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Capítulo XVI

O esquecimento


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O companheiro recém-desencarnado, após o natural período de refazimento que se segue à liberação do corpo físico, analisava as suas próprias condições no Mundo Espiritual.

Havia militado no Espiritismo. Orador fluente, arrebanhara corações para a fé. Escrevera artigos substanciosos. Possuíra vasta biblioteca. Polemizara em defesa da Causa. Fizera-se admirado e aplaudido por muitos.

No entanto, experimentava agora certa angústia e uma estranha sensação de vazio impreenchível na alma…

É verdade que não se considerava um fracassado, de vez que colaborara ativamente na propagação da Doutrina, mas sentia que algo importante lhe faltava por dentro de si mesmo.

Deliberou, então, solicitar a conhecido Benfeitor da Vida Maior que lhe auxiliasse a entender o seu caso.

Depois de ouvi-lo com paciência e carinho, qual se já lhe conhecesse de velho as lutas na existência terrestre, o Instrutor esclareceu.

— Filho, não resta dúvida de que, até certo ponto, soubeste aproveitar a parcela de tempo que a Misericórdia Divina te concedeu na última romagem pelo mundo, mas não podemos negar que se não fosse, digamos, por um esquecimento de tua parte, estarias agora, com a aprovação da consciência, desfrutando de uma situação mais favorável aos teus anseios…

— Diga-me, por favor, de que foi que me esqueci assim que tanta falta me faz? — indagou o amigo vertendo lágrimas copiosas.

— O esquecimento a que nos referimos, infelizmente, é o esquecimento da maioria dos homens que se consagram na Terra aos assuntos teóricos da religião… Esqueceste, meu filho, de manter contato direto e diário com a dor do próximo, distanciando da caridade o concurso insubstituível de tuas próprias mãos!…




(Psicografia de Carlos A. Baccelli)



Hilário Silva
Francisco Cândido Xavier

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