Cartilha da Natureza

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Capítulo XCIV

O orvalho


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Se a chuva pode tardar,

Há sempre a bênção do orvalho,

Sustentando a Natureza

No campo do seu trabalho.


Ao termo de cada noite,

Nas auroras coloridas,

Podemos felicitá-lo

Nas ervas agradecidas.


A planta nunca descrê;

Espera, trabalha e dá.

Na luta jamais se esquece

Que o Pai não a esquecerá.


Se o ano é de chuva escassa

Para o bem das produções,

Muitas vezes basta o orvalho

Na força das estações.


Ao seu beijo a terra espera,

A folha volta ao verdor,

A flor ostenta-se em festa,

O dia é renovador.


Nas forças da Natureza,

O orvalho é como o sorriso

Que desce diariamente

Das bênçãos do paraíso.


Seu hálito carinhoso

Ameniza a atmosfera;

No verão mais sufocante

É filho da primavera.


É sempre um fraterno amigo,

Um símbolo de defesa,

Do bem entre as forças várias

Que oprimem a Natureza.


A nós outros, ele ensina,

No efeito de sua ação,

Quanto pode conseguir

A boa disposição.


Sorrisos, calma, bondade,

Prudência, paz, bom humor,

São em tudo o brando orvalho

Da altura do nosso amor.




Casimiro Cunha
Francisco Cândido Xavier

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