Cartilha da Natureza
Versão para cópiaA lagarta
A árvore é grande e bela, Mas, na copa que se alteia, Intromete-se a lagarta Escura, disforme e feia. No tronco maravilhoso, Folhas verdes, flores mil… O traço predominante É a nota primaveril. E basta uma só lagarta De minúscula expressão, Por fazer, na árvore toda, Estrago e devastação. De fato, o conjunto verde É nobre, forte e preciso; Mas, em todos os detalhes, Há sinais de prejuízo. A lagarta rastejante, Mostrengo em miniatura, Vai de uma folha a outra folha, Dilacerando a verdura. As flores, embora belas, Perfumosas e garridas, Aparecem deformadas, Nas corolas carcomidas. O passeio da lagarta, Que demora e persevera, Perturba toda a expressão Da filha da primavera. Por mais que enflore e se esforce, A árvore peregrina Trai, aos olhos, a existência Do verme que a contamina. Encontramos na lição, Desse pobre vegetal, O homem culto e bondoso Com o melindre pessoal. Há muitas almas na Terra, De feição nobre e segura, Mas o melindre é a lagarta Que as persegue e desfigura. |
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