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Capítulo IX

Na santa e eterna juventude do bem infinito


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Mensagem recebida em 3 de maio de 1951.


Meu querido Ricardo. Que Jesus nos abençoe e nos ilumine na caminhada para a frente.

Mais um aniversário feliz nos trás o mês de maio e osculando o seu coração carinhoso, rogo ao nosso Divino Mestre converta os seus dias de trabalho cristão em primaveras de estrelas, com que brilhem todos os seus passos.

Também lastimo, quanto você, a perda de nossos melhores anos na carne. A mocidade física nem sempre sabe enxergar a verdade e compreendê-la, ainda mesmo quando a fé viva esteja plantada em nosso coração.

Sugestões variadas nos afastam dos interesses maiores da vida e despendemos dias sem conta na colheita de flores inúteis ou procurando o ouro pesado da satisfação passageira no cascalho das ilusões. E julgamos, meu inesquecível companheiro, que é preciso agasalhar o futuro sob o dourado teto das possibilidades efêmeras da luta material, criando, muitas vezes, embaraços e padecimentos para aqueles que mais amamos…

O tempo, contudo, é o doador da compaixão divina e na sua passagem incessante nos despoja de todos os enganos, ajudando-nos a retificar as apreciações, em torno do caminho que percorremos. Então, descerra-se a realidade para nós, edificante e sublime, auxiliando-nos a entender as lições que o mundo nos oferece.

Passamos a observar, desse modo, que, na maioria das vezes, a alegria é véspera da dor, a felicidade é introdução ao sofrimento e a vitória fácil, o roteiro de acesso à derrota real de nossa alma…

É, por isso, que hoje os nossos aniversários são mais iluminados e mais belos. Nem bolos de fantasia nem regozijos mentirosos, mas sim, confiança renovada e fortaleza de ânimo para a nossa ascensão.

Graças a Deus, meu Ricardo, buscamos agora surpreender as nossas obrigações e cumpri-las. De mãos dadas, além da sombra e da morte, avançamos juntos para os cimos da união imortal. Presentemente, não ignoramos a nossa necessidade de ajudar e socorrer. Creia que não há encontros casuais, nem acontecimentos sem significação. Nossa oportunidade de reajustar para o bem é efetivamente divina. Você está colocado no meio de circunstâncias que favorecem a sua ação salvadora, no Círculo dos encarnados e, de minha parte, vejo-me situada na senda do auxílio. Distribui você as alegrias do Senhor com as mãos e vou espalhando, por minha vez, os dons que o Mestre me confiou, usando o coração.

Quanto me é possível, conduzo ao nosso ambiente de orações velhos inimigos do passado que precisamos transformar em companheiros da tarefa que o Céu nos delegou. Procedem de vários setores de nossas experiências do pretérito. Almas caídas, quanto já fomos, Espíritos perturbados nas mesmas dificuldades que já vencemos, por mercê da Bondade Celestial, esperam por nossos braços e por nossas orações.

E enquanto vou trabalhando nesse novo campo de reajuste, você reencontra antigos laços de nossas existências transcorridas, espargindo a caridade e a paz, o bom ânimo e a luz, em nome do Mestre que nos acolheu em seu manto de amor. Não desfaleçamos. Há, sempre, mais por fazer, quando descobrimos a extensão de nossas necessidades para com Deus. As gotas de agora converter-se-ão em rio de bênçãos, como acontece com as sementes lançadas ao solo fértil.

Façamos o possível e Nosso Pai executará o resto. Ajudemos com o “pouco” de nossa colaboração e o Céu nos concederá o “muito” de sua infinita misericórdia. O essencial, meu querido Ricardo, é aprender a servir sem desânimo. Realizando a segurança e o contentamento para os outros, construímos a nossa própria felicidade.

Há um grande mistério na dádiva de qualquer natureza. Dando de nós mesmos, crescemos cada vez mais. Sacrificando-nos, atingimos a redenção em outros climas, onde a luz é mais bela e a vida mais feliz.

Nunca admita que o tempo conta amarguras, desencantos, tristeza ou velhice. A inutilidade só existe para aqueles que nela depositam a sua fé.

A alma pode superar todos os obstáculos e ultrapassá-los, conservando-se, desde a Terra, na santa e eterna juventude do bem infinito. Nessa atmosfera abençoada de entusiasmo, diante de nossa boa luta, desejo ver você respirando sempre a harmonia e o júbilo que nascem de nossos deveres bem cumpridos.

À frente, pois, do novo natalício, ofereço a você os meus melhores pensamentos de carinho e de amor. Siga para diante, arrimando-se ao bastão da caridade. Nem sempre podemos cultivar os valores intelectuais, de uma hora para outra, porque o verbalismo falado ou escrito é condição, fundamental para vestir a cultura na Terra, mas todos os dias podem ser consagrados à caridade. Ela é a sublime virtude, cujos pés tocam o mundo e cujas asas alcançam o Trono de Deus. Ampara bons e maus, justos e injustos, felizes e infelizes, alegres e tristes, moços e velhos, ricos e pobres, crianças venturosas e velhinhos infortunados. Tudo no Universo pede amor, e amor, Ricardo, é caridade na expressão mais simples. Assim, pois, uma coroa peço ao Alto para a sua fronte de batalhador da renovação espiritual, essa auréola é a da fraternidade verdadeira que deve reinar em nossas vidas.

Um dia, cessada a luta no Plano mais denso, compreenderá você, em minha companhia, a grandeza do ato de dar, amparando em nome de Jesus que tudo nos concede a benefício de nossa elevação e aperfeiçoamento.

Espero que a permanência nas águas do Araxá tragam grande bem à sua saúde nas características gerais. Realmente, você está precisando de alguns dias naquela estância curativa, mesmo em favor de sua resistência muscular. Esteja certo de que acompanharei seus passos e permanecerei ao seu lado.

Jesus nos abençoe. Nossa Olga continuará em minhas preces. Deus ampare nossos filhinhos queridos, encaminhando-os, gradativamente para os altos objetivos da vida superior. Guarde a convicção de que nós dois estamos invariavelmente juntos. A comunhão inalterável pertence à alma e não ao corpo e, sabemos hoje, para nossa felicidade, que a nossa integração em Jesus é o nosso tesouro maior.

Meu abraço à nossa Maria, e deixando-lhe o meu infinito carinho de companheira que não o esquece, peço a você recebei todo o coração afetuoso e reconhecido da sua, sempre sua




Candóca
Francisco Cândido Xavier

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