Maria Dolores

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Capítulo XXXIV

Notícia de Deus


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Vimos a Caridade

Um anjo a visitar antiga furna…

Irradiava amor

E, dissipando, em torno, a escuridão noturna,

Fitava o Céu, dizendo ao Supremo Senhor!


— Agradeço, meu Deus, as almas escondidas,

No espinheiral do sofrimento

Que me deste a zelar,

Os corações sem sol, as derradeiras vidas

Nas fileiras da prova, aos arrancos do vento,

Que avançam sem destino, à distância do lar!…


Agradeço o trabalho entre os irmãos do mundo,

Que endereças-te a mim, quando rolaram fundo

Nos precipícios da desilusão…

Porque aprendo com eles quando dói,

A loucura da inércia que destrói

Tudo o que prestigia o coração!…


Agradeço os enfermos das calçadas,

As mães sozinhas e desamparadas,

Em constante aflição para sobreviver,

As crianças sem rumo e os pedintes sem nome,

A imensa multidão que a penúria consome,

Para a qual a existência é sempre o anoitecer…


Agradeço-te, oh! Pai, os braços de carinho

Que me puseste no caminho,

Que se olvidam no bem — no bem que não se cansa —

Que me apoiam a luta dia a dia,

Transformando-se em luz para a noite sombria

Em que devo espalhar reconforto e esperança…


Sê louvado, meu Deus, pelos talentos nobres

Da Ciência e da Arte em que te cobres

Para que o mundo cinja o esplendor estelar!…

Mas perante a amplidão da Grandeza Celeste,

Sê bendito, Senhor, porque me deste

A dor da Terra para minorar!…


Nisso, ouvimos alguém de próxima choupana…

Era triste mulher na cruz da prova humana,

A suplicar, em prece, alívio e proteção!…

Calou-se a Caridade e abeirando-se dela,

Envolveu a doente em luz serena e bela,

Dando-lhe paz e fé nas bênçãos da oração…


De imediato,

A dor fez-se esquecida E entendemos então

Com reverência enternecida,

— Nós que também buscamos

Apoio em devotados cireneus,

Que a Caridade é sempre em nossa vida,

A notícia real da presença de Deus.




Maria Dolores
Francisco Cândido Xavier

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