade e amigo de Clovis.

37 — Luisinho, Margaridinha e Celsinho — Luís Alberto, médico; Margarida Maria Tavares Gomes, arquiteta; e Celso Vicente, professor de História — todos cooperadores da EJC.

38 — “Jesus Cristo é o vencedor de ontem, de hoje e para sempre”Hb 13:8, tema de uma das últimas pregações de Clovis.

39 — Suzana — Suzana Maia Mousinho, confreira do Rio de Janeiro, sempre convidada pelo Clovis para as comemorações de aniversário da Escola.

40 — Clovis — Sebastião Clovis Tavares, nasceu em Campos, RJ, a 20/1/1915. Embora diplomado em advocacia, pela Faculdade Nacional de Direito, em toda sua vida dedicou-se ao magistério. Autor dos livros: Sementeira Cristã (3 volumes), FEB; Vida de João Batista, Ed. do G. E. João Batista, de Campos; Os Dez Mandamentos, LAKE; Vida de Pietro Ubaldi, LAKE; Histórias que Jesus contou, LAKE; Vida de Allan Kardec para as Crianças, LAKE; Meu Livrinho de Orações, LAKE; Trinta Anos com Chico Xavier, IDE; Amor e Sabedoria de Emmanuel, IDE; Tempo e Amor (em co-autoria com Francisco C. Xavier e Espíritos Diversos), IDE; e De Jesus para os que Sofrem, IDE. Ainda não editados: Didática do Evangelho e Mediunidade dos Santos. Traduziu diversos livros de Pietro Ubaldi, entre os quais: Grandes Mensagens, As Noúres, Ascese Mística.




41 — DEPOIMENTO DA FAMÍLIA — Esta carta mediúnica foi divulgada pelos familiares do Prof. Clovis, em impresso bem confeccionado, que apresentou notas explicativas, nas quais, com a devida e gentil autorização deles, nos baseamos para elaborar estas “Notas e Identificações”. Ao identificar Chico Xavier, a família prestou este expressivo depoimento:

“Francisco Cândido Xavier, amigo íntimo de Clovis, desde 1935, presidente honorário da Escola Jesus Cristo, consagrado médium de nosso país e cuja amizade a Clovis transcende o plano físico, o tempo e alcança os horizontes ilimitados da eternidade.

Nossos corações voltados para Deus rogam ao Senhor Supremo que conceda ao nosso Chico as bênçãos de Seu Amor pela mediunidade-missão que vem vivendo há mais de 50 anos e pela autenticidade que, nós familiares de Clovis, confirmamos estar envolvendo todo o teor da mensagem ora publicada. As palavras, a construção das frases, com propriedade e humildade, as recomendações sempre oportunas, o amor e a obediência a Jesus e a fidelidade à Doutrina, que marcaram a existência de Clovis, transparentes na mensagem recebida por Chico, confirmam sua veracidade. Os nomes históricos, as circunstâncias da desencarnação que Chico desconhecia, os últimos momentos na Terra, tudo isso nos tocou profundamente, como não poderia deixar de ser e a Escola Jesus Cristo hoje, apesar da ausência de nosso orientador, se ajoelha diante do Mestre para rogar por Chico e por Clovis as bênçãos da alegria do dever bem cumprido. Como Clovis mesmo dizia: “Eu sei em quem tenho crido e guardo a certeza de que Ele é poderoso para guardar o meu depósito até o dia final.” (2tm 1:12.)


Hércio Arantes


Clovis n
Francisco Cândido Xavier

Carma e imprudência

Quando, em companhia de dois amigos, assentados num galho de árvore, que se debruçava sobre o Rio Pardo, em Ribeirão Preto, SP, o jovem Candinho resolveu saltar de ponta-cabeça, nunca poderia imaginar que estava mudando totalmente a rota de seu destino. Pois esse salto, mal calculado, permitiu que sua cabeça atingisse, com violência, o fundo arenoso do rio, ocasionando fraturas na região da nuca (coluna cervical), com consequente rotura completa da medula nervosa, que provocou, de imediato, paralisia total dos braços e pernas.

A partir desse momento, no dia 21 de agosto de 1982, Candinho sofreu muito, submetendo-se a tratamento intensivo, inclusive cirurgia, superando complicações várias, que representaram lutas dolorosas para ele e sua família.

Porém, sete meses após o acidente, surgiu outra complicação numa das pernas, a gravíssima gangrena gasosa, que exigiu urgente amputação. Contudo, tal providência não foi suficiente para evitar a desencarnação de Candinho, ocorrida dias após a cirurgia, em 30 de março de 1983.


Apenas oito meses após a perda física do filho querido, D. Gladys Cintra sofreu outro impacto doloroso: a desencarnação do genro Saleh Gemha.

Foi a partir dessa época que ela começou a procurar consolo no Espiritismo, encontrando em Uberaba, na noite de 5 de maio de 1984, a feliz oportunidade de receber longa carta do filho inesquecível, repleta de consolo e elucidações, reconfortando seu coração e de todos os seus familiares.

Candinho, Espírito, já refeito do final tumultuado de sua existência física, e bem informado das Leis Divinas que regem nossos destinos, trouxe em sua carta preciosos ensinamentos para a meditação de todos nós, como veremos a seguir:



Querida mãezinha Gladys, tenho o querido papai Vino em nossa lembrança a fim de associá-lo ao meu pedido de bênção.

Muito grato mamãe, por sua dedicação, buscando-me longe para dar-lhe notícias. Não se julgue esquecida por seu filho. Quanto se me faz possível, estou em casa, acompanhando de perto suas saudades e o seu anseio de saber… Saber onde me encontro para que nos entendamos! Entretanto, as dificuldades do intercâmbio são naturais e peço-lhe perdão pela espera longa!

Rogo-lhe não aceitar a ilusória alegação de que a vontade de Deus me teria mergulhado a cabeça nas areias sólidas do rio! A lei se cumpriu.

Depois, o meu esforço laborioso para restabelecer a saúde. Os dias de sofrimento me ensinaram que todas as experiências são degraus para a elevação a Planos melhores.

Decerto, paguei uma dívida de existências passadas, felizmente sem fazer outra. Aqui, pude receber explicações que me atenderam a fome do conhecimento.

Atirar-me ao mergulho no rio, desconhecendo que a areia poderia ter formado determinadas cristalizações no sítio onde se efetuou o incidente com a minha ruptura de coluna, a ponto de partir a medula, foi realmente uma temeridade, porque, a nosso ver, poderia eu estar obedecendo a impulsos estranhos a mim próprio; e, em seguida, foi o trabalho em que a vi se perder em empreitas quase sem fim, sem que nos fosse possível imaginar quanto tempo despenderia num tratamento caro e difícil, do qual não poderia, de minha parte, auferir qualquer benefício.

Confesso-lhe que vendo agravar-se a minha situação, muitas vezes solicitei à morte me beneficiasse com o repouso. Não se nos desata a força da vida, senão quando a determinação das Leis Divinas delibera tomar em consideração os problemas que nos afligem…

Observava a tristeza com que papai Vino me observava e procurava ler em seus olhos a gravidade de minha situação. Agora que o trinta de março do ano passado me liberou do corpo físico para entender melhor todas as dificuldades necessárias aos meus vinte e dois anos de existência física, que ardiam no ideal da formação de um lar em que pudesse expandir todos os meus sonhos, mas aquela prisão no leito informava-me ao coração, que a paciência se me faria o remédio necessário e essencial a fim de alcançar os efeitos negativos em relação às minhas esperanças.

Agradeço o carinho que me proporcionou sempre, sem uma palavra de lamentação ou de queixa contra os desígnios de Deus, porque o seu exemplo de fé em Deus me transmitia coragem para suportar a realidade, já que a minha medula estragada era um problema irreversível.

Mamãe, sou grato a todos os nossos, mas especialmente ao seu devotamento que nunca me deixou sem a precisa orientação para o melhor a fazer.

Com os dias, os meus sonhos de rapaz tomaram rumo novo e preparei-me no íntimo para a largada que se consumou sob o auxílio do vovô João e de outros amigos, descerrando-me horizontes novos à própria visão…

Quando o nosso Saleh chegou ao nosso ambiente espiritual, estava eu nos primeiros dias de melhora e pude observar quanto lhe pesaram os sofrimentos de adaptação à vida espiritual.

Peço-lhe, porém, dizer à nossa querida Maria Lúcia que ele presentemente está passando melhor, com mais amplas elucidações para as convicções religiosas. Falando nisso, querida mãezinha Gladys, rogo-lhe muita serenidade para tratar com a nossa Maria Lúcia sobre as questões que ainda a preocupam.

O Saleh está mais forte, porém não tão forte quanto me acontece, de vez que a dianteira que fui obrigado a tomar me propiciou algum fortalecimento que estou conduzindo para a frente com grandes anseios de melhoria em meu campo íntimo.

Como pode ver, mamãe, ainda, não tenho a memória integralmente refeita e é por isso que as minhas palavras não me saem do cérebro e das mãos com a segurança precisa.

Desculpe-me se venho como estou ao seu encontro, mas não dispunha de outra maneira para falar consigo, senão recorrendo à bondade dos amigos espirituais que me supervisionam a existência.

Peço-lhe calma e resistência, porque a saudade vem para ficar em nós, quando se trata de separação qual a nossa, em que o papai Vino e sua abnegação reconheceram que me aproximava do fim da experiência física.

Mãezinha, rogo-lhe levar ao papai a certeza de que estou vivo, cada vez mais vivo para lhes ser útil um dia.

Meu tratamento aqui na 5ida Maior tem sido vagaroso porque aquele mergulho infeliz, expondo todo o crânio na areia petrificada criou muitos problemas para mim mesmo, pois trazemos para cá os obstáculos que criamos contra nós mesmos.

Minhas ideias ainda estão funcionando com muita lentidão, motivo pelo qual peço perdão aos amigos que me amparam com a sua presença no recinto, a fim de que lhes escreva.

Peço-lhe dizer aos manos Antonio José, João Francisco, ao Marco Antônio e ao Marcelo Fernando para se protegerem contra essas surpresas daqui.

Somos vítimas de acidentes determinados, mas mesmo assim respeitamos as consequências. Pelo menos, rogo a eles para não saltarem sobre as águas do mar ou de qualquer rio ou lagoa sem se certificarem de que existem entraves no local. Sei que estou cumprindo os restos de uma provação que a vida me reservava, mas creio hoje que poderia atenuar-lhe o rigor, observando primeiramente em que região estava dirigindo o meu cérebro em salto de parafuso.

O meu avô João tem sido aqui o meu melhor intérprete e sou agradecido a ele por todo o bem que me faz.

Mãezinha Gladys, não posso estender-me por mais tempo. Estou ainda em tratamento, graças a Deus, muito bem conduzido, mas o nosso amigo Padre Euclides me buscou para esta tentativa de carta, de modo a tranquilizá-la e acalmar o coração dolorido do papai.

Nada me incomoda a não serem saudades da família, mas compreendo que onde estou a saudade é assunto de todos e não sou melhor do que meus companheiros, pois compartilho dos esforços de minha turma constituída de rapazes acidentados. Alguns sofrem ainda os traumas da desencarnação violenta por choque de máquinas, outros foram vítimas de quedas casuais do alto de grandes edifícios, outros foram repentinamente arrancados à vida física em virtude de descida ao fundo de elevadores por desatenção, e, quanto a mim, luto para refazer os centros do cérebro, que ficaram muito comprometidos com aquele banho inoportuno, em que não me armei com a necessária responsabilidade quanto ao lugar a que me precipitei.

Mãezinha, abençoe-me, perdoando a minha imprudência. Aqui estão muitos amigos que me encorajaram a escrever, ante a minha indecisão pelas dificuldades com os lapsos ligeiros da memória.

Sou agradecido a todos. Um abração ao papai Vino e muito carinho a todos os meus irmãos.

Esperando comparecer diante de seu coração para notícias com mais desembaraço, beijo as suas mãos queridas e reafirmo-lhe que continuo a ser sempre seu filho reconhecido e o seu Candinho de sempre, sempre a lhe dever juntamente de meu pai, tudo o que eu poderia receber de bom e belo da vida. Estaremos sempre juntos porque filhos e pais nunca se distanciam uns dos outros e, mais uma vez, peço-lhe endereçar-me a força de suas preces, porque sou sempre necessitado de seu amor.

Sempre o seu filho, com todo o meu coração,

Candinho

Cândido Luiz Cintra.


NOTAS E IDENTIFICAÇÕES


1 — Psicografia de Francisco C. Xavier, em reunião pública do Grupo Espírita da Prece, Uberaba, MG, a 5/5/1984.

2 — Mãezinha Gladys e papai Vino — Casal Gladys Bologna Cintra e Valdivino Cândido Cintra, residente em Ribeirão Preto, SP, na Avenida Educandário, 187, Jardim Independência.

3 — Rogo-lhe não aceitar a ilusória alegação de que a vontade de Deus me teria mergulhado a cabeça nas areias sólidas do rio! (…) Sei que estou cumprindo as restos de uma provação que a vida me reservava, mas creio hoje que poderia atenuar-lhe o rigor, observando primeiramente em que região estava dirigindo o meu cérebro em salto de parafuso. — O confrade Carlos A. Baccelli, presente à reunião na qual Candinho se comunicou, redigiu oportuno comentário em torno das importantes observações em epígrafe, publicado no jornal “Folha Espírita”, julho/1984, São Paulo, SP, que a seguir transcreveremos:


“ARMA E IMPRUDÊNCIA


Sábado passado, dia 5 de Maio, o nosso Chico recebeu uma mensagem do jovem Candinho; a mãezinha, presente, emocionou-se bastante. O Espírito comunicante descreve detalhadamente o desenlace: foi mergulhar num rio e, não tendo perfeita noção da profundidade, fraturou a medula em consequência do violento choque na areia cristalizada.

Quando terminou a leitura da página mediúnica entregando-a à respectiva destinatária, enquanto autografava os livros o Chico comentou: “Esta mensagem merece uma palestra. O rapaz se refere a um tema muito interessante — o carma da imprudência; não resgatamos apenas faltas de vidas passadas, existem erros que são resgatados imediatamente, as consequências são instantâneas…”

De fato, costumamos atribuir tudo ao passado longínquo, tentando tudo explicar baseando-nos nas pretéritas existências, nos esquecendo porém do passado recente, das consequências que sofremos hoje pelas decisões de agora… Pela imprudência estamos no dia a dia também elaborando o carma correspondente. Fala-nos Emmanuel em primorosa página que todo dia é oportunidade de se refazer o destino…

A rigor, não podemos afirmar que aquele que se vitimou no trânsito, por estar abusando da velocidade, esteja se submetendo à inevitável resgate de encarnações anteriores — poderá estar resgatando a falta da imprudência, por não respeitar as leis estabelecidas.

Aprendemos com o Espiritismo que a fatalidade é uma coisa muito relativa, de vez que “o mal não carece de ser resgatado pelo mal se o bem chega primeiro”… Aquilo que nos parece inevitável, não raro é fruto da invigilância. Mesmo quando renascemos dentro de um quadro de ásperas provações, elas poderão ser suavizadas; numa falta sempre existem atenuantes e agravantes.

Busquemos um outro exemplo. Aquele que, imprudentemente, atravessa no meio de um tiroteio e é fulminado, foi arrastado pela fatalidade ou, no uso pleno do seu livre arbítrio, imaginou que não seria alvejado? Ora, a probabilidade de um projétil nos atingir, quando passamos entre o chamado fogo cerrado é muito grande… O que recomenda o bom senso? Que esperemos as coisas se acalmarem.

A imprudência, sem dúvida, tem sido responsável por milhares de óbitos em todo o mundo.

Alguém poderá indagar: onde estarão os Benfeitores Espirituais? Ora, nós não os temos a tiracolo… Acontecimentos existem que não há margem de tempo para uma antecipação da Espiritualidade Amiga. Cada qual tem a companhia espiritual que merece e também que carece. Quer dizer: quanto maior a responsabilidade do reencarnante, maior a supervisão do Mundo Maior.

Poderíamos, então, classificar toda imprudência como suicídio? É claro que no suicídio precisamos levar em conta a consciência do ato, a intenção. André Luiz, conforme sabemos, foi considerado suicida na 5ida Maior, única e exclusivamente por ter abusado da saúde. Os alcoólatras inveterados, pela imprudência, em que pese as muitas advertências que recebem de familiares, amigos e médicos, estão cometendo suicídio. E tal é válido igualmente para os que exageram no cigarro, na alimentação, etc.

Ao lado, portanto, do carma de ontem, existe o carma de hoje; se muitas faltas resgatamos parceladamente, consoante à Misericórdia Divina, existem aquelas que já trazem em si mesmas as suas funestas consequências imediatas…

O jovem Candinho, preparando-se para saltar num trecho desconhecido do Rio Pardo, deveria ter a precaução de verificar os perigos existentes, porquanto não bastava saber nadar…

Carecemos de ter mais cuidado com a vida, não deixando tudo para que a Espiritualidade Superior providencie. Se a desencarnação chega, mesmo com toda a prudência de nossa parte, aí então, sim: é fatalidade, ou seja, chegou a hora da partida.

O assunto ainda nos leva a examinar os desequilíbrios emocionais que permitimos dominar-nos. Contudo, nos impacientamos, aderimos facilmente à cólera, fulminamos os órgãos mais sensíveis com vibrações envenenadas… Ora, com o tempo, somados todos esses instantes de emoções incendiárias dentro de nós, vem a complicação orgânica irreversível e, consequentemente, a desencarnação; se podíamos viver 80 anos, vivemos apenas 50 anos… Essas pequenas imprudências diárias geram carmas para muito tempo.

“Ajuda-te e o céu te ajudará” — fala o Evangelho. Cuidemos para que não sejamos surpreendidos pela invigilância, retornando ao Mundo Espiritual profundamente decepcionados, como quem se prepara para atravessar um rio caudaloso e só percebe que o barco está furado depois que largou a margem…”


Carlos A. Baccelli

4 — Confesso-lhe que, vendo agravar-se a minha situação, muitas vezes solicitei à morte me beneficiasse com o repouso. — Contou-nos D. Gladys: “Muitas vezes, Candinho chorava e pedia a morte.”

5 — vovô João — João Cândido Cintra, avô paterno, desencarnado em 10/02/1979.

6 — Quando o nosso Saleh chegou ao nosso ambiente espiritual, estava eu nos primeiros dias de melhora — Saleh Gemha, seu cunhado, casado com Maria Lúcia, desencarnou em Ribeirão Preto, a 28/11/1983. Além de cunhados, eram muito amigos, tendo Saleh colaborado bastante na assistência a Candinho, durante sua longa enfermidade.

7 — A Visão de Saleh — Dois dias antes de sua desencarnação, Saleh estava hospitalizado, mas gozava melhoras, mostrando-se lúcido e tranquilo. Pela manhã, ao receber uma visita de sua sogra, D. Gladys, contou-lhe que tivera visões surpreendentes naquela noite, nos seguintes termos: “Nesta noite, Candinho e meu pai não saíram da beira de minha cama.” Como Saleh era muito brincalhão, ela não acreditou e até mesmo o repreendeu por envolver a memória de seu filho e do progenitor (ambos desencarnados) naquela narrativa. O tempo passou. Algumas vezes, D. Gladys lembrou-se do fato, cultivando sempre grande dúvida a respeito. Mas, recentemente, a 8/3/1985, em reunião pública do Grupo Espírita da Prece, na cidade de Uberaba, em diálogo com Chico Xavier, ela recebeu a inesperada informação: — A senhora sabe que Saleh, antes de morrer, viu seu filho Candinho? Foi então que D. Gladys contou a Chico Xavier o “caso” daquela visão de Saleh, que ela não havia acreditado e, até então, totalmente desconhecido do médium… É também digno de nota que no dia seguinte à visão, Saleh apresentou peritonite, gravíssima complicação de seu processo infeccioso, que, em 24 horas, o levou ao óbito. Porém, os Benfeitores Espirituais sabiam da evolução do quadro clínico e já o preparavam, com antecedência, para a despedida do Plano Físico. Eis porque Chico Xavier completou o recado mediúnico (naturalmente, informado por Candinho, que naquela noite escreveu nova carta à sua mãe) dizendo: — Naquele dia, Candinho foi ao encontro de Saleh para ajudá-lo na passagem para a Vida Espiritual.

8 — Meu tratamento aqui na 5ida Maior tem sido vagaroso (…) porque trazemos para cá os obstáculos que criamos contra nós mesmos. (…) Alguns sofrem ainda os traumas da desencarnação violenta (…) luto para refazer os centros do cérebro, — O problema maior de saúde de Candinho, conforme sua carta, é tratar do cérebro perispiritual lesado, consequência do trauma sofrido em vida carnal. Os centros vitais do cérebro são: o centro coronário, instalado na região central do cérebro, sede da mente; e o centro cerebral, contíguo ao coronário, conforme nos elucida André Luiz em seu livro (Francisco C. Xavier e W. Vieira, Ed. FEB, Cap. II, Primeira Parte):

9 — Antônio José, João Francisco, Marco Antônio e Marcelo Fernando — Irmãos.

10 — Padre Euclides — Padre Euclides Gomes Carneiro, desencarnado em 26/1/1945, fundou, em Ribeirão Preto, um asilo para velhinhos, hoje chamado “Padre Euclides”. Esse virtuoso sacerdote também amparou, no Além, Paulo Marcelo Reis Azevedo, segundo carta mediúnica desse jovem ribeirão-pretano, publicada no livro (Francisco C. Xavier, Espíritos Diversos, Hércio M.C. Arantes, Ed. IDE, Cap. 16, Nota 9).

11 — Candinho — Cândido Luiz Cintra, Candinho na intimidade, nascido em Ribeirão Preto, SP, a 10/1/1960, era estudante de Comunicação. O jornal “O Diário” de sua cidade, edição nº 10.935, de 15/7/1984, p. 2, na seção Escreve o Leitor, prestou-lhe expressiva homenagem, transcrevendo, na íntegra, a sua primeira carta mediúnica, com o seguinte preâmbulo: “MENSAGEM DO ALÉM. O autor desta carta, psicografada pelo médium Chico Xavier, foi funcionário deste jornal, muito jovem ainda, iniciando em 1975 até 1982. A pedido de sua mãe, Sra. Gladys, publicamos hoje sua mensagem, na certeza de que lá em cima ele estará feliz e sorrindo, nos confortando e nos protegendo. Ao Candinho, um abraço de todos nós, de O Diário.”


Hércio Arantes


Candinho n
Francisco Cândido Xavier

Temas de estudo doutrinário

Não reclames da Terra

Os seres que partiram…


Olha a planta que volta

Na semente a morrer.


Chora, de vez que o pranto

Purifica a visão.


No entanto, continua

Agindo para o bem.


Lágrima sem revolta

É orvalho de esperança.


A morte é a própria vida

Numa nova edição.


Emmanuel

Hércio Arantes


Relacionamos neste Apêndice os temas abordados nas cartas mediúnicas que compõem este livro, de maior interesse para os estudiosos da Doutrina Espírita, indicando, à frente dos mesmos, os Capítulos correspondentes. — Nota do Organizador.


(Página recebida pelo médium Francisco Cândido Xavier, em reunião pública do Grupo Espírita da Prece, na noite de 10 de outubro de 1978, em Uberaba, MG.)



Emmanuel 
Francisco Cândido Xavier

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Josué 24:15

Porém, se vos parece mal aos vossos olhos servir ao Senhor, escolhei hoje a quem sirvais: se os deuses a quem serviram vossos pais, que estavam dalém do rio, ou os deuses dos amorreus, em cuja terra habitais: porém eu e a minha casa serviremos ao Senhor.

js 24:15
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Hebreus 13:8

Jesus Cristo é o mesmo ontem, e hoje, e eternamente.

hb 13:8
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II Timóteo 1:12

Por cuja causa padeço também isto, mas não me envergonho; porque eu sei em quem tenho crido, e estou certo de que é poderoso para guardar o meu depósito até àquele dia.

2tm 1:12
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