Colheita do Bem

Versão para cópia
Capítulo XL

No templo consagrado ao bem


Temas Relacionados:

05/04/1950


Meus caros filhos, Deus abençoe a vocês, conferindo-lhes muita paz aos corações.

Não preciso dizer-lhes do meu contentamento em lhes observando o bem-estar destes dias. Graças a Jesus, completando-nos as antigas esperanças de um santuário, não de paredes frias, mas de serviços ativos aos semelhantes. Todos nós acompanhamos com sincera satisfação a harmonia geral em que se processa o início da nova etapa de trabalho cristão. Nossas preces se uniram às orações de vocês e continuamos rogando a Jesus lhes multiplique os dons de servir. Ontem, no passado remoto, erigíamos construções que nos enobrecessem o nome e a situação social, mas hoje, para a nossa alegria, encontramos a oportunidade de levantar de todos, como quem fixa uma fonte e lhe canaliza as águas para o conforto geral. Creiam que se consumou uma parte muito importante dos nossos compromissos e, hoje, as minhas felicitações mais calorosas são essas — as que lhes endereço com o coração, cumprimentando-os pela dedicação ao bem coletivo. Abençoados sejam todos os trabalhos que precederam à realização, bem-aventuradas todas as lutas que geraram em vocês essa necessidade de comunhão com o Evangelho, necessidade que se origina no mais além da vida humana, reportando-nos ao período de prerenascimento, porque bem sabemos que vocês não procuraram a luz pela dor, mas pelo amor que hoje, para a nossa alegria, consagramos à claridade espiritual que ilumina a existência.

Não teço tal fraseologia estimulante só porque a obra material se haja concretizado, mas, acima de tudo, porque “o acontecimento confere-nos a todos mais amplos motivos de integração na tarefa que a Boa Nova nos concedeu, permitindo-nos erguer com as mãos e com os corações, com os raciocínios e sentimentos, com a virtude e com conhecimento a igreja viva do amor, no imo da própria alma, dentro da qual celebraremos hoje e amanhã a nossa gradativa vitória com o Cristo, nosso Senhor.

Agradeço com toda a alma à nossa querida Maria e à Wanda a docilidade com que me receberam a colaboração. Vê-las pessoalmente, no sentido humanitário do serviço evangélico de Pedro Leopoldo, em nova fase, constituiu para mim indizível felicidade. Tudo na vida é adquirível a preço de esforço e boa vontade, inclusive os próprios dons de ajudar o próximo e as técnicas mediúnicas. Não há limitação para a alma que se armou do desejo de fazer o bem, porque o bem é uma força por trás da qual brilha o poder do Céu. Liguemos o espírito ao suprimento de “Cima” e jamais falharão os recursos.

Eu sei quantos espinhos e quantas pedras estão amontoadas nesse ministério, sob o ponto de vista humano. Para crescermos em semelhante apostolado, é preciso dar tudo de nós mesmos, sem medir a força e o trabalho despendidos. Entretanto, vocês penetraram, ainda no corpo temporário, num domínio que muita gente consegue, dificilmente, depois da própria morte. Acreditem que toda a obrigação real com o Cristo envolve um privilégio que é sempre divino — a prerrogativa de não sermos substituídos com facilidade. É sempre vulgar a movimentação dos valores humanos na experiência comum, mas substituir o companheiro de Jesus que sabe ser útil em todas as circunstâncias, que ajuda por amor e aclimata-se ao esforço do bem com a naturalidade de quem respira é providência quase inexequível na Terra.

Guardem, pois, a certeza de que desfrutam um privilégio auxiliando a todos com o espírito situado nos mananciais da vida superior. Estou realmente satisfeito e hoje sei que estarão substancialmente juntos no santuário espiritual da cura, onde estiverem. Vejo que o nosso ideal tomou corpo e gradativamente alcança realizações que, há dez anos, mal poderíamos imaginar.

Amparando os necessitados e os doentes, com o ensino da revelação do Reino de Deus, permaneceremos em sintonia com o Cristo e esse, filhos do meu coração, é o maior triunfo que lhes posso almejar.

Na Terra reconhecemos sempre que tudo se submete ao sopro das transformações necessárias e renovadoras. Ninguém pode lançar alicerces demasiado profundos no solo das convenções humanas, ainda mesmo quando somos os legítimos donatários de patrimônios consideráveis da riqueza terrestre, mas essa edificação que vocês passaram a colocar juntos, no espírito imorredouro, é a posse fiel e inalienável dos “talentos” recebidos na 5ida Maior. Enquanto a criatura dá recursos extrínsecos à sua personalidade, distribuindo bens exteriores à sua própria economia espiritual, é um louvável mordomo do Senhor. Todavia, quando dá o que lhe pertence na carne e no sangue, no tempo e no espaço, no sacrifício e no suor, na saúde e no bem-estar, na dificuldade ou no equilíbrio, é o herdeiro de Deus entrando na posse do tesouro que, por direito, lhe cabe no Universo. Na primeira condição, somos “protegidos”; na segunda, passamos a “proteger” em nome do Altíssimo. Em uma, somos depositários ou servidores; na outra, somos cooperadores e filhos do divino Lar. Que Deus abençoe a vocês nessa nova jornada é o que desejo com todo o meu coração.

Trabalhem e ajudem, e observarão os resultados como sempre! Espero que Wanda consiga progredir sempre mais na psicografia. Daqui a alguns meses tentarei escrever por seu intermédio, em agradável serviço de extensão do nosso intercâmbio. Peço a ela não se preocupar com os “mecanismos”. Mecanismo é sempre algo da máquina. E como a máquina no caso mediúnico é o corpo físico mais vale atentar o medianeiro da Espiritualidade para o pensamento. Pode assinar o nome de nossa amiga Ottília, sem escrúpulos, o que ainda não foi efetuado em razão de sua própria resistência passiva.

Difundamos a ideia cristã, servindo-a cada vez mais. Esse é o mais belo programa da permanência na Terra, porque as plataformas do mundo, veneráveis, aliás, pelos bens que instituem nos setores do progresso, sempre encontram legiões e mais legiões de servidores pagos, sempre atentos ao salário e menos vigilantes no serviço, ao passo que a sementeira e a seara do Cristo ainda contam com inúmeros claros, pela glória oculta de que se revestem, nas quais escasseia a recompensa humana para que haja substanciosa colheita na vida espiritual — isto é, na vida íntima e pessoal com riquezas e compensações intransferíveis.

Boa noite para vocês todos, e desejando-lhes muita paz e saúde no desempenho de nossas obrigações edificantes de sempre deixa-lhes um apertado abraço o papai muito afetuoso e amigo de todos os dias,




Nota da organizadora: Concluídas as obras da nova sede do Centro Espírita Luiz Gonzaga, Arthur Joviano sugeriu que Maria e Wanda também comparecessem às reuniões de terças e sextas-feiras à noite, as quais Rômulo já frequentava. A sugestão foi plenamente aceita.



A. .Joviano
Francisco Cândido Xavier

Este texto está incorreto?