Colheita do Bem

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Capítulo LVIII

Quem dá recebe sempre


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20/09/1950


Meus caros filhos, Deus abençoe a vocês todos, conferindo-lhes muita saúde, paz e alegria aos corações.

Meu caro Rômulo, nunca será demais encorajá-lo nos serviços magnéticos de cura. Assim é que me sinto contente registrando a eficiência do seu esforço. Não pense que as lutas íntimas de um trabalhador da sua categoria signifiquem provocações, segundo a concepção vulgar. Não é isso. Há situações na experiência humana em que certos desligamentos se tornam indispensáveis. O Espírito que vai crescendo com os dias cresce, como é natural, e o espaço de vida mental na Terra se faz cada vez mais estreito. Por outro lado, você não pode esquecer que doando as próprias forças, a começar de sua administração até o mínimo serviço de fraternidade em favor dos doentes e necessitados, o seu clima interior difere substancialmente, segundo a marcha do tempo. e você está, invariavelmente, sob novos suprimentos. Nessas injunções da tarefa, o seu coração é obrigado a seguir para diante, no esforço, na renovação dos conceitos e na aquisição de conhecimentos novos e daí esse impositivo de ajustamento aos quadros da luta. Nesse passo avançado de serviço, é indubitável que o servidor caminhe quase só. Ângulos existem no trabalho que somente ele vê e vozes que apenas repercutem nos seus ouvidos. O campo da atividade espiritual é um infinito para cada missionário que se dispõe a transitar por suas paisagens e caminhos servindo sempre. Nos últimos tempos, as suas meditações são mais seguras. Embora o serviço se constitua de benefícios e vantagens para todos, a sua ação se mostra mais independente e mais clara, porque no imediatismo da luta assistencial, vendo-se mais só com a sua tarefa, você pode apreender o socorro do Alto com a segurança precisa e agir com maior liberdade. Abra, pois, o seu espírito a todas as vibrações do ambiente em que vive, depositando nessas vibrações a essência dos seus bons pensamentos, de suas boas intenções e de suas elevadas esperanças. Quando Adão se projetou do Paraíso para o mundo, na expressiva simbologia bíblica, julgou o Senhor não fosse aconselhável estivesse ele só e rodeou-o de companhias. No entanto, quando Jesus foi içado da Terra ao Paraíso, determinou o Senhor que ele seguisse sozinho. Refiro-me à imagem para externar de algum modo a nossa necessidade de otimismo e bom-ânimo em todos os problemas que a arena humana nos oferece. Creia que as suas reflexões do silêncio lhe fazem grande bem e você vem realizando o bom trabalho de autorreestruturação, que no fundo é o maior serviço de uma reencarnação. A senda do meio em todas as jornadas é indiscutivelmente a melhor. Nem muito à direita, porque somos ameaçados de afirmar o que não é justo, e nem muito à esquerda, onde, habitualmente, somos constrangidos a negar com injustiça. Somos chamados a servir. Haja em nossos corações a alegria de executar as boas obras, prestando os melhores serviços que somos suscetíveis de desenvolver em qualquer circunstância. Fora disso é a nossa inclinação a conflitos interiores, que apenas servem por desintegradores de nossas oportunidades de construção do reino superior em nós e fora de nós. O que posso afiançar a você é que o seu poder de ajudar, consolar e curar vai-se fazendo mais alto e mais positivo, à medida que o seu esforço pessoal íntimo e silencioso de adaptação aos desígnios divinos se revela mais claro e mais constante. Jesus multiplique as suas energias nesse cometimento. Você está entesourando uma fortuna, cuja extensão e grandeza não verá com os olhos físicos agora, mas sentirá com a sua visão profunda e real, que jaz nas intimidades do nosso próprio ser.

Com referência ao trabalho de nossa irmã Ottília, por intermédio de nossa querida Wanda, o roteiro que vocês traçaram resulta de nosso entendimento. Antes de tudo, ponhamos a contribuição nas mãos dos nossos amigos do Rio, encarregados da divulgação do livro evangélico, sob as diretrizes dos benfeitores que nos orientam a grande causa no país e caso surja alguma dificuldade voltemo-nos para São Paulo, e se ainda aí algum obstáculo surgir, com que não contamos presentemente, as portas da publicação não permanecem cerradas e poderemos então cogitar do lançamento do trabalho em moldes livres dentro do mesmo espírito de beneficência nas bases do amor. O que não desejamos é qualquer nota de sentimento ofendido da nossa parte, na hipótese de qualquer óbice inesperado, porque as ideias de amargura ou contrariedade geram desconfiança e tristeza, em cujas irradiações temos dificuldade de estabelecer novos rebentos de luz e fraternidade, alegria e bom-ânimo.

Vocês não imaginam quanto é difícil a nossa manifestação edificante, quando sobrevém qualquer exteriorização de mágoas em nossa fonte de intercâmbio, cujas águas cristalinas devem correr natural e livremente. Quando nós instalamos a mágoa dentro de nós, temos, obrigatoriamente, de identificar a causa em outras pessoas e nessa lacuna da obra inteiriça do Evangelho, que cabe aos Espíritos amigos realizar, há como que um emaranhamento nos fios de nossa ligação e falta espontaneidade no serviço, que deve basear-se na maior alegria e entusiasmo possíveis. Reporto-me a essas considerações porque temos nas mãos a primeira dádiva das forças mediúnicas de Wanda a benefício do progresso mental coletivo. Quem diz “progresso mental coletivo” diz humanidade. Cerquemos o acontecimento de paz e confiança em nós mesmos, porque vemos inúmeros médiuns por aí à maneira de embarcações avariadas no porto e cujas possibilidades preciosas se perdem rápida ou morosamente pelo assédio da ferrugem ou da desintegração. Seja qual for o norte que Wanda vier a imprimir ao seu destino, com a assistência carinhosa de vocês, é muito de nosso desejo que ela continue nesse abençoado serviço à humanidade. Em qualquer situação, o médium de qualquer espécie, seja na orientação ou na cura, no alívio ou na sementeira de fé, pode edificar muito e preparar glorioso porvir na vida real. Avancemos para a frente, servindo e auxiliando, porque nessa diretriz alcançaremos a graça daqueles que nos dão sempre mais do que damos e o nosso navio poderá singrar as águas do mar humano como luz acesa a benefício de todos os viajantes.

Avisamos à nossa prezada Maria que estamos prestando à sua saúde a assistência de sempre e com respeito aos nossos peço a vocês guardem sempre no coração a disposição de ajudar com a prece e com a afetividade sempre que se mostrem suscetíveis de receber-nos com as mesmas disposições. Que Jesus nos acolha a prece de harmonia e esperança, amparando-nos a todos.

Peço a você, meu caro Rômulo, usar por alguns dias (oito) o Lachesis e o Rododendro. Serão bons elementos para o seu equilíbrio orgânico.

Desejando-lhes muita paz e alegria, reúne-os num grande abraço o papai muito amigo de sempre,




A. .Joviano
Francisco Cândido Xavier

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