O Espírito de Cornélio Pires

Versão para cópia
Capítulo XIX
Ilustração tribal

Noventa cruzeiros


Temas Relacionados:

Toc, toc… vai lá Adão Passoca

— Coronel da fazenda enorme e rica —,

Vai cobrar uma conta da botica

À pobre cozinheira Nhá Candoca.


A velhinha, deitada na maloca,

Pede prazo mais longo… Chora e explica.

Sente febre, tem fome, sua em bica,

Almoça e janta milho de pipoca…


O Coronel nervoso ergue o cajado,

Esbraveja mostrando o punho irado

E, a expulsá-la da choça, espuma e berra.


Mas de tanto gritar, rude e mordente,

Por noventa cruzeiros simplesmente,

Cai fulminado e roxo sobre a terra.


Ninguém consegue alterar

A força deste preceito:

Quem mal começa o que faz

Nunca termina direito.


Caridade que deseje

Transformar-se em vida sã,

Se tem auxílio que dar

Não deixe para amanhã.


Felicidade reclama

Que o homem faça direito

Não aquilo que se quer

Mas o que deve ser feito.




[As poesias destacadas com o texto em cor diversa do negro são devidas à psicografia de Francisco Cândido Xavier, e as outras à de Waldo Vieira.]



Cornélio Pires
Francisco Cândido Xavier

Este texto está incorreto?