Cartilha da Natureza

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Capítulo LXV

A nuvem


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Céu sereno luminoso,

Entretanto, avulta em cima

Um ponto sombrio e triste —

É a nuvem que se aproxima.


Quem mirar o firmamento,

Descansando a luz do olhar,

De súbito, experimenta

Doloroso mal-estar.


Dilata-se o ponto negro,

Em todo o céu que se altera,

O calor é intolerável

Na pressão da atmosfera.


A planta parece aflita,

Mergulhada em solo ardente.

O vento para . O caminho

Sufoca penosamente.


Vem a nuvem dividida

Em vastíssimos pedaços,

Atritam-se os elementos

Em confusão nos espaços.


Em breve, porém, a chuva,

Em gotas cariciosas,

Mata a sede das raízes,

Lava as pétalas das rosas.


As folhas ganham verdura,

A estrada se modifica,

É a seiva do céu que cai,

Profusa, bondosa e rica.


Aí, reconhecem todos

Que a nuvem, como ninguém,

Sabia trazer, consigo,

A paz, a alegria, o bem.


Assim, a nuvem da vida

Do infortúnio e da desgraça,

Vem sombria e dolorosa,

Chove lágrimas e passa.


Um homem, depois das dores,

É mais lúcido e melhor.

Toda sombra de amargura

Traz consigo um bem maior.




Casimiro Cunha
Francisco Cândido Xavier

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